segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

piple du rescaldo


até ao final de Fevereiro está a exposição da Vera Marmelo na Trem Azul... são os retratos dos músicos e não-músicos do Festival Rescaldo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Imbecilon

Há várias razões de chamar o suplemento Ipsílon do jornal Público de "Imbecílon". Se calhar demasiadas mas o discurso não seria para explorar as falhas editoriais porque seriam sempre migalhas de algo superior que se instalou na sociedade portuguesa, nomeadamente o fenómeno terceiro-mundista que é a "fuga dos cérebros" - ou seja, os melhores talentos e intelectos a partirem para outros países onde possam ter uma maior realização profissional (monetária ou não). O Portugal Rural parece um estigma para sempre marcado neste país pobre, de fracos recursos, com incapacidade para investimento e inovação.
L.M.O. (Luís Miguel Oliveira) é crítico de Cinema neste suplemento e apesar do pobre-diabo não poder saber que na mesma semana que escrevia sobre um filme qualquer - Tu que vives - tinha inaugurado a exposição Tintas nos Nervos e que o seu colega de redacção José Marmeleira escrevia um artigo (menos inspirado que o habitual, por acaso) sobre a dita exposição, não impediu de fazer a relação anacrónica do filme ser "cartoon" ou "bd". Cartoon (cartum?) quer dizer piadas e anedotas, tudo bem, o filme parece ser pleno de anedotas pelo que li da resenha. BD para dizer a mesma coisa (piadas e anedotas) é imbecil e intolerável quando se mostra uma bd há muito livre do espartilho do humor e da caricatura. Mas se calhar cada um merece o têm, o L.M.O. merece estar neste suplemento cultural desconexo.

PS - ainda sobre o Público, jornal que comemora 20 anos em decadência - longe vão os tempos que era inovador e ousado - como é que na Segunda-Feira da inauguração da exposição, o artigo sobre a exposição consegue creditar o fotógrafo sem creditar os desenhos da Jucifer que eram a totalidade e foco total da fotografia publicada? Ou como nem se quer havia uma referência à autoria da obra fotografada no texto? Ao ler a legenda pensa-se que o desenho será do fotógrafo e não da autora. Não é uma lamechice o que digo, nem se reporta para a eterna insultada bd, infelizmente já vi isto acontecer com outras exposições, em que existe uma incidência sobre uma obra - e não sobre o espaço expositivo ou outros elementos - e quem fica creditado é o fotógrafo. No mínimo usa-se uma legenda para a obra fotografada... Um blogue-zine a ensinar jornalismo ao grande Público? Até parece um "cartoon"...

PPS - lembrei-me de outra nesta relação Público / BD / fuga de cérebros... para um jornal que há 20 anos apostou em bd (Pedro Cavalheiro, Vasco Colombo, ...) e na ilustração (as edições ilustradas quando inauguravam o Salão Lisboa ou a Ilustração Portuguesa) é engraçado que nunca se lembrou de falar no estado inerte da Bedeteca de Lisboa, desde 2006, quando a Câmara Municipal de Lisboa deixou cair a Ilustração Portuguesa. É estranho que nunca no Público se tenham questionado «olha, este ano ainda não fizemos uma edição ilustrada do jornal!?» Pelos vistos preferem a bedófilia homoerótica do Alix ao serviço comercial da Asa / LeYa...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

farra unDJ trem marmelo


retratos por Vera Marmelo.
porquê?
porque vou meter som na Trem Azul, no Festival Rescaldo, dia 22 deste mês, e a Marmelo tirou retratos a todos os participantes do Festival para uma exposição na Trem - que inaugura AMANHÃ.
...
o que está errado na foto?
drogas!
entretanto estou com o cabelo curto e ninguém vai-me reconhecer!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Diabos, anjos e o bastardo!



Lee Perry, Dennis Bowell & The On-U Soundsystem Vs Pempi : Iron Man (On-U; 2010)
Lene Lovich : Angels (Stiff; 1980)
Man is the Bastard : Sum of the Men "The brutality continues..." (Vermiform; 1991)

Fom-Fom é um rico gajo! Assim à queima-roupa desata-me a oferecer um disco, e ainda por cima, coisa boa! Um máxi do louco "Scratch" Perry a versionar os Black Sabbath! Que mamadice! Dubstep a replicar o ritmo e riff dos metaleiros-setenteiros enquanto o senhor vai dizendo uma palavras-parvoíces que nada terá de relação com as letras do Ozzy. Quando um tema é bom realmente pode-se fazer versões de qualquer forma. Neste caso é tratamento "deluxe", pois temos o seminal Perry e a produção do reputado produtor inglês Adrian Sherwood (cara e dono da On-U). Disco obrigatório para metaleiros e dreads!

Feira da Ladra é só vinis xungas, os que são porreiros começam a ter preços altos demais... Só para desabafar onde arranjei este single da Lovich. Não me lembro de ouvir esta gaja nos anos 80, conheci recentemente através de uma versão dos Phantom Vision. E é isso, New Wave energético que poderá ter piada para quem ainda suporta a Pop e o Rock. Não é o meu caso. Também comprei o disco pela contracapa - uma bela mosca verde em fundo amarelo a ilustrar o lado B, The fly, que é outro tema inútil. O disco custava 110 escudos, comprei-o a 50 cêntimos o que mostra como o mundo só piorou nos últimos 30 anos.


Em Mälmo, numa discoteca de discos e bd's (estranha ligação? não! só em Portugal é que não há disto) tinha uma boa secção de Hardcore (género que até nem ligo nada) e encontrei um disco dos Man is The Bastard, gajos que inventaram o sub-género "power violence", que está para o Hardcore como está o Sludge para o Metal. Arranca e pára, tudo lento e sujo, barulhento e raivoso,... quer dizer... Não sei se todas as bandas PV são assim, só conheço esta. Temas anti-capitalistas com foco ao berço norte-americano, tudo que se grunhe em 1991 deve fazer sentido em 2011. Coisa estranha, creio que tenho que este é o primeiro LP da banda, depois em 1996 fizeram um duplo com este LP e uma série de temas de splits, singles, etc... creio eu... De resto, o que se pode dizer mais disto? F-o-d-i-do! Peraí, peraí, isto é "template" para muita coisa que ainda se faz por aí! Ruído branco por baixo e tudo! Só não percebi qual a relação de John Wiese com isto.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quase chorei com esta entrada...


Marcos Farrajota (Lisboa, 1973) é um dos mais activos agentes da cena da banda desenhada portuguesa contemporânea, enquanto programador, editor e formador da Bedeteca de Lisboa (desde 2000) e noutros círculos mais independentes, e sobretudo enquanto editor das publicações da Associação Chili Com Carne (1995) e MMMNNNRRRG (2000), cujos títulos deram a conhecer a um público mais alargado alguns dos autores de Tinta nos Nervos, autores estrangeiros de círculos underground/independentes ou editando projectos internacionais como Crack On (Chili Com Carne/Forte Pressa: 2009). Mesmo como radialista (Invisual, Rádio Zero: 2008-2009) e “UnDJ”, a sua actividade procura as relações com a banda desenhada. A sua participação em fanzines recua alguns anos, destacando-se o ainda existente Mesinha de Cabeceira (o qual se tornou um “selo” de vários títulos), que fundou com Pedro Brito em 1992, ou os títulos Publish or Perish (com Rafael Gouveia) e Osso da Pilinha (com Joana Figueiredo); publicou muitas histórias e trabalhos em títulos tão diversos Quadrado, Zundap, os jornais Blitz e Público, as revistas Bíblia, V-Ludo e Underworld. Assinando como “Marte”, escreveu os três volumes da série Loverboy, desenhados por João Fazenda (Polvo: entre 1998 e 2001) e NM2.3: Policial Chindogu, desenhado por Pepedelrey (Lx Comics no. 9, Bedeteca de Lisboa: 2001), mas escreveu também para autores como Pedro Brito, Rui Gamito, Jorge Coelho e o brasileiro Fábio Zimbres, e desenhou uma pequena série escrita por Pedro Moura.
Enquanto autor a solo, conta na sua bibliografia com os livros É sempre tarde demais (Lx Comics no. 2, Bedeteca de Lisboa: 1998), e as antologias Noitadas, Deprês & Bubas (Chili Com Carne: 2008) e Talento Local (Chili Com Carne: 2010).
Marcos Farrajota trabalha no interior dos seus limites enquanto desenhador através de uma genuína atitude devedora do “do it yourself”, da “art brut”, composições de página inusitadas, um emprego criativo da matéria verbal que espalha pelas imagens, mas sobretudo pela intensidade das suas narrativas. Se bem que podemos encontrar já em Bordalo Pinheiro e outros autores pequenas experiências autobiográficas, é Farrajota, influenciado por autores como Harvey Pekar, Robert Crumb e todo o grupo dos autores norte-americanos dos anos 1990, quem se tornou um dos percursores mais visíveis da autobiografia moderna em banda desenhada em Portugal (que, fora parcas experiências, não é de todo um género comum no nosso país, com a possível excepção de Marco Mendes). Poderemos eventualmente irmaná-lo com autores tais como Mike Diana ou Christopher Webster, que publicou, pela veia cáustica, mas encontrando em Eddie Campbell e em Ralph Steadman possíveis modelos de um uso livre de tintas e riscos no adensamento das imagens (Hunter S. Thompson, com quem Steadman colaborou, é também um modelo no posicionamento “gonzo” das reportagens de Farrajota em torno do mundo musical). Os concertos a que assiste, as experiências - boas e más - com os amigos, as relações humanas, com o mundo, os delírios e os sonhos, transformam-se na matéria comum da franqueza das suas histórias. - Pedro Moura in catálogo da exposição Tinta nos Nervos, distribuído pela Chili Com Carne

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Tinta nos Nervos || CCB

Inaugura dia 10 de Janeiro, às 19h30, na Colecção Berardo no Centro Cultural de Belém a exposição Tinta nos Nervos. Banda Desenhada Portuguesa.

"Esta exposição visa dar uma perspectiva ampla da criação da banda desenhada portuguesa, procurando o encontro com novos públicos diversificados e expandindo a percepção social desta linguagem. A banda desenhada é sobretudo conhecida como uma linguagem de entretenimento, de massas, afecta ao público infanto-juvenil, sendo muito difícil que alguém não conheça as muitas personagens famosas que compõem essa paisagem cultural. No entanto, tal como em quase todos os outros campos artísticos, a banda desenhada também tem um número de autores que a procuram empregar como um meio de expressão mais pessoal, ou uma disciplina artística aberta a experimentações várias, informadas pelos discursos contemporâneos. Seja pelo lado da escrita, com autores a explorar a autobiografia, uma abordagem da paisagem cultural nacional, problemas de género ou políticos, seja pelo lado da visualidade, explorando novas linguagens, estruturações da página e até graus de abstracção. O mercado de banda desenhada em Portugal, não sendo propriamente forte nem muito diverso, quer em termos de traduções de obras contemporâneas ou históricas quer de trabalhos originais nacionais, é contraposto por toda uma série de experiências em círculos da edição independente ou de projectos alternativos que tem sido um produtivo solo para criadores extremamente interessantes e inovadores.

A exposição presente focará sobretudo autores modernos e contemporâneos – ainda que haja um desvio por dois autores históricos, experimentais na sua época: Rafael Bordalo Pinheiro, o “pai” da banda desenhada moderna portuguesa, e Carlos Botelho, autor do magnífico Ecos da Semana – que procuram elevar a banda desenhada a uma linguagem adulta e inovadora artisticamente. Do desenho suave de Richard Câmara às experiências de Pedro Nora, do minimalismo a preto-e-branco de Bruno Borges à multiplicidade de Maria João Worm, da presença solta de Teresa Câmara Pestana à exuberância das cores de Diniz Conefrey, da austeridade de Janus à vivacidade de Daniel Lima, haverá um largo espectro, ainda que pautado por critérios de pertinência artística, representativo desta área no nosso país. Estarão presentes autores de algum sucesso comercial e crítico (como, por exemplo, José Carlos Fernandes, António Jorge Gonçalves, Filipe Abranches, Nuno Saraiva e Victor Mesquita) e outros autores de círculos mais independentes (de Jucifer a André Lemos, Miguel Carneiro e Marco Mendes); autores cujas bandas desenhadas parecem obedecer às regras mais convencionais e clássicas da sua fabricação mas para explorar temas disruptivos (como Ana Cortesão, Pedro Zamith e Marcos Farrajota) e outros que as parecem ultrapassar em todos os aspectos (como Nuno Sousa, Carlos Pinheiro ou Cátia Serrão); e ainda artistas que criaram objectos impressos que empregam elementos passíveis de aproximação a uma leitura ampla da banda desenhada, isto é, fazem-nos pensar numa sua possível definição ou apreciação mais alargada (como Eduardo Batarda, Tiago Manuel, Isabel Baraona e Mauro Cerqueira). Nalguns casos, a exploração que os artistas fazem do desenho ganham corpo noutros objectos que não de papel, e que serão integrados nesta mostra (animações, esculturas, bonecos, maquetas, e fanzines-objecto, com larga incidência para aqueles criados por João Bragança)."

Alguns dos 43 artistas terão trabalho exposto: Ana Cortesão, André Lemos, Bruno Borges, Carlos Botelho, Carlos Zíngaro, Filipe Abranches, Isabel Carvalho, Janus, João Fazenda, João Maio Pinto, Jucifer, Marcos Farrajota, Maria João Worm, Miguel Carneiro, Pedro Nora, Pedro Zamith, Pepedelrey, Rafael Bordalo Pinheiro, Tiago Manuel entre outros. A exposição foi comissariada por Pedro Moura e estará patente até 27 de Março.