terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CENAS QUE realmente CURTI em 2013



1. Die Antwoord : Ten$ion (Zef / Downtown; 2012)
2. Martín Lòpez Lam : Parte de todo esto (De Ponent)
3. Francisco Sousa Lobo : O Desenhador Defunto (Chili Com Carne) + Toma lá 500 paus e faz uma BD!
4. Simon Reynolds : Retromania : Pop Culture's Addiction to its Own Past (Faber and Faber; 2011)
5. Greil Marcus : Marcas de Baton : uma história secreta do século vinte (Frenesi; 2000)
6. Otto Von Schirach no Milhões de Festa + Supermeng (Monkey Town; 2012)
7. Ghunagangh ao vivo no VI Matanças (Casa Viva, 22 Dez)
8. The Bug singles pela Acid Ragga
9. Berliac : Playground (Ediciones Valientes)
10. Rui Eduardo Paes : "a" maiúsculo com círculo à volta (Chili Com Carne + Thisco)
11. Ursula K. Le Guin : Os Despojados - Uma Utopia Ambígua (Europa-América; 1983)
12. Xavier Löwenthal, Ilan Manouach : Metakatz (5éme Couche)
13. Amanda Baeza : Our Library (Mini Kuš! #13) + Nubles de Talco (Bombas para Desayunar)
14. Ocelot Kid
15. Sektor 304 + Le Syndicat : Geometry Of Chromonium Skin (Rotorelief)
16. Jucifer no Festival Ramboia + за волгой для нас земли нет (Mutants of the Monster)
17. Mikhaïl Bulgákov : Coração de Cão (Estúdios Cor; 198_)
18. Brian Eno

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ácido na perereca



The Bug : Ganja baby / Diss mi army + Hardcore Lover (Acid Ragga / Ninja Tune; 2012-13)

O ano passado o The Bug, sem dúvida dos melhores projectos musicais deste milénio, criou um selo editorial para lançar três singles, intitulado Acid Ragga. Não sendo um coleccionador e taradinho completista, por acaso tenho um orgulho de ter arranjado dois deles. Dancehall maldito a feder catinga e canhões de ganza, as quatro músicas cumprem a função "single" que é, toca a mudar de lado ou toca a repetir a malha porque ainda não estou enjoado de ouvir isto! Quem não sabe quem é the Bug que procure e que fique parvo a dançar ou tripar com a sua música!
De resto, os singles são verdadeiras obras de arte, vinilo amarelo-doença com os gráficos mais "sick sick sick" possíveis vindo do inglês Simon Fowler (Hardcore Lover) e da japonesa Kiki Hitomi (Ganja Baby) que também participa no projecto King Midas Sound onde se encontra The Bug....

Gracias Ghuna X e Jucifer por estas prendas!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Evil metaL


Fiz uma BD de 5 páginas uma antologia da Stripburger, cujo tema era o "Trabalho" mas não aceitaram porque não descobriram a ligação com o tema, sendo que a BD é um pequeno ensaio sobre o "underground" e a questão do dinheiro / estrutura social, usando ainda o Festival de Metal de Barroselas como pano de fundo.

Felizmente gostaram a BD e prometeram publicar num número normal da revista, que entretanto saiu!

É o número 62 e inclui alguns autores que recomendo como a dupla francesa Rupert & Mullot, sem dúvida a melhor coisa que aconteceu por aquelas bandas nos últimos 10 anos; e os suecos Gunnar Lundkvist (que fez a capa, além de ter uma BD e uma entrevista) e Lars Sjunnesson que já deveriam conhecer em Portugal pelas antologias Mutate & Survive, QuadradoNicotina'zine e as exposições no Salão Lisboa 2005 e a recente na Trem Azul, este ano em Setembro.

Mais informações aqui que ainda não tive oportunidade de ler a coisa como deve ser! Mas parece que valeu a pena esperar mais de um ano a julgar pelo aspecto da coisa... E ainda inclui uma entrevista à minha pessoa e dizem que é uma das maiores na história da revista!

Em Portugal podem adquirir este número na loja online da Chili Com Carne. Entretanto os "Stripburgers" fizeram uma exposição de promoção deste número com a minha BD num espaço lá na Eslovénia! WTF!?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Nem carne nem peixe



Neneh Cherry & The Thing : The Cherry Thing (Small Town Super Sound; 2012)
Pat Metheny : Masada Book Two : Book of Angels volume 20 : Tap (Tzadik + Nonesuch; 2013)

O impensável diria eu, de um lado a Neneh Cherry, uma cantora Pop, e do outro os Thing, grupo escandinavo de Free Jazz e Fire Music. Na realidade o ciclo completa-se desde logo, Neneh é filha de Don Cherry, um dos grandes do Jazz, que os The Thing até lhe roubaram o nome. Só pode ser estranho ao início mas o groove do primeiro tema, Cashback, faz-nos logo esquecer as divisões do mundo da música. O chato é que ao longo do disco a magia perde-se, é o que faz começar com um tema tão poderoso logo no ínicio do disco, se fossem espertos colocavam-no em segundo ou lá mais para a frente. A seguir fazem versões de Stooges, Suicide ou MF Doom que poucos irão reconhecer mas de alguma forma nada suplanta o "hit single" que é o primeiro tema - mais ou menos como a carreira de Neneh, meteórica em 1989 com Buffalo Stance... Até percebo porque a malta da Trem Azul andava louca com este disco no Verão passado mas acaba por ser isso, um disco de verão passado que agora não parece ter muito futuro.
Rewind!
O impensável diria eu, de um lado o John Zorn (como compositor) e de outro Metheny (como intéprete). Não são o mais oposto possível estes dois? O Zorn trouxe provavelmente pessoas ao Jazz porque deixaram de o fazer por causa da Metheny, não? Ainda que o que Zorn faça não é Jazz, ou se preferirem, não faz só Jazz ou não faz mesmo Jazz! Zorn é sobretudo compositor e mais uma vez, relembro que estas série de CDs editados são o resultado de 300 composições que o gajo fez em 2004, o Book Two - Book of Angels, e que está a passar para vários músicos interpretarem essas composições.
Foi com alguma confiança que até fui na conversa da The Wire e do Público mas não consigo passar por cima da guitarra de Metheny nalgum ronhónhó melódico de beleza artifical mesmo que haja pequenos excertos Improv e melodias judaícas. Há uma sensação de controlo e limpeza que não se consegue ultrapassar. Aliás, como se poderia? O tipo toca todos os instrumentos excepto a bateria - a cargo de António Sanchez. Mesmo sendo um virtuoso em todos os instrumentos não se consegue dar a energia e descontração do que numa banda com vários elementos. Os textos do CD inclue os dois monstros a masturbarem-se um ao outro, a dizerem que gostam muito do trabalho de um e do outro, etc... Parabéns aos dois génios por terem andropausa a rodos!
Forward!
O impensável diria eu, foi mesmo há poucos meses atrás: meninas do J-Pop, as Bis, com veteranos do Noise Rock Hijo Kaidan,... alguém tem o CD desta realmente união bizarra?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Passado estes anos todos, continua a ser a melhor banda de sempre!

Nunca me lmbrei de procurar raridades vídeo mas o Dr. Gama (dankas very muchas!) enviou-me este youtube dos Big Black. Fuuuuuuuck!!!!!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Chicotada psicológica!

Primeira página de Psycho Whip por unDJ GoldenShower e Jorge Coelho na Elegy Ibérica (2007)
 

Loverboy na Feira das Vanessas
por
Marte, João Fazenda, Jorge Coelho
e ainda António Kiala, Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato, Nuno Nobre, Pedro Brito, Rui Gamito e unDJ GoldenShower

Capa a cores, 16 páginas a 2 cores (16,5x23 cm) e 32 a preto e branco (A5). Edição da Chili Com Carne, 7º volume da Mercantologia, colecção que recupera material perdido do mundo dos fanzines. Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.

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Este volume trata-se de uma compilação de “raridades” relacionadas com a série Loverboy que não foram publicadas nos três livros pela Polvo entre 1998 e 2001. Encontramos a reedição da “origem” da personagem em BDs ainda desenhadas por Marte – relembramos que os livros foram escritos por ele e desenhados por João Fazenda - e publicadas originalmente no zine Mesinha de Cabeceira entre 1993 e 1995. Participações em outros zines (Amo-te), antologias (a seminal Mutate & Survive) e revistas como a 20 Anos (oito BDs desenhadas por Fazenda), em alguns casos com as participações de outros ilustradores como Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato e Rui Gamito. Algum “fan-art” de Pedro Brito, Jorge Coelho e Nuno Nobre (que fez um comic-book nos EUA sobre a Angeline Jolie!!!). São mostradas ainda curiosidades como os bonecos das capas, que foram feitos para uma exposição no Salão Lisboa 2001.

São mostradas ainda apropriações das personagens por Marcos Farrajota (em Noitadas, Deprês e Bubas) ou na série Psycho Whip - série de BD de unDJ GoldenShower (a) e Jorge Coelho (d) para a revista de música gótica-industrial Elegy Ibérica.

A história da série é contada por António Kiala, um académico que foi fundador do Mesinha de Cabeceira, que é bastante mais crítico e interessante que o material reunido, analizando o processo desta edição e da forma como a cultura DIY se vulgarizou na mitomania.

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O livro está à venda no site da Chili Com CarneFábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BDMundo Fantasma, BdMania, Matéria-Prima, Abysmo, Artes & LetrasKingpin BooksPó dos Livros, Utopia e Letra Livre.

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Feedback: olha já li o Loverboy, boy!! tá muita bom, gostei do todo. o fanzine do interior marca pontos, gostei bastante de rever o traço do Fazenda, o Coelho desenha mesmo pra c...(deviam ter continuado com a cena do Psycho Whip!!) curto bué a história do coquinado, a da descoberta da punheta e claro a do taxista impotente. como sou fã do Loverboy desde as minhas primeiras borbulhas no nariz,devo dizer-te que é me praticamente impossivel falar mal do Loverboy mesmo sabendo que ele é uma má companhia... tanto o Loverboy,o Astarot e o Leonardo, são personagens muito bem construidas, com vida própria e estão de tal maneira interligadas que me é impossivel dizer de qual gosto mais, mas uma coisa é certa sempre achei a irmã do Loverboy sexy... ps - tão importante como as histórias e o desenho é o texto do Kiala que nos mostra o percurso por trás das histórias, são 20 anos parabéns!! David Campos

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

20 anos de Loverboy...

Uma BD de Marte e João Fazenda na revista 20 anos (1998)

Loverboy na Feira das Vanessas
por
Marte, João Fazenda, Jorge Coelho
e ainda António Kiala, Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato, Nuno Nobre, Pedro Brito, Rui Gamito e unDJ GoldenShower

Capa a cores, 16 páginas a 2 cores (16,5x23 cm) e 32 a preto e branco (A5). Edição da Chili Com Carne, 7º volume da Mercantologia, colecção que recupera material perdido do mundo dos fanzines. Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.

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Compilação de “raridades” e “efémeras” relacionadas com a série / personagem Loverboy que não foram publicadas nos três livros oficiais, pela Polvo entre 1998 e 2001. Encontramos a reedição da “origem” da personagem em BDs ainda desenhadas por Marte – relembramos que os livros foram escritos por ele e desenhados por João Fazenda - e publicadas originalmente no zine Mesinha de Cabeceira entre 1993 e 1995. Participações em outros zines (Amo-te), antologias (a seminal Mutate & Survive) e revistas como a 20 Anos (oito BDs desenhadas por Fazenda),  em alguns casos com as participações de outros ilustradores como Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato e Rui Gamito. Algum “fan-art” de Pedro Brito, Jorge Coelho e Nuno Nobre (que fez um comic-book nos EUA sobre a Angeline Jolie!!!). São mostradas ainda curiosidades como os bonecos das capas, que foram feitos para uma exposição no Salão Lisboa 2001; e ainda apropriações das personagens por Marcos Farrajota (em Noitadas, Deprês e Bubas) ou na série Psycho Whip - série de BD de unDJ GoldenShower (a) e Jorge Coelho (d) para a revista sobre música gótica-industrial Elegy Ibérica. A história da série é contada por António Kiala, um académico que foi fundador do Mesinha de Cabeceira, que é bastante mais crítico e interessante que o material reunido, analizando o processo desta edição e da forma como a cultura DIY se vulgarizou na mitomania.

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O livro está à venda no site da Chili Com CarneFábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BDMundo Fantasma, BdMania, Matéria-Prima, Abysmo, Artes & LetrasKingpin Books e Pó dos Livros. Brevemente na Letra Livre.

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Feedback: olha já li o Loverboy, boy!! tá muita bom, gostei do todo. o fanzine do interior marca pontos, gostei bastante de rever o traço do Fazenda, o Coelho desenha mesmo pra c...(deviam ter continuado com a cena do Psycho Whip!!) curto bué a história do coquinado, a da descoberta da punheta e claro a do taxista impotente. como sou fã do Loverboy desde as minhas primeiras borbulhas no nariz,devo dizer-te que é me praticamente impossivel falar mal do Loverboy mesmo sabendo que ele é uma má companhia... tanto o Loverboy,o Astarot e o Leonardo, são personagens muito bem construidas, com vida própria e estão de tal maneira interligadas que me é impossivel dizer de qual gosto mais, mas uma coisa é certa sempre achei a irmã do Loverboy sexy... ps - tão importante como as histórias e o desenho é o texto do Kiala que nos mostra o percurso por trás das histórias, são 20 anos parabéns!! David Campos

sábado, 23 de novembro de 2013

Podiam ser mais se fossem menos...



Godflesh : Slavestate (Earache; 2009)
They Might Be Giants : Mink Car (Restless + Play It Again Sam; 2001)
v/a : Judgment Night o.s.t. (Sony; 1993)

Acho que sou tão tótó como a banda They Might Be Giants, aliás, só os tótós é que gostam desta banda de tótós assumidos. Tinha escrito aqui que nunca mais iria pegar na discografia dos TMBG depois de 1992, quando passam a ter uma banda verdadeira completa para além dos dois fundadores, John Flansburgh e John Linnell que tocavam vários instrumentos e eram acompanhados por leitores de k7s e uma "drum-machine" - aliás, as boas bandas são as que não tem bateristas como Big Black ou Godflesh, certo?
Ops I did it again! Mink Car sofre por tudo e por nada, começa com uma música techno que se queixa do barulho nas discotecas, tem um tema acelerado-punk-indie que foi aproveitado para a divertida série de TV Malcolm in the middle, uma baladinha hiper-amorosa que só o título diz tudo o quanto é genial (Another first kiss), etc, etc, etc,... temas sempre porreiros e orelhudos mas cuja a soma das partes não faz um bom disco sabe-se lá porquê. Mas pior é saber que a versão europeia / inglesa deste disco tem menos temas que a original (um disco de TMBG com menos de 18 temas não é um disco de TMBG!) e o alinhamento dos temas foi alterado (!). Porra, estamos em 2001 e é um CD! Porque fizeram isto? Que idiotas que são os bifes!!!  Não sei se explica o álbum ser pouco carismático porque os problemas pós-1992 continuam lá mas aposto que não ajuda em nada! Ainda assim, é a única banda Pop que sou capaz de ouvir...
E por falar nos Godflesh, este EP junta mais uns remixes e um single (Slateman) tudo do ano da Graça do Senhor de 1991. Em 2009 continua a ser reeditado porque foi quando todos se lembraram que os Godflesh foram das bandas mais importantes de sempre. Em 1991 a Earache devia-se estar bem a cagar para eles porque afinal que banda é esta que mete três guitarristas, samplagem e "drum-machine" a fazer um som pesado metálico, no limite do Industrial e neste caso, é quando os Godflesh se começam a virar para a música electrónica e o Dub. Para o metaleiro da altura deve ter sido um choque começar a abanar o rabo a ouvir ritmos de Techno... Um clássico este disco! Com ou sem extras!
Outro clássico e que devia ser dado em qualquer aula sobre música urbana porque é um dos melhores discos de sempre é o Judgment Night, mesmo sendo uma banda sonora para um filme merdoso - é o que se diz do filme, nunca o vi nem tenho curiosidade para não estragar o prazer que tenho sobre este disco. Se o encontro da América racialmente dividida gerou o Rock nos anos 50, nos anos 90 teremos o Nu Metal que rapidamente, tal como no Rock, se despachou dos negros. A história antes dos porras Korn ou Limp Bizkit é mais interessante, e surge em três momentos altos da música Pop. O primeiro foi uma conspiração de Rick Rubin em meter juntos os Run D.M.C. (grupo de Rap em ascenção) e os já então caquéticos (musicalmente) Aerosmiths a tocarem Walk This Way em 1986. Mais tarde outro grande momento: Bring the noise com os Public Enemy e Anthrax, se em 1986 o tema original é dos braquelas, a versão original desta vez é dos Public Enemy. Por fim, em 1993 a fórmula "rock + hip hop" é abusada em 11 temas para fazer este álbum que junta Helmet com House of Pain (não vale porque os House são branquelas!), Teenage Fan Club com De La Soul, Living Colour com Run-D.M.C. (ei! também não vale ambos são negros!), Biohazard com Onyx, Slayer com Ice-T (que de Rap nada fazem, porque Slayer é Slayer e ainda fazem uma rapsódia de temas dos punks The Exploited), Faith No More com Boo-Yaa T.R.I.B.E. (o melhor tema do álbum tal é o ritmo e a demência vocal de Patton com os descendentes-baleias do Samoco, digo, da Samoa), Sonic Youth com Cypress Hill (o tema de amor à Marijuana mais narcótico de sempre), Mudhoney com Sir Mix-A-Lot, Dinosaur Jr. com Del The Funky Homosapien, Therapy? com Fatal (não deviam ter colocado os irlandeses com os House of Pain já a gora?) e ainda Pearl Jam (oh não!) com os repetidos Cypress Hill (não havia mais niggas!?). Se no inicio a ideia era juntar o som mais branco pesado, ou seja Hard Rock e Metal, é interessante ver que nesta antologia o encontro passa por bandas Indie e sónicas como Sonic Youth or Dinosaur Jr. que trazem alguma "coolness" que nos outros encontros não era possível dado às metralhadas de rimas e riffs de guitarradas. Em Portugal os borregos dos Blind Zero e Mind da Gap foram logo atrás da fórmula a ver se sacavam guito disto mas sem sucesso. É que é preciso ter personalidade para que um projecto destes funcione, ora quando se é cópia de outras coisas não se pode chegar a lado algum... tal como se pode verificar 20 anos depois.

Ah! Os discos foram adquiridos na Glam-O-Rama no Imaviz Underground, novo espaço "alternativo" em Lisboa.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

As origens de Loverboy


Loverboy na Feira das Vanessas
Marte, João Fazenda, Jorge Coelho e ainda António Kiala, Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato, Nuno Nobre, Pedro Brito, Rui Gamito e unDJ GoldenShower

Capa a cores, 16 páginas a 2 cores (16,5x23 cm) e 32 a preto e branco (A5). Edição da Chili Com Carne, 7º volume da Mercantologia, colecção que recupera material perdido do mundo dos fanzines. Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.

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Compilação de “raridades” e “efémeras” relacionadas com a série / personagem Loverboy que não foram publicadas nos três livros oficiais, pela Polvo entre 1998 e 2001. Encontramos a reedição da “origem” da personagem em BDs ainda desenhadas por Marte – relembramos que os livros foram escritos por ele e desenhados por João Fazenda - e publicadas originalmente no zine Mesinha de Cabeceira entre 1993 e 1995. Participações em outros zines (Amo-te), antologias (a seminal Mutate & Survive) e revistas como a 20 Anos (oito BDs desenhadas por Fazenda),  em alguns casos com as participações de outros ilustradores como Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato e Rui Gamito. Algum “fan-art” de Pedro Brito, Jorge Coelho e Nuno Nobre (que fez um comic-book nos EUA sobre a Angeline Jolie!!!). São mostradas ainda curiosidades como os bonecos das capas, que foram feitos para uma exposição no Salão Lisboa 2001; e ainda apropriações das personagens por Marcos Farrajota (em Noitadas, Deprês e Bubas) ou na série Psycho Whip - série de BD de unDJ GoldenShower (a) e Jorge Coelho (d) para a revista sobre música gótica-industrial Elegy Ibérica. A história da série é contada por António Kiala, um académico que foi fundador do Mesinha de Cabeceira, que é bastante mais crítico e interessante que o material reunido, analizando o processo desta edição e da forma como a cultura DIY se vulgarizou na mitomania.

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O livro está à venda no site da Chili Com CarneFábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BDMundo Fantasma, BdMania, Matéria-Prima, Abysmo, Artes & Letras e Kingpin Books. Brevemente na Letra Livre.

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Feedback: olha já li o Loverboy, boy!! tá muita bom, gostei do todo. o fanzine do interior marca pontos, gostei bastante de rever o traço do Fazenda, o Coelho desenha mesmo pra c...(deviam ter continuado com a cena do Psycho Whip!!) curto bué a história do coquinado, a da descoberta da punheta e claro a do taxista impotente. como sou fã do Loverboy desde as minhas primeiras borbulhas no nariz,devo dizer-te que é me praticamente impossivel falar mal do Loverboy mesmo sabendo que ele é uma má companhia... tanto o Loverboy,o Astarot e o Leonardo, são personagens muito bem construidas, com vida própria e estão de tal maneira interligadas que me é impossivel dizer de qual gosto mais, mas uma coisa é certa sempre achei a irmã do Loverboy sexy... ps - tão importante como as histórias e o desenho é o texto do Kiala que nos mostra o percurso por trás das histórias, são 20 anos parabéns!! David Campos

sábado, 9 de novembro de 2013

Cabeça de Ogre



OhGr : SunnyPsyOp (Spitfire; 2003)
Pailhead : Trait (TVT; 1993)

OhGr é o Ogre dos Skinny Puppy mais um gajo, Walk, que faz as programações. Ando por aí a dizer que não tenho paciência para o Pop e Rock mas sou um mentiroso, quando há coisas como este segundo álbum dos OhGr não resisto a ouvir dias a fio e pavio. Não é todos os discos que puxam desta forma, para o tribalismo electrónico, para o Cartoon com trago de Tim Burton, para uma gaguez do software e de vez enquando um trólóró com vocoder. Se Skinny Puppy sabe a um cadáver a ser arrastado pela lama por mulas mutantes, OhGr é esse cadáver a ser acordado de manhã a mamar bebidas energéticas e palmiers recheados. Talvez por isto tudo que o imaginário da banda passa pela capa realizada por Camille Rosa Garcia... Mas nada é óbvio aqui, este projecto produz faixas que mostram que se pode fazer música imaginativa sem copiar outros ou sem reproduzir os seus próprios chavões ad nauseam como todas as bandas que andam para aí - tirando Die Antwoord e Otto Von Schirach, claro! OhGr devia estar no Top+ (ainda existe essa merda?)
Foi por causa de Soulfly que fui recuperar os Pailhead... Grupo de registos fragmentados e que são todos compilados neste CD porque só fizeram seis músicas ou se preferirem três singles entre 1987 e 1988. Pailhead eram o Ian MacKaye (Minor Threat, Fugazi) com os dois mamados da fase dourada dos Ministry (o Al Jourgensen e Paul Barker) que nos anos 80 e 90 tinham projectos com toda gente alternativa nos EUA - PTP, Lard, Revolting Cocks, 1000 Homo DJ's (melhor nome de sempre!), Acid Horse, Lead Into Gold, etc... Pailhead é mais uma peça do puzzle dessa época magnífica que girava em volta da editora Wax Trax! (de Chicago) e a invenção do Rock Industrial pelos norte-americanos - daí a inclusão deste disco com o de OgHr porque acabam-se por tocar pela história comum de ligações Ministry / Skinny Puppy / Pigface. Este projecto soava mais a Hardcore ou Crossover do que a Electrónica ou Industrial, com um pé nos Killing Joke, onde se topa um baixo potentíssimo (a lembrar Ministry, claro!) e a voz (e letras) de MacKaye, esse ícone do DIY. Grande dúvida como é que o gajo Straight Edge andava com dois gajos agarradíssimos à heroína? Talvez ainda não fossem, Pailhead é anterior ao The Land of Rape and Honey que mostrou ao mundo como se fazia Metal com maquinarias, embora aqui falte o ruído bizarro de fundo que eram a marca dos Ministry. Grande som Rock! Afinal nem tudo é mau vindo de Soulfly!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Não estamos a vender bonecos!


Já várias dezenas de pessoas nos abordaram à nora com esta nossa promoção do livro Loverboy na Feira das Vanessas... alguns pensam que estamos a fazer bonecos do Loverboy (em vestimenta de beto e outra de grunge), Leonardo e Astarot. Errado! É um novo livro com BDs da emblemática série Loverboy. As fotos tem uma história antiga é certo. Eis uma ficha técnica que resolve alguns dos problemas colocados:

Sétimo volume da colecção Mercantologia; Publicação da Associação Chili Com Carne; Edição de Marcos Farrajota; Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.
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O livro Loverboy na Feira das Vanessas está à venda no site da Chili Com Carne, no stand da Pedranocharco da BD Amadora (até 10 de Novembro), Fábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BD e Mundo Fantasma.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Que se lixe os 80, eu quero a minha vida de volta dos anos 90!


A cultura que vivemos é de "retromania" como demonstrou o excelente livro de Simon Reynolds, e é curioso que existem vários fenómenos de revivalismos noutros países apesar de estarem sobre o jugo do do imperialismo anglo-saxónico.
São os fenómenos locais, como por exemplo, Portugal que não tinha uma tradição de Pop eis que 20 anos depois do aparecimento dos execráveis Resistência ou das popularuchas digressões “Portugal ao vivo”, ei-las a reaparecerem nos últimos meses para oferecer um conforto nostálgico à primeira geração 100% Pop portuguesa.
Onde fica a série de BD Loverboy no meio disto? Não sabemos mas esperemos que não fique entre o sem-pescoço do Tim e as moustaches-de-quem-precisa-de-sair-do-armário dos Pólo Norte! Iiiiirc....
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Novo livro Loverboy na Feira das Vanessas já está à venda no site da Chili Com Carne, no stand da Pedranocharco da BD Amadora (até 10 de Novembro), Fábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BD e Mundo Fantasma.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Se os Black Sabbath podem...


E os Sex Pistols, Blondie, Rage Against the Machine, Faith No More, Ornatos Violeta, Bauhaus, Zen!!! E até os Queen, Dead Kennedys, Doors, Christian Death, etc... Mau! Se tudo que é gato-sapato de banda pode voltar porque não o Loverboy & cia.?
...
Novo livro Loverboy na Feira das Vanessas já está à venda no site da Chili Com Carne, no stand da Pedranocharco da BD Amadora (até 10 de Novembro), Fábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BD e Mundo Fantasma.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Na Feira das Vanessas


O livro já está na BD Porcalhota na banca da Pedranocharco e assim comemora-se 20 anos de existência da série quando foi lançada a primera BD no Mesinha de Cabeceira #1.
...

Sétimo volume da Mercantologia, colecção dedicada à recuperação de material perdido no mundo dos fanzines (embora neste caso também se tenha ido às revistas)

Publicação da Associação Chili Com Carne; Edição de Marcos Farrajota; Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Parece mentira...



Dan Hill : 66/33 Sounds Electronic (CBS; 1966)

A África do Sul está a aparecer-me com cada parvoíce que até mete medo. Ainda no Sábado vi um documentário sobre Sixto Rodriguez, o emocionante filme Sugar Man, que hoje ao investigar o que era um manhoso LP que comprei nas férias num Cash Converters e descobro que o tal Dan Hill tem uma série de LPs intitulados de Sounds Electronic e todos eles com capas eróticas censuradas. Claro que comprei o disco justamente pela capa tal como já aconteceu antes, e especialmente neste caso comprei porque topava que o soutien da moça era desenhado por cima da fotografia - a capa original para quem já foi ao link do músico já percebeu que estavamos perante um "topless".
De resto nada a dizer sobre a música, de electrónico nada tem (só se forem os sintetizadores!?), são apenas  versões lounge de temas famosos (como é normal neste género até hoje) em meddley tal como fazia Paul Mauriat e outros da altura. É Nancy Sinatra / Lee Hazelwood com Beatles, Tchaikovsky com Paul Simon, etc... Era assim que se divertiam na África do Sul? Não admira que tenham parido estas criaturas!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Belo e a Monstra



Eno : Taking Tiger Mountain (by strategy) (EG / Virgin; 1991?)
Jarboe : Anhedoniac (Atavistic; 2004)

O primeiro é um disco de Brian Eno, o homem que fez de tudo: parecia um mau cosplay nos tempos Glam, fez templates para o Glam, Pop, Punk, Goth, Electrónica, Ambient e até falsa música do mundo, é o gajo que vendeu os U2 ao mundo (eis qualquer coisa de horrível num currículo invejável para além do mau cosplay dos anos 70), enfim, e com aquele ar sério de larilas aristocrático britânico que tem agora ainda é artista visual e multimedia. Este é o seu segundo disco a solo, de 1974, que mostra que sempre foi um génio da música Pop e que não precisamos de ouvir as rabetices tipo "Ariel Pink não-sei-o-quê" quando em 2013 este disco continua actual e cristalino. É Pop com laivos negros e surrealistas que ainda hoje suscita discusões sobre o que as letras significam ou se o que ouvimos é mesmo aquilo - ao que parece Eno nunca quis as letras escritas em papel. O tema Third Uncle aparece aqui, mais tarde versionado pelos Bauhaus, e ao que parece é uma inspiração enorme para o Punk que viria. Difícil de bater este disco, não admira que o David Bowie andou a namorá-lo para fazer discos em conjunto...
O disco de Jarboe é de 1998 e reeditado em 2004 com fotografias de Jarboe em pose erótica gótica-fetichista - cortesia do erotic-master Richard Kern. Creio que é quarto álbum a solo desta cantora e o primeiro após o fim dos Swans. Já agora ela vêm em Novembro à ZDB meter-nos medo! Se ela continuar a fazer coisas como faz neste disco, haverá muita gente a sentir-se mal no cubículo da ZDB mesmo que ela mostre as mamas em palco - o que eu duvido que aconteça. Neste disco como moino-mutante nova-iorquina que é, os temas directos e ambientes escatológicos vão mudando de peça a peça, por isso Jarboe vai despejando lenga-lengas para adultos, impropérios animalescos, melodias para amansar bestas e até gospels para serem cantados em casinos sempre com ambientes sonoros próximos do que foi feito em Swans, ou seja Drones para bater com a cabeça na parede ou para justamente para deitá-la no sofá a pensar num doce suicídio. Tal como na fotografia vemos uma desafiadora mulher-animal enjaulada a olhar para nós (ai de ti se fizeres um gesto em falso!) é isto que também o que ouvimos na rodela. O Kern sabe o que fotografa!

sábado, 12 de outubro de 2013

Porcos imperialistas!



Jucifer : за волгой для нас земли нет (Mutants of the monster; 2013)

Não é a Jucifer da BD que se fala aqui antes demais! É de um casal nómada norte-americano que passa a vida em "tour" pelas América do Norte e Europa. Vi-os em Barroselas em 2012 e não foi à toa que foi a única banda que dei realmente atenção no livrinho do DVD. Ao vivo são brutais, tocam um metal pesado que parece improvisado tais são as várias referências e a complexidade dos temas. Comprar discos deles é que não!!! Pelo menos o que (ou)vi nos youtubes era de uma piroseira "indie pop" inacreditável a roçar Teen Goth Metal e digo-vos que ninguém deve investigar esta banda pelos videos oficiais.
Agora se forem ao youtube ver vídeos ao vivo, e melhor ainda, se os poderem ver ao vivo (como voltei a fazer durante as férias em Barcelos, no Festival Ramboia) então serão uma agradável experiência sonora! Desde o Boring Europa que passei a ter um respeito pelas bandas em tournê. Percebi a dureza de vida que é e como o simples facto de comprar coisas à banda isso pode ajudar imenso no dinheiro do dia-a-dia. Apesar de ter jurado nunca comprar discos a esta banda - dada a escandalosa diferença entre o Pop nojento dos registos sonoros e o excelente Doom dos espectáculos - acabei por comprar o novo disco naquela... pode ser que eles até tenham atinado e agora sigam o triângulo Sludge / Doom / Stoner. Tive sorte, parece que eles de um álbum para cá que estão nessa! Ainda assim há umas vozes celestiais de virgem a ser sacrificada ao Grande Cabrão mas até assentam bem depois de 70 minutos de barulho.
É um álbum dedicado aos defensores de Estalinegrado (nome de Volgogrado entre 1925 e 1961) durante a terrível batalha contra os Nazis entre 1942 e 1943. Os habitantes dessa cidade participaram numa das maiores batalhas da Segunda Guerra Mundial, creio que foi a que teve o maior número de mortes e danos materiais, e as pessoas foram literalmente metidos entre a espada nazi e a parede estalinista, ou se preferirem entre a pressão da máquina de guerra nazi e da burocracia genocida de Estaline - este último obrigou os civis e militares a ficarem numa cidade sitiada para não perderem posição estratégica, condenando milhares de pessoas à morte.
O casal quis fazer uma homenagem à cidade que assitiu tantos massacres e momentos históricos - depois da batalha de Estalinegrado, começa o fim do poderio Nazi - mas parece-me estúpido. Há algum valor extraordinário em sobreviver e fazer frente ao inimigo quando não há mais alternativas? A homenagem é pelo sangue civil eterna vítima dos jogos de poder ou é um traque nacionalista? Traque ou truque? Claro que temas bélicos e das suas consequências são a matéria-prima favorita de bandas de Metal, o Metal é música para operários e militares como se sabe. Felizmente como colocaram em cirílico o título do álbum e dos temas e como não se percebe nada dos grunhos da vocalista Amber Valentine até se ignora todo o conceito. Só quando se lê as letras e notas da folha do CD é quse fica a saber de russas combatentes fanáticas e assassinas, tropas que disparavam sobre desertores, e todo um rol de horrores de guerra.
No fim de contas é preciso que naturais de um império para reconher valores idênticos de outro. A banda que vá ver o livro Imperium (1993) do repórter polaco Ryszard Kapuściński (1932-2007) para perceber o que caralho significa ser russo! Americanos ignorantes!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

supemongas


Otto Von Schirach : Supermeng (Monkeytown; 2012)

O meng surpreendeu todos os ignorantes do Milhões de Festa! Até eu fiquei parvo e fui lá só para o ver! Dancei feito um louco enquanto o público ainda tentava perceber o que estava a acontecer... Meng, o Rei do Breakcore 'tava em Portugal pela primeira vez, mexam-se, caralho! Respeito!
Fui procurar as últimas produções do meng e apanhei o mais recente disco, que infelizmente está muito longe dos tempo em que Otto fazia música vinda directamente da Interzona e que soava literalmente a baleias zombies a peidarem MDMA ou actrizes pôrno em êxtase zoofílico-sifilítico. Eram outros tempos mais metaleiros e menos para agradar gregos e troianos... Ouve-se o Supermeng e claro que é um disco fixe de música electrónica funcional que vai buscar referências musicais ao passado - há músicas aqui que podiam ser dos 2Live Crew ou dos Sigue Sigue Sputnik - e as novas tendências como o Dubstep - mas quem é que não faz Dubstep?
É divertido e funciona bastante bem em palco mas as letras e as ideias tornam-se numa banda sonora para "comics" de sci-fi ou super-heróis. Parece ele mais um "nerd" tipo Rudolfo, quando Otto é que foi a grande influência musical e estética para o Rudolfo. O mundo dá voltas estranhas, se calhar ele nunca mais irá ordenhar "glitches" que faziam as vacas mutantes cheias de febre aftosa esporrassem todas... O Otto envelheceu! Viva o meng!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Bitter Recordz ou Zef Komix?



Die Antwoord : Ten$ion (Zef / Downtown; 2012)

A banda mais excitante e misteriosa consolidou a excitação e o mistério com este segundo disco -  entretanto uma grande parte posto à descoberta com o recente documentário. Este disco é mais dançante e histriónico que o primeiro, e também não menos polémico devido ao imaginários dos seus vídeo-clips. No tal documentário, diz-se que neste disco quase não há participações de outros músicos mas se houve colaborações foi com artistas visuais - incluíndo o autor de BD Anton Kannemeyer, que assinava Joe Dog no zine Bitterkomix nos anos 90. Curiosamente o tema da pedófilia ariana na África do Sul que muitas vezes era alertada na publicação também pode ser observada no disco no "skit" Uncle Jimmy... Foi o Beck que disse nos anos 90 que as Boys Bands ainda seriam apreciadas no futuro, quando tivessemos alguma distância deles. O mesmo se poderia dizer o Euro-Dance que os Antwoord vampirizam entre mil referências que são óbvias as citações textuais (Kyle Minogue, Eminem) e musicais, que passam de estilos electrónicos populares contemporâneos como o Dubstep ao gangsta-rap ainda mais caricatural que os Puppetmastaz. Só faltam eles pegarem nos Backstreet Boys mas se calhar o Beck falhou na afirmação. O espírito pós-moderno está por aqui até à exaustão, aliás a crítica e a academia, já os consideram o único caso sério de pós-modernidade no século XXI. Um dos exemplos mais extremos é quando referem o "mundo ocidental" de "overseas", tal como um país colonial a referir-se à metrópole. Um gozo da banda que adora baralhar a imagem do que é um sul-africano nos dias de hoje. E é disso que se fala muito, a imagem da banda, tanto que na realidade comprei os CDs deles para ter algo visual deles. Foi Al Jourgensen que disse que Black Sabbath era "mais viciante que cona ou heroína". Perdoa-se o anacronismo dos anos 90 mas devia-se fazer um update, Die Antwoord é ainda mais viciante! E é inexplicável como se pode gostar das suas músicas sempre a roçar o mau-gosto popularucho e trash. Se no CD anterior faltavam músicas para a dança este Ten$ion é uma pujança total para mexer os ossos, em especial o tema (que goza com a Lady Gaga) Fatty Boom Boom. Se ainda há tema Zulu para chamar os Antwoord de "africanos" é este graças ao batuque lo fi que estrutura todo o tema. Merda! Ando a meses para escrever sobre este disco e não consigo estruturar uma única ideia, eis um disco que está demasiado próximo de nós para percebermos o que se passa aqui.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Montijo: entre mosquitos, merda e cachaça

As férias acabaram na F.E.I.A., uma grande iniciativa do camarada David Campos, autor do livro Kassumai, e que vai na terceira edição - adoro dizer "terça feia"... Mas o evento que tornou-se uma seca a dada altura, e é incrível que bastou uma banda para estragar tudo.

O Montijo é um retrato deprimente do país real que tanto percorri nestas férias, do Alentejo aos Açores, das Beiras ao Norte,...  A sua única diferença é que fica ao lado de Lisboa, separado pelo rio dando-lhe um colorido suburbano mal-parido. Mal-parido porque demora-se meia-hora para chegar à outra margem de barco, e depois de se lá chegar ainda é preciso apanhar um autocarro para o centro! Os horários são rídiculos (quase não há barcos se formos bem a ver!) e um bilhete é caro, não esquecendo que ainda temos de pagar mais um, o de autocarro! Tudo isto cria uma terra em que apesar de ter um pé à cultura urbana acaba por meté-lo na água graças a este isolamento estranho.

A terrinha também é nula em pontos turísticos o que faz que não haja nada atraente ir lá visitar a não ser a barbárie das touradas ou a discoteca xunga Kaxaça cujo ex-libris é ter o DJ Pete Tha Zouk a altos berros a ouvir-se por toda a cidade. Pergunto-me como as pessoas toleram esta barulheira à noite mas considerando que nesta cidade também cheira a merda de porco de vez enquando... A FEIA como já perceberam é um oásis cultural, ou antes, uma pérola a porcos! Caramba, até o Barreiro que tinha as descargas industrais brutais deixou de ser uma cidade agreste, aliás muito antes pelo contrário, a julgar pelas exposições de ilustração ou os festivais de música que têm lá acontecido - o Out.Fest, por exemplo!

Voltando à coisa, a FEIA foi porreira mas foi uma grande seca porque a dada altura uma banda local - os Satguru - armaram-se em super-stars, fazendo aquele clássico idiota dos concertos, ou seja, o que 'tá marcado de horas para começar a tocar é muito pouco importante porque a banda foi jantar! Chegaram tarde, tocaram balofadas dignas de Supertramp ou Dave Mathews Band, e graças a isso queimaram tempo de actuação da outra banda (os simpáticos mas mediocres garageiros Invaders from Verdelha) e do casal fixe de DJs. Creio que este é o tal espírito de querer ser urbano sem se viver a urbanidade, onde humildade, DIY e cooperação são facilmente trocados pelo espírito agrário e ruralidade.

Apesar da canseira de aturar isto e outros cromos, ao nível de música adquirida neste fim-de-semana foi bastante produtivo - muito graças a essa confusão mental dos próprios habitantes da cidade. Por exemplo, aos Sábados de manhã (acho que não são todos - é ao segundo portanto?) há uma "feira da ladra" no centro da cidade, que não é exploratória como a de Lisboa nem lixo-infinito como a Vandoma (Porto). Por isso, sem querer pode-se arranjar curiosidades a preços parvos. Por exemplo, comprei três CDs por um euro apenas! Entre eles o clássico The Bleeeding (Metal Blade; 1994) dos Cannibal Corpse que já tinha mas sem capa ou caixa... E quando mundo não podia ser mais estranho, aparece o Godkiller com The End of the world (Wounded Love; 1998), um CD de um metaleiro de Monaco!? Yup! Deve ser o único na cidade de aristocracia paneleira e o som soa a isso mesmo, Goth Metal, pós-Black Metal, Doom e uso de electrónica porque (mais uma vez) deve ser o único metaleiro da cidade. O CD entretanto vale bastante mais que um terço de um Euro, aliás, 100 vezes mais. A música é que não!
E ainda neste molho, um CD duplo de Gabber, ou se preferirem o Techno prós metaleiros se a primeira abordagem ainda não fosse tão má. Industrial Strengh (Earache; 1995) é uma compilação feita por Leenie Dee para a editora que editava o Metal mais extremo do planeta (Napalm Death, Godflesh,...), longe do que viria a ser isto (clicar link) embora o DJ Skinhead já samplava Pantera com as batidas bestas Techno. Chato passado um bocado, não admira que esta música tenha mesmo de ser consumida com drogas.

Ao nível do vinil - a um euro cada - arranjei um LP dos Traffic ao vivo, Welcome to the canteen (Island / ed. pt Dacapo; 1971) que só têm piada porque o nome da banda não aparece mas sim os dos elementos da banda, e um dos concertos foi de um "benefit" à revista Oz, publicação underground que na altura teve sérios problemas com a Censura na terrinha puritana britânica. Rock psicadélico simpático dos anos 70 que não aquece nem arrefece. "São os Led Zeppelin?" perguntou a minha mulher. Eu perdou-lhe a simples heresia porque ela é do Montijo... E até porque estou demasiado feliz por ter encontrado este disco:



You Shouldn't-Nuf Bit Fish (Capitol; 1983) de George Clinton é o que se pode esperar da cabeça por detrás dos Parliament / Funkadelic: P-Funk a rodos, Rock no meio e algumas bocas ao Rap ao lado para acompanhar os tempos... Mas o que me fez mesmo comprar isto foi a capa de Pedro Bell, grafista das bandas citadas e que criou um imaginário Black urbano dos EUA desde os anos 70. O disco até podia estar todo riscado (por acaso não!) e ser uma treta (é um bocado) que ainda assim levaria esta capa cheia de informação, cor e BDs maradas!

A seguir vamos para outro de psicopatologia montejinense através da aquisição do melhor do lote: Brian Eno e David Byrne e a sua obra-prima: My life in the bush of ghost (Sire; 1981). Disco de catalogação difícil ainda nos dias de hoje, em que os dois cromos juntaram peças encontradas - samples, na altura nem se dizia desta forma aposto - e tocaram por cima criando uma ponte entre o Funk branco, world music e electrónica - a pensar que o tema Hizbollah dos Ministry era algo de inédito, quando o que não falta aqui são arabescos sacados com instrumentações dos cromos por cima... Já tinha ouvido falar muito deste disco, da última vez, foi o autor de BD Diniz Conefrey para explicar como foi a sua influência para fazer a BD de colagens Avés Marias Rap (Lx Comics #2, 1990). Vale todo o dinheiro do mundo!


Mas perco-me a falar de música... O disco foi comprado na banca do Hey Joe! que estava lá na FEIA. O que dizer do Hey Joe? Era um bar de metaleiros que o dono expulsou passando sempre os mesmos temas dos Stone Roses e dos Sonic Youth. Pretendia nesta acção de terorismo sonoro ser um bar com loja de discos e livros mas passado poucos meses já não se percebia o que era os discos do dono ou os que eram para venda. A degradação do negócio tornou-se tal que pelos vistos o dono quis despachar tudo a 5 euros cada vinil. Ah! E os metaleiros voltaram lá a beber copos e muitas vezes como DJs... Aproveitei para comprar também um dos Nitzer Ebb já agora, o Belief (Mute; 1989), segundo LP desta banda britânica de EBM que varia entre temas fortes, excelentes para pista de dança, e temas a roçar a foleirada. Não têm os grandes temas da banda que acho que serão do terceiro disco mas percebe-se que andam a dar passos para lá!


 Por fim, o David foi simpático em oferecer-me um disco, a versão limitada digipack do 3 (Roadrunner; 2002) dos Soulfly - a propósito, podem ler uma BD minha sobre o primeiro concerto da banda no livro Talento Local. Deve ser um dos discos de Metal mais azeiteiros de sempre para quem já fez dos discos mais fixes de sempre - quando Max Cavalera era o vocalista dos Sepultura, claro!
Neste disco usa todos os clichés que fizeram a fase "étnica" dos Sepultura, neste caso umas batucadas sem piada com Riffs de guitarrada Nu Metal por cima. Uma porra. Onde o CD começa a ser bom, e porque é um CD com extras, é a partir do final do disco "normal" com os temas de Soufly III (instrumental psicadélico porreiro), Sangue de Bairro (versão de Chico Science & Nação Zumbi) e Zumbi (outro instrumental a lembrar quase o minimalismo de Terry Riley)... Ou seja as últimas três faixas do disco, seguido pelos extras I Will Refuse (versão dos Pailhead, banda punk-industrial com elementos de Ministry e o emblemático Ian Mackaye) e Under the Sun (outra versão! dos mestres Black Sabbath).
É incrível como um tipo que pregava o chifrudo e assuntos espirituais (!) acabou por se transformar num merdas conservador do tipo mais básico: Deus (o álbum é dedicado a esse ser abstracto), Família (todo o "espiritismo" é pespectivado segundo as frustrações das mortes e sofrimentos da sua família, e para não dizer que o actual baterista da banda é o seu filho Zyon) e Pátria (Max vive nos EUA e dedica um minuto de silêncio às vítimas do 11 de Setembro).
A evitar portanto, talvez seja por isso que em todas as mesas da feira da ladra do Montijo se encontrava um disco da banda, aliás, na FEIA só o David tinha duas versões nem ele sabia como... Ainda bem que me deu a escolher e optei pela versão especial! Os metaleiros não são nada parvos em despacharem-se disto.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

noize, brothers and sisters, noizzze!!!

Em L.A. Rap com Noise... http://clppng.bandcamp.com/album/midcity

Em Tóquio J-Pop com Noise o que se passa aqui?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Greg Milner : Perfecting sound forever - The story of recorded music (Granta; 2009)

 A razão que me levou a pegar neste livro foi a loja Flur, que vende o livro em Portugal. Enviaram o seu boletim electrónico promocional das novidades da loja, e nele dizia que havia a declaração de um entrevistado neste livro que afirmava que a música em formato digital fazia-nos mal, fisicamente e psicologicamente.

Dos cilindros de cera de Edison até ao Pro tolls, Milner apresenta a História da música gravada e como a própria música se tem modificado graças às inovações tecnológicas na captação de som, gravação, edição e promoção. As histórias que apresenta são seminais nas alterações de paradigmas de comportamentos das indústrias fonográficas, sendo que a questão de fundo passa sempre por saber o que é isso da música gravada?

Ela é captação da “alma” de um momento sónico ou a apenas a sua representação? E sendo uma representação pode ser alterada mil vezes em algo longe de qualquer som real original. Esta questão do que é o verdadeiro som começa logo na figura do “bluesman” Lead Belly, que foi puxado por uns para ser o representante tradicionalista do cancioneiro norte-americano e foi libertado por outros para se poder desenvolver como músico de vontade própria, capaz de se deixar contaminar por influências mundanas do seu tempo para regurgitá-las a seguir com o seu estilo e técnica própria, como aliás, é o funcionamento de qualquer artista. 

Esta epopeia do que é a música verdadeira chega aos dias de hoje com os Red Hot Chili Peppers e o seu álbum Californication, considerado como um disco demasiado “hot” – ou seja, com um som alto demais para “bater” mais  na rádio – e que criou polémica sobre o estado da “guerra do volume” em que vivemos. Curiosamente pelo CD estar demasiado alto, os controlos das rádios automaticamente baixavam o volume do disco ao ponto de passar a ser o disco mais “baixo” que se ouvia na altura.

A “guerra dos volumes” é razão porque deixei de ouvir rádio ou ver TV nos últimos 12 anos ou porque um elemento dos provocadores KLF criou o Dia Sem Música. Paradoxalmente é uma “guerra silenciosa” no sentido que ninguém se parece importar ou perceber como desde os anos 80, primeiro com as rádios e nos anos 90 com a tecnologia digital, todos nós somos violados por uma barulheira infernal em que tudo que é sonoro é puxado ao máximo, não só pelas colunas de som mas também pelas forma de compressão dos ficheiros digitais – o que o livro revela nuns gráficos é impressionante! Talvez por isso que a música desde de 1992 para cá crie cansaço e fadiga física. E talvez por isso que ela seja cada vez mais descartável e funcional servindo apenas como um pano de fundo pouco convincente.

Milner não toma posições neste livro, mesmo que dê muito tempo de antena ao Steve Albini. Quem souber quem é o sr. Albini bem pode imaginar o tipo de declarações que ele fará. Ou quando a tal pessoa que nos avisa que a música digital nos faz mal, na realidade pareça um doidinho que não consegue provar cientificamente do que diz, tanto nos faz porque lendo este livro vamos percebendo que pelo menos que veio dos tempos do vinil e k7 nunca mais poderá ouvir música como antes... Estranhamente não é preciso ser um trintão ou quarentão para perceber isso, até os miúdos dos ipods / mp3 já perceberam isso, quem escreveu uma petição online aos Red Hot Chili Peppers para que os seus discos deixarem de serem tão altos foi justamente um puto norte-americano...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

terça-feira, 6 de agosto de 2013

D.L.K. The Hell Key #2 (Marc Urselli-Schärer; 1996)

Foi uma das muitas coisas boas da Feira Morta foi que alguém colocou na zona da segunda mão uma série de publicações dos anos 90. Entre várias World War 3 Illustrated (que saquei logo!), a revista Número (que não era boa nem na altura nem agora), revistas britânicas de novas tendências e zines de punk / okupa, encontrei este zine italiano de música electrónica / industrial / Dark.
É bilingue com uma letra minúscula de fazer confusão a qualquer quarentão e impressa em papel verde-nojo em formato A4. Cheia resenhas a discos e concertos ao vivo, entrevistas (aos Young Gods por altura do Only Heaven), artigos (sobre música electrónica italiana entre as décadas de 50 e 70) e claro, como qualquer fanzine que se preze está cheio de erros e gralhas, alguns hilariantes como "Depoche Mode" - uma vez tudo bem mas cinco vezes "Depoche Mode"?
O mais interessante acaba por ser o artigo sobre o projecto Luther Blisset, que nos anos 90 ao que parece também teve representação em Portugal. Trata-se de um projecto de uso múltiplo do mesmo nome para criar uma "mitopoesis" nos nossos novos tempos da hiper-informação. Curiosamente o Blisset ainda anda por aí a criar muitos danos manipulando os manipuladores da informação. B.I.Y.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Efeito Merkel



Michael Rother : Sterntaler (Polydor; 1984; orig.: Sky; 1978)

Encontrei este cromo do Krautrock (Kraftwerk, Neu!, Harmonia) pela segunda vez a solo - e curiosamente o encontro é com o segundo álbum, tal como o primeiro encontro tinha sido com o primeiro álbum numa pefeita coincidência cósmica entre a lixeira e a segunda mão. Desta vez foi na Feira da Achada há algumas semanas a 2 euros o LP... Talvez porque depois de um fim-de-semana no Milhões de Festa com dezenas de bandas Kraut ou Post Rock não haja paciência para mais disto. Não sei, não entra / convence / molha... ao ponto de no primeiro encontro nem ter feito o registo neste blogue onde costumo comentar todos os discos que me chegam...
A música parece infantil ou lembra más séries de TV, tanto faz, na sua Rockice germánica instrumental. O ritmo "motorik" ainda é naquela, as guitarradas xunguitas é que não. Será que vou cair na esparrela de ouvir o terceiro álbum no meu terceiro encontro?

Realmente não há paciência para alemães e branquelos, felizmente ainda apanhei lá na Achada, um CD de Carlo Jones & The Surinam Kaseko Troubadours (MW; 1995), que é uma mestiçagem de música Voodoo com o Jazz à Nova Orleães. Soa realmente a Caribe puro e duro mesmo que seja do país mais pequeno da América do Sul e onde se fala em holandês! WTF!? O mundo foi mesmo todo fodido por europeus que cheiram mal dos pés! Morte aos brancos!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

CIA info 79.4



Finalmente tenh a merda do disco dos Acromaníacos que comemora 20 anos de existência - trata-se de um CD duplo ao vivo!!!

Apesar de não ter nenhum interesse pela música destes tipos aceitei o amável convite do camarada OAZ e fiz uma intervenção gráfica no "booklet" com desenhos entre 1985 e 1990 - ou seja um "Marcos Farrajota dos 5 aos 20 anos", que é também a idade mental da banda em questão.

Eis o "work-in-progress" da coisa:

depois foi acrescentados muitos mais bonecos na fotografia - até ao excesso!

Resta dizer, que ainda participaram nesta aventura alguns camaradas da Chili Com Carne - Óscar Silva, Ricardo Martins e o Uganda Lebre (que fez um trabalho genial!) - e que tenho cópias para trocar por qualquer outra merda melhor do que isto!!! Por favor arranjem-me outras cenas!!!


aliás ficou assim! pera lá! tá cortada em cima! deve ter sido para caber no cabeçalho do "facepoop"...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Simon Reynolds: "Retromania : Pop Culture's Addiction to its Own Past" (Faber and Faber; 2011)

Não se deixem levar pela capa pirosa... Este é o melhor livro sobre música jamais escrito excepto que poderá ser ultrapassado no futuro. Ainda assim, algo de extremamente radical teria de acontecer na música Pop para que este livro ficasse desactualizado - o que ele não prevê nem deixa prever.
Reynolds ao longo das páginas deste magnífico livro desmonta todo o aparato do Rock/ Pop nos dias de hoje, ou melhor, desde o novo milénio quando a cultura Pop deixou de crescer e começou a entrar em autofagia. Dos “revivals” aos regressos (dos Sigue Sigue Spunik aos My Bloody Valentine), dos museus dedicados ao Rock (com as suas relíquias de santinhos Pop, como uma rasta de Bob Marley, a camisa de John Lennon antes de levar com os balázios ou as cinzas mortais do DJ que cunhou o termo Rock'n'Roll!) às curadorias de festivais Rock, do coleccionismo ao fetishismo, do Retro à Nostalgia, do eterno revivalismo dos anos 50 (fenómeno que vamos encontrar logo cedo nos finais dos anos 60) à "hauntology" - música que pega em sons fantasmagóricos do passado e que parece estar na moda!
De forma divertida e pessoal, sem que estas desviem o ensaio para algum tipo de baboseira reaccionária, Reynolds faz uma análise da música Pop até aos dias de hoje, e de que forma ela se modificou até ao ponto de "eterno presente" graças ao advento da web. São vários os analistas que têm advertido que o mundo deixou de ter passado e futuro quando podemos aceder tudo pela internet (no seu "anarquivismo") e não é de estranhar que o mesmo tenha acontecido nas artes e na música.
O Punk fez ruptura democrática do Rock e cultura em geral, o pós-punk trouxe o "artsy" ao Rock, o Hip Hop e a cena Rave novas formas de expressão e de produção, e pelo meio houve o Reggae, Ska e Dub mas segundo Reynolds, os anos 00 não trouxeram nenhum novo tipo de música. Aliás, não será o único a afirmar que desde o Grunge que não houve um género que tenha sobressaído ou feito estragos no mundo Pop. Afirma mesmo que os 00 são os anos conhecidos pela tecnologia (mp3, ipods, napster, myspace, bandcamp,...) e não por um grupo ou estilo musical. Não é o único a afirmar tal coisa, o grande Scaruffi no seu sítio scaruffi.com dá nomes como “Revolução Indie” aos anos 80 e outras décadas mas de 2001 a 2008 chama-lhe de “Era Digital”!
Não é fácil de opor a esta ideia quando desde os meados dos anos 90 assistiu-se a meros revivalismos "non-stop": o regresso do Disco (Daft Punk, Kylie Minogue), Ska (Sublime), Jazz Big Bands / Swing / Lounge (Combustible Edison, Squirrel Nut Zippers, Matthew Herbert), Punk (Green Day, Offspring), Hard / Heavy Metal (The Darkness, Queens of Stone Age), Post Punk / New Wave (Franz Ferdinand, She Wants Revenge), os kitsch dos 80 (o electroclash), o Glam dos 70 (Placebo), os 60 (quais? entre muitos, a cena Neo-Folk), os 50 (The White Stripes e um sem fim de estupidez garageira),... Quer no Top 10 quer no “underground” não se vê inovações mas apenas ao melhoramento de estilos: seja no R'n'B da MTV, no Dubstep a chegar ao Top, no Punk Rock mais selvagem tocado numa Okupa,... E o livro mostra e explica como isto acontece. Na essência explica que isto deve-se ao arquivamento de música nunca antes existente na Humanidade.
Antes dessa capacidade de armazenar música não havia forma de saber como eram as “vozes” do passado, o som de uma canção ou de uma banda. Graças aos cilindros de cera (1877), discos em vinil (1888), cassete (da criação à forma que conhecemos: 1935-1964) e CD (1979) toda uma história da música pode estar documentada e para audição ao ponto que uma meia-dúzia de falhados conseguiram reavivar o Northern Soul, por exemplo, só porque achavam que esse (sub)género era a melhor coisa do mundo... Aliás, subgénero que passou a existir depois de um grupo os cunhar como tal – eis um fenómeno que apareceu: cunhar algo que aconteceu no passado sem que na altura houvesse uma consciência de movimento ou de cena.
Graças ao conhecimento do passado, os músicos acabam por citá-la ou copiá-la sem alterar as formas originais. Imaginem que antes da música registada, mesmo um cancioneiro popular poderia passar de pai para filho mas haveria sempre algo a perder-se na “tradução” como se costuma dizer. E essa passagem poderia incluir cortes (algo que o filho não gostasse) e acrescentos (algo que o filho criou e passou a meter no repertório), agora é impossível não saber “toda a verdade” da música… basta ir ouvir o disco, seja em LP seja no youtube!
O livro é difícil de refutar e deslumbra a alguém como eu que escreve neste blogue há anos sobre este “estranho mal-estar” que sente no mundo da música Pop/ Rock. Reynolds consegue identificar e estruturar quase todas as características do momento – ou dos últimos 10 anos. Há apenas quatro situações que lhe passam ao lado, parece-me.
Sound + Vision
Estranhamente, apesar de referência ao youtube, Reynolds não levanta questões de como o vídeo-clip possa também ter modificado a nossa relação com a música.
Por exemplo, acho que só se explica o eterno regurgitado revivalismo dos anos 80s não apenas porque a música era tão "má que era boa" mas porque a geração dos anos 70 mamou todos os video-clips mais manhosos do planeta na sua juventude nos anos 80, acrescentando a sensação visual (e narrativa das micro-histórias dos vídeos) à música que se ouvia. Nas gerações anteriores, a música era meramente auditiva, coisa ridícula de se escrever (claro que só se ouve música!) mas sabemos que o Rock é mais que "música", é uma ópera bufa de música, letras, moda, performance e escândalos. Antes não havia “próteses visuais”, porque quem diz video-clips, diz todos os elementos visuais que passaram a fazer parte do Rock/Pop: maravilhosas capas dos discos LP, revistas e jornais especializados, longas-metragens, documentários, efeitos especiais e decorações dos concertos, e claro, o “merchandising” como cuecas, meias, porta-chaves, isqueiros e as t-shirts - dizia-se que os Inspiral Carpets vendiam mais das suas t-shirts "cool as fuck" do que os seus próprios discos.
Talvez por isto tudo que os Gorillaz foram criados, não? Mas mais do que isso, será por isso que nos lembramos tão bem dos anos 80, ou que seja fácil ir lá buscar coisas nostálgicas, porque foi a primeira geração de Video kill the radio star? Uma década de produção audio-visual onde há mais imagens para recuperar e lembrar do que um Elvis nos anos 50 mesmo que este tenha feito também filmes? É mais fácil lembrar o tema "euro-trash" Boys Boys Boys por causa do video onde vemos as enormes mamas saltitantes (e molhadas) da Sabrina do que um tema qualquer de Captain Beefheart nos anos 60, certo?
Rat Race
Reynolds não refere a questão dos modelos económicos que nos dias de hoje afectam a música. Há poucos meses atrás, a revista The Wire publicava um artigo sobre como a crise tem transformado os projectos musicais, afirmava que o formato de banda de quatro ou cinco elementos está a desaparecer para projectos constituídos “bandas de um homem só” ou duos. Como é complicado levar uma banda grande em turnés com os cachets cada vez mais baixos, é preferível pegar no lucro todo para uma pessoa só (ou para um pequeno agregado familiar, já repararam que anda muita banda por aí que é um casal? como os Jucifer) do que distribuir por quatro ou cinco gajos.
Com isto, haverá menos colectivos que na realidade são espaços de confronto de ideias, técnicas e conceitos. Isso não impede que se faça “co-working” em estúdio / disco, com várias pessoas a colaborar como acontece nos dias de hoje em todos os discos de Hip Hop mas também em discos de Metal ou Pop. Diziam na revista que cada vez iremos ter menos hipóteses de ter bandas "doidas" (no sentido inovador) como aconteceu no passado, como os Clash ou os Skinny Puppy, em que cada elemento com percurso diferente traz algo de diferente para o som da banda.
Querendo ir mais longe, pergunto se esta crise económica que optou por atomização dos elementos das bandas também não tem criado a especialização do mercado porque cada vez mais se assiste a “segmentos de mercado” (ou o nicho ou o público-alvo). Bandas que tocam, por exemplo, Garage dos anos 60 só para circuitos e público especializado nesse género, ou quem diz isto, diz a banda Death Metal que só toca para metaleiros que curtem Death, não conseguindo apanhar os que gostam Black Metal ou Speed Metal ou… Isto explicaria abortos como os Editors e afins que fazem a mesma música 12 vezes no mesmo álbum porque não podem fugir à cartilha Indie, mais especificamente, aquele Indie tipo anos 80 e Dark Pop que se especializaram – que não é a mesma do tipo Indie Anos 90 norte-americana dos [metam aqui um nome de uma banda dos anos 00 que soe a Pavement, sff].
É desnecessário dizer que num álbum de Led Zeppelin podia-se ouvir temas Blues, outros Reggae, ou Rock psicadélico, ou Hard Rock e o que mais se lembrassem... soando sempre a Led Zep. O mesmo pode-se dizer para os Mano Negra, Ministry, Young Gods, Black Sabbath, Pop Dell Arte, Stealing Orchestra ou Mão Morta (basta ouvir o Fado Canibal do segundo álbum, por exemplo). É Helter Skelter "menos Beatles" do que o Norwegian Woods? Se os [qualquer banda do momento] fizer uma música Techno sendo ela uma banda de Rock Indie, será aceite pelo a) público? b) editora? c) pela própria banda?
Istanbul (Not Constantinople)
Por fim… Do alto das cidades do Império (Londres e Nova Iorque) onde Reynolds residiu e de Los Angeles, onde reside actualmente, não se pode ver o que está para baixo, nas periferias… Os EUA e a Grã-Bretanha podem ter tido um monopólio da Pop durante o século XX mas com o crescimento económico de outras nações e capacidade de encontrar, pela Internet, outras culturas, têm despertado novas músicas que Reynolds não considera muito embora admita que seja daí que possa vir algo novo, como da China ou do Brasil...

Mas já vieram coisas novas daí? A globalização de sons Pop têm sido assimilada em cada país desde sempre. O Jazz e o Funk no Afrobeat dos anos 60/70, e nos anos 80 vamos encontrar Reggae em vários países da África subsariana como Alpha Blondy, mais tarde Hip Hop e agora fala-se imenso de um Blues do Sahara (Bombino, Tinariwen) que é mais velho que Blues americano... Também há Drum'n'Bass com metais dos Balcãs e criou-se Reggeaton de Puerto Rico! E o Kuduro angolano entretanto sacado para Portugal pelos Buraka Som Sistema? Enfim, creio que a melhor música Pop do momento é aquilo que os porcos imperialistas chamaram de “World Music”, termo idiota para designar o que não era anglo-saxónico. O monopólio “acabou” e se há artistas para este milénio eles chamam-se MIA ou Die Antwoord, ainda eles híbridos do mundo anglo-saxónico.
E já agora, outro indício como nas periferias se vai perdendo o monopólio, é também a cultura de revivalismos noutros países. São os fenómenos locais, como por exemplo, Portugal não tinha uma tradição Pop mas 20 anos depois do aparecimento dos execráveis Resistência ou das popularuchas digressões “Portugal ao vivo”, ei-las a reaparecerem nos últimos meses para oferecer um conforto nostálgico à primeira geração 100% Pop portuguesa.
Headcleaner
Mas esse som da “periferia” é revolucionário? Ou só trazem mais-valias ao que já existe? Afinal Kuduro é Techno, os Die Antwoord combinam elementos pré-existentes (euro-dance e gangsta), tal como os discos de The Ex com Getatchew Mekuria são punk rock com jazz etíope, etc… E para isso já temos o fenómeno de reciclagem, pós-moderno e de “jogo de peças” que Reynolds revela no livro.
A tecnologia muda a música: o Rock vindo dos Blues aparece com a electrificação da guitarra, o Rock Psicadélico porque passou a haver registos longos (LP), o punk com a democratização da fotocopiadora e das k7s, o Techno e Hip Hop com os samplers e ferramentas digitais, etc… A música do século XXI vive do passado devido à tecnologia de partilha (CD-R, internet, bluetoth) em que este é reavivado a toda a hora. Curiosamente, a cultura Zombie nunca antes esteve tão popular...
E este estado de morto-vivo não ouve nada? Não terão sido os sunn0))) a única banda sonora da primeira década do século XXI? Imortalizaram o termo Drone ao mesmo tempo que se usam máquinas Drone em guerras e vigilância policial, tal é a intercepção entre tecnologia e cultura. O ruído branco dos P.A.s destes metaleiros intelectuais, o Noise de mil bandas underground, as festas de música de dança Dubstep, fecham a primeira década do novo milénio no Verão de 2010 acompanhadas por vuvuzelas que se ouviam omnipresentes à escala global. Reynolds não deu por isto? Não se curte bola nos EUA, né?