domingo, 29 de abril de 2018

Procissão


Um disco inesperado este Gahvoreh (Transmedia; 1988) de António Emiliano, músico e académico, para um bailado do luso-iraniano Gagik Ismailian na Gulbenkian. Que existam peças destas não seria de admirar mas editadas é que é inesperado. New Age manhoso, com travos de Rão Kyao, mistura música persa com sintetizadores, eis uma espécie de Dead Can Dance mais oriental que ocidental. É um LP instrumental que deixa a dúvida entre a beleza, o kitsch e o insuportável, ainda assim é bom saber que em 1988 nem tudo neste país atrasado era só GNR ou Xutos... Claro que isto passou-me ao lado quando era puto e descobri recentemente na Megastore by Largo, no Intendente.

sábado, 28 de abril de 2018

Um mundo melhor


O Alan Moore reciclou o "smile" que depois foi adoptado pela cultura Rave e tornou-se no ícone do Techno e do Ácido. O mesmo fez das máscaras do Guy Fawkes o novo ícone pseudo-anarquista / hacker / anti-globalização. Será o único autor de BD que contribuiu para um mundo melhor? [Eu não escrevi isso! Fui hackado de certeza!!]
Há o Richard McGuire, um grande ilustrador que por acaso fez uma BD seminal em 1989, "Here" na revista Raw - esqueçam a sua "graphic novel" homónima, mero exercício de estilo inútil e desinspirado. Claro que a BD percorreu apenas quem se interessa pela BD à séria, por isso não foi através dessa BD que ele influenciou meio-mundo - embora é certo que o "Here" por ser uma ruptura formal fez muitas cabeças pensarem no assunto e usarem o ensinamento noutras obras. Mas foi através da música dos seus Liquid Liquid, onde era baixista, que ele deixou marca da grande.
Ouvir o tema Optimo é ouvir o Querelle dos Pop Dell Arte, Bellhead também lembra algo nos Pop Dell Arte, o baixo de The Cavern foi samplado por sabe-se lá quantas bandas de Hip Hop e outras, logo a começar pelo Grandmasterflash and the Furious Five - no tema White Lines - que deu azo a processos  judiciais entre editoras - a mafiosa Sugarhill dos rappers contra a 99 Records que editava a No Wave nova-iorquina. A 99 perdeu dinheiro e foi-se uma editora que apostou em todo um novo universo sonoro.
O CD Slip In And Out Of Phenomenon (Domino; 2008) reúne a discografia inteira da banda, mesmo quando antes se chamavam Liquid Idiot, o que se resume a uns três EPs, entre 1981 e 1983, mais uns extras e raridades. Baixo pulsante, poliritmia, gritinhos & guinchos (nos anos 80 o pessoal guinchava e gritava muito), Rock mais perto da dança Funk e do Dub, os Liquid Liquid tiveram uma carreira fora do normal. Mais ou menos ignorados pelo grande público enquanto existiam, tiveram réplicas ao longo dos tempos, do Hip Hop aos LCD Soundsystem, dos Pop Dell'Arte aos "ringtones", enfim muita coisa não existiria sem esta banda e o baixo de McGuire...

sábado, 21 de abril de 2018

5 IPM


Punks leitores? A falar com Senhoras? É um mundo em mutação? É o que parece...

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Mesmo a tempo


Antes dos Sleaford Mods serem conhecidos houve os Von Südenfed - ou seja o recém-falecido Mark E. Smith (1957-2018) com os Mouse On Mars - num disco intitulado Tromatic Reflexxions (Domino; 2007). Um disco estranho sobretudo quando Smith era conhecido por desdenhar a música electrónica de "Clubing"- ainda assim, anos antes ele tinha feito uma participação com Ghostigital mas não lhe chamaria de "Clubing". O que dizer deste disco? Simples soa ao maluquinho da aldeia que pegou no microfone da festa enquanto o DJ Ride punha som. E não vale a pensa fantasiar que isso poderia ser interessante...