quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O que faz falta é avisar a malta...

Nos anos 70, a cultura juvenil não estava para brincadeiras. Depois das explosões e implosões de 68, muitos abriram os olhos para quem estava a manipular a cultura e as indústrias de entertenimento. No caso do Rock ou da música Pop não faltou críticas em livros como estes que aqui são mostrados: Pop Music / Rock (A Regra do Jogo; 1974) dos franceses Philippe Daufouy e Jean-Pierre Sarton, e O Mundo da Música Pop (Paisagem; 1973?) do alemão Rolf-Ulrich Kaiser.
Curiosamente ambos editados em Portugal numa altura que o boom do rock português ainda estava para vir, ninguém deve ter ligado aos ensinamentos destes livros que além de contarem a história do Pop/Rock aproveitam para dissecar a indústria fonográfica, da forma como exploram económicamente e ideológicamente os artistas e os consumidores-ouvintes.
São livros essêncialmente datados na era do Wikipedia e do mp3 (ilegal ou legal) mas ainda assim não deixam de serem inspiradores porque previram a decadência da música Pop/Rock e projectam a vinda de uma "nova música" (que ligam o Rock às vanguardas do Improv e do Free) - no caso de Kaiser, ele próprio será dono de uma editora de Krautrock. E ainda deita por fora os argumentos que a pirataria destroí a música, afinal, a verdade é que as grandes companhias viveram muitos anos com lucros bem gordos graças a nós, amantes de música.
Há poucos livros de Pop/Rock em Portugal, a maioria são de letras de bandas ou biografias de dinaussários. Muito poucos ou nenhuns de reflexão - como as brilhantes compilações do Rui Eduardo Paes - por isso se apanharem estes títulos nos alfarrabistas e afins aproveitem. O de Raiser acaba por ser o mais sarcástico e discursivo. Reproduz também uma entrevista ao Frank Zappa.

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