quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Nem carne nem peixe



Neneh Cherry & The Thing : The Cherry Thing (Small Town Super Sound; 2012)
Pat Metheny : Masada Book Two : Book of Angels volume 20 : Tap (Tzadik + Nonesuch; 2013)

O impensável diria eu, de um lado a Neneh Cherry, uma cantora Pop, e do outro os Thing, grupo escandinavo de Free Jazz e Fire Music. Na realidade o ciclo completa-se desde logo, Neneh é filha de Don Cherry, um dos grandes do Jazz, que os The Thing até lhe roubaram o nome. Só pode ser estranho ao início mas o groove do primeiro tema, Cashback, faz-nos logo esquecer as divisões do mundo da música. O chato é que ao longo do disco a magia perde-se, é o que faz começar com um tema tão poderoso logo no ínicio do disco, se fossem espertos colocavam-no em segundo ou lá mais para a frente. A seguir fazem versões de Stooges, Suicide ou MF Doom que poucos irão reconhecer mas de alguma forma nada suplanta o "hit single" que é o primeiro tema - mais ou menos como a carreira de Neneh, meteórica em 1989 com Buffalo Stance... Até percebo porque a malta da Trem Azul andava louca com este disco no Verão passado mas acaba por ser isso, um disco de verão passado que agora não parece ter muito futuro.
Rewind!
O impensável diria eu, de um lado o John Zorn (como compositor) e de outro Metheny (como intéprete). Não são o mais oposto possível estes dois? O Zorn trouxe provavelmente pessoas ao Jazz porque deixaram de o fazer por causa da Metheny, não? Ainda que o que Zorn faça não é Jazz, ou se preferirem, não faz só Jazz ou não faz mesmo Jazz! Zorn é sobretudo compositor e mais uma vez, relembro que estas série de CDs editados são o resultado de 300 composições que o gajo fez em 2004, o Book Two - Book of Angels, e que está a passar para vários músicos interpretarem essas composições.
Foi com alguma confiança que até fui na conversa da The Wire e do Público mas não consigo passar por cima da guitarra de Metheny nalgum ronhónhó melódico de beleza artifical mesmo que haja pequenos excertos Improv e melodias judaícas. Há uma sensação de controlo e limpeza que não se consegue ultrapassar. Aliás, como se poderia? O tipo toca todos os instrumentos excepto a bateria - a cargo de António Sanchez. Mesmo sendo um virtuoso em todos os instrumentos não se consegue dar a energia e descontração do que numa banda com vários elementos. Os textos do CD inclue os dois monstros a masturbarem-se um ao outro, a dizerem que gostam muito do trabalho de um e do outro, etc... Parabéns aos dois génios por terem andropausa a rodos!
Forward!
O impensável diria eu, foi mesmo há poucos meses atrás: meninas do J-Pop, as Bis, com veteranos do Noise Rock Hijo Kaidan,... alguém tem o CD desta realmente união bizarra?

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