terça-feira, 29 de novembro de 2016

Farrajota, narração gráfica off-the-road; uma conversa


Conversa entre Marcos Farrajota, André Pereira, Gonçalo Pena e quem aparecer sobre o todo-o-terreno das publicações gráficas alternativas. A inscrita para além da escrita.
No BAR IRREAL, às 21h30

sábado, 26 de novembro de 2016

Jon Savage & Stuart Baker: "Punk 45: The Singles Cover Art of Punk 1976-80" (Souljazz; 2013)

Livro de mesa de café (ou será de chá uma vez que é britânico?) que compila uma selecção de capas de singles e EPs de 7" do Punk entre 1976 e 1980. Quem o faz e escreve sabe do que fala e como tal uma série de peças raras são aqui reunidas para deleite de todos. A restrição a discos do formato 7" deve-se ao facto de haver uma numerologia cripo-esotérica ao Punk. 1977 foi o ano do Punk, não a sua criação mas o seu auge, e os discos de 7" eram o médium favorito para quem aprendeu "os três acordes e agora faz uma banda" (e grava um disco). O livro lavra o que é preciso saber sobre o punk e as suas origens.

O maior choque é só agora aperceber-me que o Punk sempre teve um fetichismo pelo coleccionismo, algo que pensava que só teria acontecido mais tarde após uma geração aburguesada... mas não, desde do inicio que se falam de edições limitadas, de vinis coloridos e outros exercícios mercantis manhosos que repudio. Não admira que se diga que o Punk salvou a indústria fonográfica da crise, essa mesmo que queriam destruir...

Visualmente mostra duas ou três coisas, uma é sem dúvida o visual das capas dos discos que é empobrecido pelos orçamentos DIY mas que em compensação acabam por ser mais ricas em força gráfica. Basta dois exemplos tão díspares como a capa dos Offs que trazem a violência para este mundo puro e virginal dos vinis ou uma dos The Special A.K.A. a mostrarem a sua audiência 8uma troca de papeis interessante), para se perceber as novas potencialidades de comunicação que as capas trouxeram. No entanto, pela fragilidade destes objectos tão simples é também imediato perceber-se quem queria ser "boys band" do rock mantendo capas de fotografias da banda e quem queria fazer manifesto e agitação com capas com outro tipo de mensagens - e daí os Sex Pistols (inconscientemente) e os Crass (conscientemente) terem sido os mestres do complicado triângulo música-grafismo-politica.

Por fim, é sempre de referir os quatro singles que davam instruções de como era fácil fazer um disco: a estreia dos The Desperate Bicycles (1977) a gravar os dois temas e acabar por dizerem "it was easy, it was cheap - go and do it!",  no segundo single tem um dos melhores títulos de sempre, The Medium was Tedium e cantam em Don't Back the Front: "cut it, press it, distribute it / Xerox music's here at last". A seguir temos o single Being boiled (1978) dos Human League a admitirem o custo de 2,50 libras para gravar o disco (o valor da k7 para onde gravaram?) e por fim o icónico (ou deveria ser) Work In Progress 2nd Peel Session (de 1978) dos Scritti Politti com um orçamento mais exacto de como editar um single... Com estes gestos começa todo um novo mundo, se calhar este livro é o "Génesis" da Bíblia Punk, não?

sábado, 19 de novembro de 2016

CIA info 86.5


Nova BD minha, para o número 6 do fanzine Preto no Branco, a sair este a 19 de Novembro no Terraço da ZDB, a partir das 22h,..

Apareçam também para um drink, uma dança, uma conversa, uma fatia de bolo (classic)! A música vai estar a cargo da dupla de Disk Jockeys mais disfuncionais da cidade: unDJ MMMNNNRRRG e DJ Watteau. Os artistas que aceitaram gentilmente participar neste fanzine são: Ana Braga, Andreia César, Bruno Silva, Catarina Domingues, Catarina Figueiredo Cardoso, Conxita Herrero, Francisco Domingues, Isabel Baraona, Márcio Matos, Marcos Farrajota, Maria Condado, Marta Castelo, Marta Moreria, Mattia Denisse, Sílvia Prudêncio, Sofia Gomes e Tiago Baptista.

domingo, 13 de novembro de 2016

Outros tempos...

Lolita Storm: Girls Fucking Shit Up (DHR; 2000)

Se há coisa fantástica nos Atari Teenage Riot é que passados estes anos todos, pode-se ver neles uma importância extra-musical tão importante como a dos Crass. Mais do que música e contestação política, significaram acção em várias frentes. Uma delas e talvez uma das mais importantes terá sido impulsionar mulheres a fazerem Digital Hardcore, género punk na cultura Rave, ou seja, não ter limites da abordagem sonora e sobretudo ter uma posição anarco e anti-sistema.

No meio de meia-dúzia de projectos editados pelos Atari nos seus tempos dourados (anos 90) encontra-se este/a/s Lolita Storm, três gajas e um gajo da ilha britânica, que soam a Ramones tocado em Drum'n'Bass. Faixas que nunca ultrapassam os 2 minutos são básicas, auto-repetitivas e previsiveis após ouvirmos três músicas. Parece também um coro de "cheerleaders" que snifaram buéda coca no balneário. Passado 16 anos chega a roçar o rídiculo mas acredito que era feito com graça e fé.

Resta saber o que foi feitas desta malta, aposto que uma vende aspiradores para limpar ácaros, outra é directora de recursos humanos da Starbucks e assim por adiante... vai uma aposta?