domingo, 10 de outubro de 2010

Suomi Singles (1)

O Tommi Musturi esteve em Madrid o ano passado e... vergonha! Deu-me vários singles que lançou antes da sua editora Boing Being se dedicar exclusivamente à bd. Andei a chatear-lhe durante meses e só passado um ano e um mês é que faço aqui um apanhado do material - esta é a vergonha!!! É rídiculo mas o que posso fazer!? Singles e EP's são irritantes de ouvir porque um gajo tem de se levantar de 4 em 4 minutos - com sorte! - para mudar de lado.


Enquanto por cá andava-se em Indíos deprimidos com as Beekeepers e afins, na Finlândia com menos sol tinham mais energia fazendo uma misturada de Garage, Punk, Grunge, Hardcore e Pop/Rock, em temas curtos que tanto devem à tradição do Hardcore finlandês criado pelos Terveet Kädet.
Os Mouth Odour na sua estreia homónima e da editora (1995) mostram essa mistura sem problemas num belo vinil verde repugnante - e já agora etiqueta cor-de-rosa choque, o que demostra que o (ab)uso de cores fortes tem sido uma constante no trabalho gráfico do Tommi. Refrigerator (1997) é uma continuação de trabalho: punk que se disfarça em Pop para montar Hardcore melódico enquanto se quebra em Prog de segundos - quase a lembrar os Atheist. Algures na capa do disco aparecem uma fórmulas matemáticas que nos deixam na dúvida o que temos aqui é Punk Politécnico!? Deixam-nos a boca aberta e a cheirar mal dela. Bom! Já os Blubberheads com Traumance (1996) é mais Hardcore e é também mais linear que os Mouth Odour, resta-lhes energia de sobra para sentir-se algum respeito.


Estas bandas repetem-se no EP Boogaboo-Baboon-Bang! (1996) que ainda junta os Luxury Spit e os Fridge. Os últimos são meio freaks e indies, Pop da amargura que lembra Portugal que se criticou no 2º parágrafo, esquece! Cada banda tem direito a dois temas, o segundo dos Luxury Spit é o que sobresai com o seu Riff viciante. A capa é do Musturi que também fazia o design de todas estas edições. É um Musturi jovem, com 20 anos, muito influenciado pelos efeitos psicadélicos underground mas com a minúcia que há de ser reconhecido no futuro.

In-Walked Blank e Songs that time forgot (1997) não temos canções mas sim instrumentais de Rock musculado - tipo Lobster, por exemplo. Dentro do espectro mais artsy ainda temos o split Warser Gate / Can Can Heads (1999), os primeiros são Noise Rock - não muito primata - e os segundos Post-Rock - não muito calmos. Nada a declarar...

Chegamos à secção "Trash Rock'n'rolla" com os The Brats e o seu Night of the Gorilla (1998). A voz faz lembrar a do Glenn Danzig, talvez daí a capa de "comic-book" série B de uma bd inglesa de 1967, ano que provavelmente a banda preferia estar como outras mil bandas "garageiras" que pupulam pelo planeta. Estavam em 1998 e não eram os únicos a entrar no revivalismo. Agora estamos em 2010, continua haver demasiada banda assim e não há volta a dar. Pode ser que quando inventarem uma máquina do tempo possamos despejar toda essa gente na década de 60. Seria maravilhoso...

Kapteeni Perkele - que quer dizer Capitão Diabo, creio... - com o EP Oihreita (1998) cantam em finlandês com o power do power-trio (se me permitirem a redudância). Guitarras e ritmo punkrolheiro a partir e talvez por isso que estamos a ouvir basco ou japonês - até parece uma banda "punk biesta" espanhola... Talvez a prova material que os artistas finlandeses fizeram um pacto com o Diabo e tudo o que fazem se não for criativo pelo menos é poderoso. Aqui não há xoninhas!

Sem comentários: