domingo, 22 de junho de 2014

Feira de atrocidades



Mão Morta : Pesadelos em Peluche (Universal; 2010)

Como fã desta banda não há nada pior quando eles fazem um álbum "alegre", ou mais correctamente, um álbum subversivo, ou seja, em que a banda coloca um bocado de mel à superfície para depois as letras do Adolfo Luxúria Canibal darem dentadas nos cérebros dos ouvintes.
Usando as pulsões eróticas e mórbidas do "romance" Atrocity Exhibition, uma obra-prima do Ballard, para questionar os comportamentos do homem moderno, este disco está entre o disco de 1998 - Há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável - de influência Situacionista e provavelmente com o recente Pelo meu relógio são horas de matar, a julgar pelo tema de apresentação, não tendo ainda ouvido o disco inteiro. Fica entre eles por causa das críticas sociais que embarcam mas também pelas sonoridades Pop que propagam.
A banda é capaz de fazer de tudo como bem sabemos do seu passado, desde o Rock abrasivo típico da banda, passando por Fado (canibal!), House, Death Metal, Funk e o que for preciso. Neste disco abraçam as linhas contemporâneas do Pop/Rock: o retro-ronhônhô Garage, post-metal eternamente redundante, Rock cristão à FlorCaveira, synth-Pop xunguita, Rock Gótico insuportável (com a ajuda do Fernando Ribeiro, claro está!), enfim, um catálogo do pior que se fez neste milénio e que a banda, sem medos e pernas às cotas, abraça com os braços bem abertos para gozar (?) com o triste panorama musical português - o último tema Tiago Capitão não profetiza as dezenas de bandas portuguesas que se chamam Capitão Qualquer-Coisa? Até o facto de o disco ser da multinacional Universal parece intencional invés de uma coincidência cósmica.
Dentro do espectro Rock português os Mão Morta são impossíveis de bater, até se podem se dar ao luxo de fazer um falso álbum Pop como este. Para um fã das trevas este álbum é chato e quando se olha para o "artwork" do disco ainda menos vontade dá de se ouvir - o grafismo pobre parece mesmo feito por incompetentes gráficos de uma editora como a Universal. Acho que vou gravar para k7 apenas alguns dos temas e despachar o CD! Vai ser complicado escolher os temas...

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Street Art from Lisbon



Como a habitação em Lisboa continua a ser um problema disfarça-se com "arte urbana" os edíficios vergonhosamente abandonados. Esta intervenção foi pelo pelo Cabrita Reis com os Gémeos do Brasil, ali para S. Lázaro. Apesar da hipocrisia da "arte urbana" admito que esta está muita bem feita!!! Parece quase real!!!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

John Higgs : "The KLF: Chaos, Magic and the Band who Burned a Million Pounds" (Phoenix; 2013)

Porque raios os livros mais "cool" têm todos uma capa amarela? Esta pergunta poderia desencadear uma teoria da conspiração qualquer e no fundo é o que este livro faz - inventa uma conspiração qualquer com uma banda com um historial bastante bizarro. Eu sempre achei estranho gostar tanto dos KLF e este livro acaba por justificar o meu interesse pela banda porque quem poderia gostar tanto da seua música tão medíocre? O que a banda fez, segundo este livro, é o que os Dada, Situacionistas e os Sex Pistols fizeram no passado, modificaram misticamente o rumo da Humanidade como defendeu Greil Marcus no excelente Marcas de Baton. Os KLF ao queimarem um milhão de Libras no dia 23 de Agosto de 1994 fizeram Magia e preparam-nos para uma (esta) crise em que o dinheiro deixará de ter valor! Pelo meio Higgs mete uma sincronia com os nomes já referidos e as ideias de Robert Anton Wilson, Alan Moore e ainda a série de TV Dr. Who. Um livro loony, um succedâneo do Marcas de Baton que não deixa de ser divertido de ler na sua leviandade intelectual.
As férias estão aí, para quem acredita em literatura "light" para quando se está a apanhar com ultravioletas e outros cancros, este é o livro! A questão será quando voltar para o escritório... e se a teoria de Higgs estiver certa? E se os KLF foderam mesmo com todo o nosso guito? Como é que isto vai ser na rentrée??? Estas poderão ser as últimas férias do Antigo Regime, baby!

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Fuck Fuck Tony

Este ano não vamos fazer o Fuck Tony Comix Bar.

Podíamos dizer que estamos fartos de Lisboa e da falta de qualidade de vida que se sente na Mouraria - milhares de pilaretes, turistas imbecis, obras que não acabam, lixo por todo lado, hostels que roubam locais de habitação, restaurantes gourmets e toda a espécie de armadilhas para turistas, etc...

Ou que já não temos coragem para enfrentar toda a imbecilidade de uma população embrutecida pela miséria económica e o álcool barato.

Mas não... A razão é que vamos ao Tenderete em Valência (Espanha) satisfazer os fãs da MMMNNNRRRG e Chili Com Carne que existem (realmente) por aquelas bandas - o que sinceramente é bem melhor do que aguentar com a Pior Noite de Lisboa.

Que alguém monte nas ruas projectos alternativos à má-onda da Festa da Cidade. Pró ano tentaremos fazer algo mas nada impede de pensar isto: que se foda Lisboa!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

CIA info 80.2


Continuando a participação na revista Cru eis que está feita uma nova BD de 3 páginas para o novo número dedicado a "coisas fofinhas"!

Já tenho meu exemplar e parece-me bem a não ser pelo excesso de naftalina de Garage!