quarta-feira, 27 de junho de 2012

Faz o que te digo, não faças o que eu faço…

 


Elliott Sharp : Tectonics : field & stream (Atonal; 1997) 

Há um comportamento óbvio nos dias da ‘net em relação à música. Lê-se um texto sobre música e depois vai-se sacar os ficheiros dos discos algures num torrent ou apenas ouvir a música em youtubes, bandcamps e afins… São 50 os textos do livro Bestiário Ilustríssimo (Chili Com Carne + Thisco; 2012) do ilustre REP, todos eles tentadores de investigações virtuais mas admito que não passei 50 dias a procurar discos do que ele escreve, tomando em conta que uma pessoa possa ler um texto por dia e como tal investigue uma banda / músico / disco / movimento – é assim que tento convencer as pessoas a comprarem o livro, diga-se de passagem.
O problema é que pela primeira vez invés de ter sido um ávido leitor do REP fui um editor de um livro do REP.... Tive de ler em primeira mão os textos, santa glória! Essas leituras foram feitas o ano passado, durante a minha estadia na Saari Residence, foram leituras concentradas em procurar erros, gralhas, incorrecções – contabilizados em valores microscópicos – mais do que em pensar em ir à ‘net sacar discos.
Mas há coisas que ficaram na cabeça e não sendo um “downloader compulsivo”, vou encontrando agora discos ou músicos referidos no livro, tal como aconteceu com este projecto do guitarrista Elliott Sharp, encontrado algures na Feira da Ladra. Trata-se do segundo disco sobre a denominação Tectonics onde o músico mistura beats e breakbeats electrónicos com uma guitarra baixo, fazendo uma cyber-caldeirada de electrónica dos anos 90 com Improv e até algumas “etnices” polirítmicas. Não serve para dançar e ninguém vai ouvir isto no sofá para descansar ou apreciar – eu pelo menos ainda não o fiz, quem descansa nos dias de hoje? Quem me dera voltar aos descansos cheios de epifanias de 1997!

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