quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Infecção Urinária de Balli

O ano passado voltei ao Crack… Desculpem, o ano passado voltei ao festival Crack!!! 

Trata-se de um evento 100% DIY – sem um chavo de apoios públicos ou publicidades a telemóveis ou cervejas- que em 5 dias juntam mais de 3000 pessoas a pagarem bilhete para ver alguns concertos mas sobretudo para descerem às catacumbas do Forte Prenestino para acederem ao melhor do que se faz em termos de BD e artes gráficas no mundo independente italiano – ah, esqueci-me de dizer que isto passa-se em Roma, sempre na canicula de Junho – e internacional – com montes de malta vinda sobretudo da Europa. O evento é uma espécie de Festival Rock de Verão mas para quem gosta de livros. Nesses dias ficamos suados, cheios de pó, bêbados e com as publicações mais maradas possíveis para carregar para casa... Como já tenho quase 40 anos, admito que já não tenho tantas costas Punk para aguentar estas orgias gráficas e por várias razões já não punha os pés desde 2009 – quando Portugal foi o país representado neste evento com a Associação Chili Com Carne a servir de representante máximo.

Voltei em 2012 e claro, como blasée que sou, nada me impressionou no campo das publicações mas o meu olho topou uma mesa que tinha o single 7” picture-disc Skatebored We Noize!! (2007)  de DJ Balli que tinha comprado em 2007 numa “infoshop” de Bolonha.

Editada pela Sonic Belligeranza , editora independente de música de produção electrónica italiana, é dirigida pelo DJ Balli. A edição é quase toda ela feita em “picture disc” numa lógica de divertimento visual tolo que este formato permite. O catálogo desta editora tem sempre tusa prá diversão, situação que poderá soar estranha mas realmente num mundo de sobreprodução a todos os níveis, como fazer em relação à música que está mais que explorada? Só se pode foder tudo...

O humor ou aspectos mundanos da vida parecem ser boas formas de contornar o problema e chegar a novas situações – o Noise feito por captação de exercício de skate parece tão boa ideia como um outro single de DJ Balli, intitulado Bally Corgan (2009), que “imprime” nos dois lados do disco montes de fotografias de DJ Balli e um texto a afirmar: People in the streeeet say I look liké Billy CorgAn but I’m not Billy corgan, I’m BALLY CORGAN, I don’t do poetry, I do my horribleeeee n+oizes………. Há malta que diz que o DJ Balli é parecido com o vocalista dos Smashing Pumpkins e ele aproveitou para fazer este single manhoso de Noise em que por pouco se percebe um excerto de uma música da banda norte-americana. Soa mesmo a abóbora esmagada, coisa que os Smashing nunca conseguiriam fazer. Aproveitei para dizer ao Balli que estava lá no Crack que parecia o Grant Morrison, o escocês super-star da indústria norte-americana de BD... Espero que Balli a seguir faça um “Grant Ballison” com um disco invísivel. Topam?

Billy Corgan, Skates,… que mais poderá editar esta Sonic Belligerenza? O músico N. (Nothing, Nihilism, No,…) pegou no som do “nada” para criar o CD Memories from before being born (2005) que apanha o ruído de dois leitores de K7s (com k7s virgens a rodarem) que é processado por uma série de maquinaria (sintetizador, modulador de frequência,…) para chegar a uma série de peças ambientais irritantes e desnorteantes a roçar o Noise. O “nada” é Noise? Sei lá, que venha um académico explicar isto! As imagens do disco foram gamadas a livros de propaganda da Igreja da Cientologia ou coisa que nos valha… Mais humor podre? Sim!

Do criacionismo viramo-nos para o Grande Cabrão Satã com o LP Extreme 8 Bit Terror (2011) que junta uma série de produtores electrónicos de 8 Bit / chiptunes para fazerem versões de temas de bandas de Metal. Abre logo uma rapsódia de temas de Iron Maiden (por Mat64) que prova que o que os Iron sempre quiseram fazer foi músicas para consolas e não Rock para encher arenas. Provavelmente nunca tiveram a tecnologia para o fazer, e depois de ter sucesso a encher pavilhões enormes, cagaram para isso e continuaram a fazer a treta que sempre fizeram. Há ainda versões de Slayer (claro!), Napalm Death, Regurgitate e ainda duas bandas italianas refundidas dos anos 80, Bulldozer e Vanadium – graças ao bom mau-gosto de Pira 666, Micropupazzo e DJ Balli. Para quem é agarrado aos jogos e ao Metal esta é a “banda sonora” indicada! Já tá tudo marado?

Não, não! Então? Há mais! Sendo esta malta italiana só faltava um disco sobre pizzas, certo? 

Certo! 4 Seasons Pizza (2009) reúne 4 temas de “noisers” internacionais, a saber: DJ Balli, Bruital Orgasme (da Bélgica), Zr3a (Japão) e System Hardware Abnormal ‎(do Vaticano!? Nãããã… nesta não caiu!) que num lado do vinil tem as suas faixas separadas como qualquer outra colectânea, e no outro lado do vinil, esses mesmos temas estão misturados num tema só – numa mega-mix Noise! Soa mesmo a barulho e sabe pouco a queijo derretido…

Por fim, acho que é melhor relatar a faceta mais funcional da editora embora o LP Zombiefleshtheater (2006) do alemão Zombieflesheater é todo ele Breakcore que não é propriamente o som mais funcional do planeta tanto que ainda não percebi em que rotações prefiro o disco, se em 33 ou 45, bah! É para soltar a franga, bute!

E prontos! Resta dizer que o DJ Balli contribui para o novo volume (o quarto) da antologia Antibothis (Chili Com Carne + Thisco; 2012) com um texto de como viajar no espaço sem uso das velhas ideias de Newton e sistemas de propulsão nazis (os misseis V2)… Como? Vão comprar o livro (que inclui um CD ) ou querem que vos conte tudo? Ma che cazzo vuoi!

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