segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Povo Eleito de Deus


Monotonix : Not Yet (Drag City; 2011)
São a melhor banda Rock ao vivo mas em disco são uma treta do pior. Garage banalíssimo com uma voz que irrita qualquer gajo. É um formato simples: bateria + voz + guitarra, funciona com a pica que têm especialmente ao vivo (mas já lá vamos) mas não estão a inventar a pólvora nem a invadir territórios novos - inevitável esta piada visto que são de Israel.
O concerto de 27 de Fevereiro na ZDB foi o concerto Rock mais divertido e hedonista que tive o prazer de assitir. Bem tentei fazer uma tira do Não 'Tavas lá!? mas queria meter tanta informação que desisti. Sucumbi à grande prova de Jahvé, foda-se! Mesmo circuncidado nunca serei Dele! Mas fazer o quê? Os gajos são o Cage do Garage! O 4'33" deles é quando montam o equipamento depois da primeira banda assim nas calmas a a falarem hebraíco alto enquanto o público espera e desmaia - é verdade houve um puto que desmaiou antes do concerto começar com a bebedeira e o calor dos focos de luz apontados para o público. São os La Fura Del Baus do Garage quando a banda desloca-se pelo espaço onde tocam, a dada altura até num espaço rídiculo como a sala de espetáculos da ZDB consegui-me perder para ir comprar cervejas. Atordoado lá descubro a porta e cruzo-me com o vocalista inundado em suor e só com boxers e sapatilhas a cantar. São os "soundscape" do Rock porque um concerto dos Monotonix os amplificadores da voz e da guitarra não andam com eles, como é óbvio. Ficam no palco mas a bateria essa ouve-se por onde anda. A dada altura a banda foi para fora da sala, lá dentro só se ouvia voz e guitarra. O público que acompnahdo a marcha non-sense da banda só podia estara a ouvir a bateria. A festa de um concertos deste trio é tal que num Domingo à noite parecia que não ia haver um amanhã, de repente parecia tudo possível naquela noite... ao ponto que houve um momento de Rock de Arena quando vocalista a tocar bateria segurado no ar (ele e a bateria) por 15 almas do público. No final, um puto ficou a tocar bateria (já desfeita) em forma de desafio para a banda voltar... Nada aconteceu. O anti-climax perfeito!
Comprei o disco porque queria uma recordação física do evento já que os bilhetes da ZDB são despersonalizados. E para apoiar uma banda que anda em tournê há 5 anos - desde o Boring Europa que percebi o quanto é importante comprar o mershandising às bandas... Mantenho este disco medíocre por causa disso.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Perkele!



Descobri ontem que no livro Jarno Markuksen Kauneimmat (Huuda Huuda; 2010) sou retratado numa situação hilariante durante a minha primeira visita à escandinávia, nomeadamente à Finlândia, ao Festival de BD de Helsínquia, em 2004. Foi uma visita bastante estranha em acontecimentos mas talvez o mais "público" foi o facto de ter ficado fechado no recinto do Festival até às tantas da manhã.
Um dos organizadores lembrou-se de ser porreiro e convidar pessoas ligadas ao festival a irem beber um vinho branco no sítio do Festival, só que entretanto o homem ficou grosso, desapareceu com as chaves do edíficio deixando cerca de 15 pessoas fechadas, entre elas eu e o Jarno Latva-Nikkola. Fui eu e o jornalista Harri Römpötti que dê-mos conta do facto de estarmos fechados. Bom... subi, fui ver se ainda havia garrafas de vinho no frigorífico e anunciei que havia "boas e más notícias": a má era que estavamos fechados e a boa é que ainda havia vinho. Em 15 minutos tudo se desmanchou! Se ao início os finlandeses estavam com uma postura super-controlada, ou seja, não se fumava dentro do recinto, ia-se à porta fazer isso, quando se ia à porta era preciso ter cuidado mas pessoas não entrarem porque o edíficio era do Estado logo se um cidadão conseguir entrar tem todo esse direito estar lá dentro porque é um edifício público (democracia à séria!). Depois do meu anúncio, pessoas e coisas começaram a cair, miúdas começaram a gritar, começamos a fumar dentro do edifício e claro acabamos com as garrafas até o tal gajo aparecer todo podre e a perguntar "o que vocês estão a fazer cá dentro?". É por isto e muito mais que gosto da Finlândia!
Por acaso não me lembro do Jarno nesta situação... até que li o seu novo livro, hilariante como sempre, e encontrei uma bd sobre esta desaventura... Achei mesmo estranho ele relatar algo assim (ou será que acontece todos festivais? hahahaha) e perguntei-lhe por isso. Pelos vistos sou o gajo barbudo com uma máquina fotográfica que aparece na última vinheta da primeira página e na quinta da segunda. Lembro-me de levar máquina (tanto que as fotos foram usadas pelo Marko Turunen sobre este episódio) mas da barba não me lembro... E ele exagerou os factos na bd, ou isso ou também estava bêbado!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Loverboys


Ei! Não é a primeira vez que sou fotografado por alguém profissional... Em 1999, a Rita Carmo fez uma sessão fotográfica comigo e o João Fazenda para a promoção das bd's do "Loverboy" no jornal Blitz

O resto é História: falhamos um prazo de entrega e o Blitz deu-nos com os pés, dizendo que estavam a publicar as últimas páginas antes dos autores terem desaparecido numa floresta italiana - o Fazenda na realidade é que falhou o prazo indo de férias para Itália esquecendo-se de entregar pranchas para as semanas que estaria fora. A ideia dos autores desaparecidos era um ripanço total à ideia do filme Blair Witch Project que estreou nessa altura... Na realidade os tipos deviam estar loucos para nos despachar das páginas do jornal porque a estória que estava a desenvolver era uma espécie de "Manoel de Oliveira em LSD" - que deu no livro Loverboy (...) muda mas fica igual (...) (Polvo; 2001) - onde nada se passava a não ser pessoal a andar de um lado para o outro após terem tomarem ácidos num acampamento selvagem. Substituiram-nos mais tarde pelo inócuo Superfuzz, granda-treta! 

Pelo menos tudo foi divertido: a sessão fotográfica (o sorriso não é forçado!) e a bd mamada estava mesmo a ser publicada semanalmente sem nada de relevante estar a acontecer... acho que se pode ainda considerar esta bd de "experimental" mesmo que o "Loverboy" fosse um produto comercial. 

Ainda me lembro do Fazenda perguntar-me ao telefone "o que achas que isto quer dizer?", sobre o facto de terem escrito uma caixa de texto sobre termos "desaparecido e que eram as últimas pranchas a serem publicadas". Hahahahahaha 

Recentemente encontrei a Rita Carmo na inauguração da Tinta nos Nervos - daí a recuperação destas memórias dignas de cidadão sénior acabado + foto. Uma coisa curiosa que ela disse foi que foi a inauguração no CCB com público mais eclético e com a maior presença de pais dos artistas... Com estórias assim é natural que os autores levem os pais ao CCB para mostrar que valeu a pena terem aguentado as asneiras dos filhos, certo?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Läjä Äijälä : "X" (Huuda Huuda; 2010)

Custa-me dizer mal de algo finlandês mas há sempre excepções à regra. De um país exemplar em produção de bd e música, este álbum hiper-luxuoso que compila as bd pornográficas S/M de Läjä Äijälä são uma tremenda seca a vários níveis. O homem é uma instituição viva na Finlândia, conhecido sobretudo por ter sido o primeiro a gravar discos de música Industrial na Finlândia e sobretudo por ter criado o Hardcore finlandês, género musical ainda hoje respeitado pelo mundo fora, para além de muitas outras aventuras sonoras.
Nos anos 90 pelos vistos estava metido na cena S/M e fazia fanzines de bd que eram vendidos para Inglaterra. As 500 cópias desapareciam em duas semanas, reza a lenda, fazendo destas bd's verdadeiras curiosidades e peças de colecção para quem conhece o trabalho de Läjä. A Huuda Huuda, a melhor editora de bd finlandesa, trouxe ao descoberto as malditas bd's embaladas em capa dura de couro (claro), papel couché brilhante (ui!) e uma produção irrepreensível para qualquer fetichista.
A bizarria passa pelo uso de fatos latex, máscaras, apropriação da figura da Betty Page, entrada em mundos torturantes "cenobitas", um pouco de tortura aqui e urina acolá. No final, nada de escandaloso ou poderoso a nível de excitação sexual ou mental - e sempre ouvi dizer que é o cérebro o orgão sexual mais libinoso do corpo! Läjä não é um artista virtuoso nem um bruto, fica numa média estética que resulta num fanzine manhoso de 1993.
Este luxuoso livro é para quem caia num triângulo amoroso por Läjä, S/M e cultura finlandesa. Quem não estiver nessa formação, não vale meter-se nisto...