sexta-feira, 1 de abril de 2016

Cagufa da Revolução



The Last Poets (Celluloid; 1984 - orig. Douglas, 1970)

Recentemente escrevia sobre uma antologia de BD de um autor queer e dizia que o que gostava no trabalho desse autor era que ele não tinha um discurso só para a sua comunidade diferenciada e que alguns sentimentos das suas BDs seriam universais para qualquer ser humano. Os oprimidos podem ter a cor de pele ou outra coisa qualquer que os faz serem reprimidos pelo "Velho Branco Europeu" mas é bom que o discurso do reprimido seja entendido por outros reprimidos.
Estes vovôs do Hip Hop tinham A Fúria contra a miséria que o negro era submetido nos EUA. The Last Poets com três vozes e uns batuques fazem mais barulho contestário que qualquer banda de Grindcore.
Stop! Escrevi "era submetido"?
Sim "era"... desde os anos 70 que passou a haver uma classe média de população negra norte-americana, até mais do que isso, passou haver ricos e até elegeu-se um Presidente inútil duas vezes. Pelo caminho continuam haver milhares de miseráveis. Negros. Ameríndios. Brancos (o racismo do capitalismo: o "white trash"). Outras etnias.
Ouvir  em 2016 os The Last Poets por mais que se dirigam a uma comunidade negra nos finais dos anos 60 fazem ainda todo o sentido ouví-los mesmo sendo eu branco, português e hetereossexual (o típico repressor!). O que eles gritavam em 1970 tem ainda A Força. A Mensagem deles pode ser absorvida/adaptada para qualquer outra situação de quem vive vítima sobre a marcha incontrolada do Capitalismo brutal (todos nós, quer queiramos quer não). Dizem eles nos seus recitais que os "niggers" gostam de anúncios de publicidade ou que "niggers" tem medo da revolução, substituam "branquela" invés de "niggers" e o significado é o mesmo. Os brancos daqui da esquina embrigados por futebol, roupa e Kuduro? Uma miséria idêntica a de 50 anos no Harlem, a diferença é que os poetas 'tugas são todos uns meninos.

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