segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Seitan é grande!

Ganhamos o terceiro prémio do Slow Comics Best Fanzine 2010 pela Fundação Franco Fossati (Itália) com a antologia Seitan Seitan Scum, número 22 do zine Mesinha de Cabeceira. Grazie!
Infelizmente a tour da CCC não apanha por pouco o evento Slow Comics para recebermos pessoalmente o prémio...
(por detrás dos bastidores aqui.)

sábado, 28 de agosto de 2010

Primitive Future!


Cromagnon : Cave Rock (ESP-Disk / Jackpot; 2009?)

 A Cultura Pop tem sido um chorrilho de decepções no que diz respeito ao Futuro... não andamos em "heli-carros" nem temos armas lazer. O futuro inventado nos anos 50 foi nos anos 50 (excelente uma bd de Miguel Brieva, creio) ou o futuro inventado nos anos 80 foi para os anos 80 (ver a recente bd de David Campos na antologia Destruição). Mas nem todos deram boca! É o caso dos Cromagnon, norte-americanos psicadélicos que gravaram um único disco em 1969 (originalmente intitulado Orgasm) pela ESP. Disco experimental e maldito que levou anos a sair e a ser reconhecido como um marco importante da música.
O tema Caledonia lembra o cruzamento improvável de Carcass com os Test Department (por causa das gaitas-de-foles?), outro tema podia ser uma toineira dos  Butthole Surfers, outra malha é Einstürzende Neubauten sem o Romantismo, outra podia ser o mongolismo da cena Improv/Noise dos nossos dias - tipo Fat Worm of Errors -, noutra poderia ser Cabaret Voltaire (a banda), e claro, Psychic TV, Circle X, Black Dice e uma miríade de bandas sincopadas & barulhentas "mucho" contemporâneas. A questão é que estamos em 1969, e os gajos que faziam parte da tribo Cromagnon eram mais uns gajos do Rock/Blues como mil bandas do tipo, Boss Blues diz algo? Provavelmente não e também pouco deve interessar a não ser para os crominhos da nostalgia. Fartos dos ié-iés decidiram gravar na editora mais "fora" daquela altura (e era: Godz, Shags, W.S. Burroughs) para gravar um álbum "fora". 
Pela entrevista incluída na reedição vinil da Jackpot, um dos sobreviventes afirma que tinha decido "gravar um disco que se projectasse para o futuro de 30 anos", que fosse tão importante como a pélvis mexida do Presley ou a guitarra em chamas do Hendrix. Em 1999 teria resistido às modas do mundo. Em 2009 também e em 2010 eis um disco que aguenta as porradas todas. Muito marado. Curiosamente os temas rienvindicam um passado primitivo e pagão, intercalado com técnicas pós-modernistas como colagens sonoras, imaginário vintage (um tema tem, por exemplo, uma voz de crooner), atitude Free e tudo o mais para criar um dos discos mais bizarros de sempre embora o que eles não previram foi o Scum (Earache; 1987) dos Napalm Death.
Obrigado Eng. Fom-Fom por insistires a dar-me a conhecer este disco mais uma vez! Eu não queria ouvi-los outra vez de tão lixado que é o disco mas obrigado na mesma!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cristo era preto


Misa criolla / Misa Luba (Philips; 1964)

Um LP, split, de uma Aldeia Global avant la lettre, duas missas com o mesmo reportório mas interpretados por "pretinhos" e por índios. Desculpem-me o racismo-cliché mas este disco irrita! Irrita porque gostei dele, porque dá prazer ouvir estas missas! Até da capa gostei e não descobrindo na 'net até tirei esta foto (à esquerda).
De um lado Los Fronterizos com o coro Cantoría de la Basílica del Socorro sob direcção de Ariel Ramirez, da Argentina creio, avançam com músicas folclóricas sul-americanas (vidola, baguala, carnavalito, chacarena, ...) para criar um clima impressionante em que a harmonia se associa a ritmos de paganismo alegre. Uma aberração que explica porque o Cristianismo consegue ser tão popular - porque traduz as bíblias para a língua mais minoritária do planeta, porque mete o Rei Artur a lutar por Cristo, porque transforma qualquer porra mística num mártir / santinho da Igreja, e porque gosta de fazer mash-ups desde, claro, a Mensagem sobresaí sobre o outro tema. Esta Missa Crioula é um dos melhores exemplos dessa miscigenação cultural-religiosa operada pelos seus agentes - o tal Ramirez que devia ou ser um grande cabrão ou então um génio. Lindo!
A Misa Luba é uma baseada em canções tradicionais do Congo. Foi arranjada pelo padre franciscano belga Guido Haazen, tendo sido cantada e gravada pela primeira vez em 1958 por "Les Troubadours du Roi Baudouin", um coro de crianças e adolescentes de Kamina. O padre Guido Haazen chegou ao Congo Belga em 1953, vindo da bélgica. Em 1954, fundou o Troubadours (que deve seu nome ao rei Baudouin I da Bélgica) como um coro de 45 garotos dos 9 aos 14 anos, além de 15 professores da escola central de Kamina. Em 1958 o grupo excursionou pela europa para e chegou a se apresentar com os Meninos Cantores de Viena. Existia um grande grau de improvisação nas performances, baseadas em canções tradicionais. O Sanctus, por exemplo, se baseia em uma canção de despedida Kiluba.
A primeira gravação, feita em 1958, apresenta o vocalista solo Joachim Ngoi, foi lançada pela Philips em 1963 no Reino Unido e inclui, num dos lados, uma seleção de canções usadas como base para a Missa Luba. As seções do Sanctus e do Benedictus foram lançadas também como um single
(...) Menos impressionantes que os sul-americanos, de alguma forma já os ouvidos estão habituados às percurssões e vozes africanas, ainda assim, consegue criar um ambiente sombrio que não sabemos de havemos de rezar ou de dançar.
Depois destas experiências houve mais - daí nesta versão espanhola do disco tenham juntado duas versões? Ao que parece ainda este ano o Papa mais feio de sempre (vejam um "post" mais abaixo, sff) pretende numa onda de limpeza de imagem fazer uma missa 8-bytes, Breakcore e Gabba... Jesus vai voltar em 2012 a dançar esse Mambo! Uma Love Parade universal em que até as cruzes vão abanar! Os limites não existem com o Cristianismo... certo?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Digital drugs... Digital drugs!?

é por isso que se chama de "drone" - mas drogas digitais é fixe... vou passar a escrever isso ou "edrugs" invés de "drone" nas resenhas críticas a discos!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Scanner Darkly


Mick Harris, Eraldo Bernocchi : Overload lady (Sub Rosa; 1996)
Scanner vs Signs ov Chaos (Earache; 1997)

Duas aquisições que prometiam bastante mas que falharam redondamente. Se calhar em 1997 teriam sido o "state of the art" da música electrónica, passados estes anos são CD's com uma carga datada.
Mick Harris foi o pai do Grindcore e nos anos 90 meteu-se nas teias pesadas do Dub Industrial e Illbient - Scorn anyone? eu é mais scones... - sendo que será normal encontrar vários discos em nome próprio com algum outro cromo da música como é o caso deste com o italiano Bernocchi, em que ambos investem em techno revestido de jungle e ambientes sonoros negros. O efeito é de sonolência e irritação profunda de tão "demodé" que é. É demasiado caucasiano e digitalizado. Aposto que a culpa é do italiano - alguém se lembra de boa música do país da bota? Eu não...
Do Scanner não sabia o que esperar, da Earache talvez qualquer coisa uma vez que apostaram em Techno para Metaleiros na segunda metade dos anos 90. Invés disso surge uma manta de retalhos em que Scanner e SoC, ao que parece, partilham ficheiros e constroem temas - SoC os temas impares do CD e Scanner os pares num total de seis faixas, que começa com House do piorio e muda para Dub electrónico, breakbeat, big beat e ambient mas sem nunca criar um terreno sólido nem fértil. É uma manta de retalhos que se rasga toda logo à primeira audição. É triste. Dizem as críticas pela 'net fora que este é um período mau de Scanner, devem ter razão...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fazer vomitar pelos ouvidos sob a forma de um gafanhoto psicótico


The Locust : Plague Soundscapes (Anti-/Epitaph; 2003)

Este disco foi um dos meus muitos embustes enquanto "crítico" no infame pasquim infernal Underworld / Entulho Informativo. Sabe-se lá porquê na retomada do título a "redacção" era constituída só por toineira metaleira da velha guarda - havia boas pessoas mas com um sentido anacrónico agudo - e quando veio o final do ano com aquela cromice dos melhores álbuns do ano, achei incrível que nenhum daqueles metaleiros tivessem escolhido este álbum dos The Locust como uma das melhores de 2003 nas listas da revista. Só tinha ouvido uma faixa ou duas, e se calhar nem eram deste álbum e mesmo sem ouvir coloquei Plague Soundscapes como um dos melhores do ano... irresponsabilidade jornalística? Who cares!?
Os metaleiros nunca percebem quando algo de bom acontece e não perceberam como Locust merece estar no topo da Música Urbana com as suas músicas que não ultrapassam 2 minutos de gritaria grindcore e sintetizadores sci-fi. A origem está em Scum dos Napalm Death (a forma) passando pelos Anal Cunt (a desconstrução) e os insectos... sim claro, os insectos... se os insectos tivessem de tocar Metal tocariam assim como os Locust enquanto devorariam humanos estúpidos e não-estúpidos.
Um álbum tão importante como este até quem nem o nunca o ouviu deveria engolir em seco e ter os tomates de dizer «é um dos álbuns de 2003» (foi o que fiz em 2003) e não ouvindo quase nada de novo desde 2007 quando deixei de colaborar com revistas de música direi ainda «é um dos álbuns desta década!» Os meus tomates são maiores que todos os metaleiros juntos! Quando atingir a andropausa e não precisar deles vou pendurá-los à janela para todos os bichos possam admirá-los!