sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ah é verdade! 10 Bests of 2010:

Lançamento de "Vídeojogos são para falhados" do Rudolfo (Maus Hábitos; 13 Fev 2010)
10 anos da MMMNNNRRRG (Maus Hábitos; 14 e 15 Mai 2010)
Yoshi - o Puto Dragão E.P. (ed. de autor; 2010)
Igor Hofbauer em Portugal (Maio 2010)
v/a : "Apupópapa" (ed. de autor; 2010)
v/a : "MASSIVE" (Chili Com Carne; 2009/10)
Nevada Hill (Feira Laica; Jun 2010)
v/a : "O Último Fósforo" (Artside, 16 Jan - 8 Fev 2010)
This Routine Is Hell (Casa de Lafões; 6 Fev 2010)
Red Trio (Clean Feed; 2010)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O que faz falta é avisar a malta...

Nos anos 70, a cultura juvenil não estava para brincadeiras. Depois das explosões e implosões de 68, muitos abriram os olhos para quem estava a manipular a cultura e as indústrias de entertenimento. No caso do Rock ou da música Pop não faltou críticas em livros como estes que aqui são mostrados: Pop Music / Rock (A Regra do Jogo; 1974) dos franceses Philippe Daufouy e Jean-Pierre Sarton, e O Mundo da Música Pop (Paisagem; 1973?) do alemão Rolf-Ulrich Kaiser.
Curiosamente ambos editados em Portugal numa altura que o boom do rock português ainda estava para vir, ninguém deve ter ligado aos ensinamentos destes livros que além de contarem a história do Pop/Rock aproveitam para dissecar a indústria fonográfica, da forma como exploram económicamente e ideológicamente os artistas e os consumidores-ouvintes.
São livros essêncialmente datados na era do Wikipedia e do mp3 (ilegal ou legal) mas ainda assim não deixam de serem inspiradores porque previram a decadência da música Pop/Rock e projectam a vinda de uma "nova música" (que ligam o Rock às vanguardas do Improv e do Free) - no caso de Kaiser, ele próprio será dono de uma editora de Krautrock. E ainda deita por fora os argumentos que a pirataria destroí a música, afinal, a verdade é que as grandes companhias viveram muitos anos com lucros bem gordos graças a nós, amantes de música.
Há poucos livros de Pop/Rock em Portugal, a maioria são de letras de bandas ou biografias de dinaussários. Muito poucos ou nenhuns de reflexão - como as brilhantes compilações do Rui Eduardo Paes - por isso se apanharem estes títulos nos alfarrabistas e afins aproveitem. O de Raiser acaba por ser o mais sarcástico e discursivo. Reproduz também uma entrevista ao Frank Zappa.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um panaské!


O Rodrigues vai-se reformar depois de 57 anos ao serviço do Palmeira, a servir imperiais e batatas extremamente salgadas! Os bêbados do costume vão fazer um zine amanhã para despedida deste senhor. Esta é a minha colaboração. Amanhã ainda bebo um panaché!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CIA info 72.0



Fui convidado para o Pindura 2011 - um calendário com 365 desenhos, 3 por autor! O tema será o elevador, sendo curioso que foi necessário usar aquele desenho da direita como "template"... Sabe bem ser convidado para fazer coisas, cara, e meti-me mãos à obra! Eis o esboço de um dos três desenhos, seguido pelo desenho "acabado" que falta meter na moldura - ou no elevador, neste caso!



E tcham, resultado final:

os calções ficaram cinzentos aproveitando o do elevador - não foi pensado, foi uma descoberta com a layer em "multiply"... viva o photoshop, cara!



No passado Domingo saiu em Brasília, esta semana é em Rio de Janeiro... Esta semana chegou à Chili Com Carne uns quantos exemplares para venda - contactem para saber como adquirir o caldendário mais porreta do mundo!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mercantologia 4: Talento Local

para quem queria ler mais depois do Noitadas e É sempre tarde demais (Lx Comics #2, Bedeteca de Lisboa; 1998) e perdeu zines, revistas, jornais e exposições com trabalhos do Farrajota: My Precious Things, BoDe, Bíblia, Inside, Cru, Publish or Perish, Zalão de Danda Besenhada, Amo-te, Osso da Pilinha, V_Ludo, Stereocomics Special SPX (França), Milk+Wodka (Suiça), LxComicsZine, Mistério da Cultura, Crack On e Combate... agora fica tudo compilado!
Mais uns inéditos, poucos!
Este livro fecha um ciclo de produção em que toda a BD autobiográfica de Farrajota se encontra em 3 livros! O quotidiano suburbano desinteressante fica para a posterioridade! Que venha uma bomba atómica para cima da Biblioteca Nacional para que se perca o rastro deste infeliz ser humano!
Há ironia com um título como "Talento Local". Mais quando se junta o pastor protestante estrela roque do Senhor Tiago Guillul no prefácio - um bom livro de um escritor de Domingo tem sempre alguém da paróquia para prefaciar! E ainda mais quando o autor de bd sérvio Aleksandar Zograf se junta para uma bd a meias (inédita).
...
quarto volume da Mercantologia, colecção dedicada à reedição de material perdido do mundo dos zines.
80p. 15 x 21 cm
500 exemplares
ISBN: 978-989-8363-08-4
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PVP: 5€ (50% desconto para sócios, lojas e jornalistas) à venda no sítio da Chili Com Carne. Brevemente na CDGO.com e Fábrica Features
...
Historial: lançado na 17ª Feira Laica (Dez'10) ...
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Feedback: é fixe rever alguns conceitos famosos dos 90’s: em Londres é que se faz teatro Rafael Gouveia ...


exemplos de bd's:

originalmente publicadas no Inside (1998), Cru (1999), Stereoscomic (2001) e Milk+Wodka (2003)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Artistas que deveriam ter estado em Beslan


Dresden Dolls (8ft.; 2003)
Mofo : The Atari Punks on Dope (Metrodiscos; 2004)
Um reflexo da 3ª Guerra Mundial - o massacre na escola de Beslam em 2004 - mas que invés de atingir pessoas armadas em artistas foi liquidar 300 inocentes crianças. Porque não estavam lá os Dresden Dolls ou os Mofo a apanhar os balázios?
Os primeiros são uns norte-americanos feios que tem estado no pico do movimento Dark Cabaret - estilo de música que cruza o cabaret / burlesco com a rudez Punk ou o obscurantismo Gótico. Bem podem tentar passar por pessoas inteligentes mas não devem saber comer com uma faca e garfo, em compensação sabem compor bem com piano e bateria com a poesia urbana bem recitada por Amanda Palmer em "template" Siouxsie Sioux - mas a Sioux é quase um "template" para qualquer banda Rock com uma vocalista, diga-se. Graças a uma qualidade orelhuda Pop da banda que letras terrivelmente vulgares passam despercebidas, como a da canção "The Jeep Song" em que a tipa canta: everywhere I look I see / your '96 Jeep Cherokee.
Pelos vistos este ano a Feira Laica foi má de discos. Os Dresden peguei porque conhecia uma música deles numa compilação que até pareciam ser interessantes. Os Mofo tudo o que ouvi deles (versões em compilações da Raging Planet) era uma valente bosta de vaca. Custava um Euro na "loja" da Segunda Mão da Feira e esperava pelo menos encontrar uma faixa boa no meio do esterco - isto acontece muitas vezes isto em discos manhosos ou de bandas de Rock Industrial - mas não encontrei mesmo nada...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Manchete do dia:


Miguel Martinez de Mexico : Les Mariachis (Discophiles Français; 19__)

A culpa é do Rudolfo... o puto foi a Madrid e achou piada oferecer-me um disco comprado a 1 eur de Mariachis... Que parvito! Que queridito! E ainda por cima riscado! Claro que a cavalo dado: tudo na veia! 
Começei a ouvir o disco, um "sexy 10 polegadas" (admito algum fetiche por este tipo de disco vinil, não é desconfortável como os LP's e têm mais tempo de música que os singles), que destila huapangos, sons, corridos e rancheras de cortar o coração como uma faca aquecida corta manteiga em fatias. Um mimo para se ouvir no inverno em casa enquanto se desenha. Melhor que isto só mesmo uma jenka
Nesta altura em que anda tudo loco com o filme Machete não podia ser melhor. Por falar nisso, porque no raio do filme não há uma única música dos Brujeria!? É a única falha do filme ! Uma grande falha! Knives are cool again!
Ah! E gracias Rudolfen!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tão amigos que eles eram...


primeira prancha "original" e segunda prancha acabada da bd para um zine espanhol no âmbito da CCC Freak Tour.
O "portugñol" é uma desculpa divertida para suavizar a violência e o absurdo da situação.
último exemplar do Combate (título do zine!) está à venda aqui

Este disco vale um milhão de libras!!!


KLF : Justified & Ancient (KLF Communications; 1991)

Foi a banda "Pop/Rock" que mais danos fez e ninguém lhes dá importância. Todos ficam contentes em saber nos golpes dos Sex Pistols mas os KLF foram piores Situacionistas que os Punks. Fizeram música mais ou menos xunga, enriqueceram com vendas de singles nos Tops mundiais e enterraram a sua carreira, primeiro contratando os Extreme Noise Terror nos prémios Brit para fazerem uma versão Grind do sucesso 3A.M. Eternal, depois proibindo a edição do seu material e por fim queimando um milhão de libras ganho das vendas (e impostos deduzidos).
Cada vez que encontro um disco deles penso que poderei estar de frente a uma raridade porque como escrevi eles proíbiram a edição de mais discos seus mas... como também escrevi, venderam como nem ginjas na sua curta carreira por isso há a pontapé discos deles.
A música é House, a primeira geração de música de dança a invadir os Tops - juntamente com os Technotronic, Snap e outras trampas comerciais que apesar de tudo tem um patine de inocência e carisma comparando com o asco que se transformou a produção posterior de Música de Dança. Os KLF são da altura que samplar era um problema, e foram os primeiros a fazer mash-ups e a cunhar o Chill Out, isto a favor deles. Depois podemos achar que estamos perante o fim da civilização pois a música tem o seu quê de piroso apesar de ter layers de samplagem marada: ritmos africanos, guitarra country, sons de multidão, "rapadas" manhosas, palavras de ordem herméticas - que se deviam ao fascínio da obra de Robert Anton Wilson (1932-2007) -, efeitos sonoros ingénuos, autofagia referencial (aos Timelords e JAMM's, projectos anteriores) e tudo do pior que se pode imaginar. A mistura não deixa de ser extraordinária e fascinante apesar de tudo. Não creio que os KLF odiassem a sua música fatela que fácilmente chegou aos topos de vendas. Sabiam que para continuarem a serem "terrorartistas" teriam de voltar a ter pouco dinheiro caso contrário ficariam confortáveis e estagnados como os punks... Se assim não fosse não poderiam ter cuspido na Arte Contemporânea como fizeram ao criarem a Foundation K e o seu prémio para a pior Artista do Ano.
Por isso, cada disco deles deve ser recuperado não como uma forma de coleccionismo bacoco nem como forma de especulação económica e-bay. Pela música talvez, se quiserem mas sobretudo para terem em posse uma peça de Arte Contemporânea tal como uma serigrafia do Warhol ou uma lata Merda de Artista.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Apodrecendo no planeta Terra...




A ida ao Hei joe deu nisto: um CD de 56 minutos "dronistas" (desculpem, queria dizer e-drugistas) e psicadélicos (inevitávelmente) cuja a figura de proa é nada mais nada menos o Sonic Boom (Spacemen 3, Spectrum) acompanhado por outros cromos: Kevin Martin (na altura God, mais tarde Techno Animal, hoje The Bug - o artista da década!), Kevin Shields (My Bloody Valentine) e Eddie Prevost (dos seminais A.M.M.).
De alguma forma estamos naquilo que se convencionou chamar o "som do espaço" - mesmo quando sabemos que no Espaço não há som - ou seja, neste caso o modus operandi é o uso de orgãos e feedbacks de guitarras a emularem um futuro cósmico inventado pelos chips torturados da banda sonora do filme Forbidden Planet (1956) num Eterno Retorno fajuto nas suas quatro faixas que variam entre os 7 e os 20 minutos. Mas não damos por elas nem queremos saber se tem uma ordem porque ficamos hipnotizados a ouvir esta porra - com drogitas aposto que deve ser um mimo, deve mesmo dar vontade de morrer numa overdose-eutanásia-simpática com o cerebelo a sair no corpinho e a expandir-se pró grande-irmão-universo-deus-blá-blá. Um bófia marciano isola o local do sinistro e diz para o público curioso: "vão se embora, não há aqui nada para ver!"

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ai agora é que vai doer!?

Foi com demasiadas (agora sei) expectativas que fui ao lançamento da revista Chicote para chegar à conclusão que vai continuar a não haver nada nas bancas para comprar / ler - por isso, amigos, nunca se esqueçam do vosso livro (ou revista estrangeira) antes de sair de casa para ler na vossa rotina pendular de transportes públicos ou na vossa mais ou menos extraordinária viagem de avião!
Ainda recentemente queixava-me que a Cultura Beta tinha ganho a Capital, pois agora ganharam mais um orgão de informação, como se não bastasse a ausência de espírito crítico do "retro-chic" da Umbigo e das novas tendências da Dif e da Parq. É verdade que alguns textos do Chicote são de longe melhores que as futilidades "peter pan" das outras publicações referidas mas em algumas situações usa as mesmas convencionais "armas de desilução maciça" (tipas semi-nuas como desculpa para as ejaculações comerciais precoces) ou as mesmas incompetências comunicacionais de todas as publicações portuguesas. Graficamente é uma pálida imitação da Exit (revista inglesa) com os erros à portuguesa: páginas com camadas uniformes de texto, as ilustrações são inexistentes para não dizer más - só existem duas, uma do Pedro Zamith (nada de anormal no seu trabalho) e outra de uma tipa qualquer sem jeitinho nenhum coitadinha, ainda podemos dizer que há ilustração na revista?
Parece uma revista para betos que se querem deprimir. Os textos são na essência pré e pró apocalípticos, ou melhor, são realistas: são tratadas questões da crise económica, tecnológica e energética em paradoxo ao "glam" de uma revista "glossy". Poderão sugerir que estamos perante uma "maçã envenenada", uma revista "iluminada" disfarçada de cultura mainstream. Um beto estúpido pega na coisa pelas mamas das tipas amarradas e apanha com um artigo a dizer de que estamos bem fodidos para sempre. Podia ser giro se conseguisse pensar que existe essa estratégia mas não me parece... Se houver, terá de ser mais refinada e sofisticada, e estar a dois passos à frente de tudo!
Se o director da revista, António Cerveira Pinto, em tempos foi considerado como o crítico/ comissário enfant terrible, agora talvez seja apenas um velho terrível porque fez um péssimo trabalho e nada aprendeu sobre ética jornalística. É natural que todo o grupo organizado - esta revista está incluída numa pretensa comunidade artística, a Smart Gallery, do qual é mentor - crie os seus orgãos de publicidade e/ou propaganda. O ridículo é quando se crítica os outros (a sociedade e as suas conspirações - artigo sobre a seita Meditação Transcendental) e se faz o mesmo erro. Neste número Zamith é ilustrador do editorial e é difundido uma exposição sua na Smart Gallery em destaque na agenda cultural; o mesmo se passa com o grupo de designers da revista que tem direito a um longo artigo a elogiá-los - bem precisam pela mediocridade do seu trabalho demonstrada na própria publicação, diga-se... Não há problema que façam estas manobras de auto-promoção mas que o assumam de início de forma explícita e não dessimulada ou envergonhada tão típica da maneira dos portugueses. Ou então que o façam de forma imaginativa...
A Chicote diz-se que trata de «arquitectura, artes visuais, cinema, design, escrita, fotografia, ilustração, moda, meios interactivos, rádio, música, performance, teatro, vídeo, ecologia e indústrias criativas» mas quase nada disto existe nas suas páginas, e em alguns casos é de um conservadorismo atroz como a secção de música, que é de vomitar a medula. Mais, escreve-se algures nos sites da Missão da revista: «Promove o cosmopolitismo cultural, estimula a criatividade, defende as indústrias criativas, promove a internacionalização dos autores e marcas culturais, dissemina as boas práticas criativas, contribui para a formação de públicos urbanos exigentes.», uma piada mal contada nunca está só... cada item desta lista daria para fazer um "post" mas não há tempo para isso, tenho em mãos vários números da Mollusk que dará para 20 viagens de Metro versus a duas do Chicote, realmente, tenho mais que fazer...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lost & Found music Department


bd a meias - quer dizer, o Andreas Michalke fez muito mais que metade, ou melhor, eu fiz muito menos que metade - sobre discos... Discos que Andreas comprou na sua estadia em Portugal com a redacção do jornal alemão Jungle World - onde foi publicada a bd - e discos que arranjei durante a CCC Freak Tour.
+ infos aqui.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Suomi Singles (2)

Ainda há pouco tempo falava que a Onião Faz a força já os finlandeses sabiam disso há bués!!! Seis editoras que editavam estes singles distribuiam entre eles as suas edições na melhor marketing colaborativo possível.
Kuusi Plentä Kustantajaa (essa "joint-venture") é representado num logotipo com seis figuras humanas, e cada vez que aparece na capa de um disco é colocado um número no centro da figura para identicar qual é a editora naquele grupo. Pelos vistos a Verdura era o número 5 e era mais dada ao psicadelismo pelo que percebi pelo catálogo e ouvindo o Tirez sur le musicien (2001) de Hinageshi Bondage, um noiser finlandês que desenvolve neste single um drone e um ambiente opressor pós-industrial, dividido em duas partes (os dois lados do disco).


EP's de vinis de 7" com montes de faixas não é coisa impossível sobretudo se forem com bandas Grindcore mas não é o que acontece com Shit Hits Volyme One (E Records; 1996) em que encontramos 7 bandas mas só uma ou duas é do Grind: Autumnfire, Irstas, Fuckathon, Obfuscation (primeira banda de um dos gajos dos Circle), Plan E, Belial e Anonymus. De resto, há Grunge, Crust e música psicadélica semi-experimental movida a sintetizadores como os finlandeses gostam. Em poucos minutos entramos em vários mundos mal-gravados - muitas das faixas eram de demo-tapes, e naqueles dias não havia os genocídios de erros via pro-tools e PC's. Soa a quente mesmo vinda das fiordes.

(pois, a capa não é esta mas como isto já é velhinho não há muitos registos na 'net para sacar; e o disco tem mesmo "volyme" escrito e não "volume"...)

Resta dizer que o tal "marketing participativo" funcionava tanto que passado quase 15 anos, arranjei estes belos discos, que ainda poderão ser pedidos - posso servir de intermediário sem problemas!

domingo, 10 de outubro de 2010

Suomi Singles (1)

O Tommi Musturi esteve em Madrid o ano passado e... vergonha! Deu-me vários singles que lançou antes da sua editora Boing Being se dedicar exclusivamente à bd. Andei a chatear-lhe durante meses e só passado um ano e um mês é que faço aqui um apanhado do material - esta é a vergonha!!! É rídiculo mas o que posso fazer!? Singles e EP's são irritantes de ouvir porque um gajo tem de se levantar de 4 em 4 minutos - com sorte! - para mudar de lado.


Enquanto por cá andava-se em Indíos deprimidos com as Beekeepers e afins, na Finlândia com menos sol tinham mais energia fazendo uma misturada de Garage, Punk, Grunge, Hardcore e Pop/Rock, em temas curtos que tanto devem à tradição do Hardcore finlandês criado pelos Terveet Kädet.
Os Mouth Odour na sua estreia homónima e da editora (1995) mostram essa mistura sem problemas num belo vinil verde repugnante - e já agora etiqueta cor-de-rosa choque, o que demostra que o (ab)uso de cores fortes tem sido uma constante no trabalho gráfico do Tommi. Refrigerator (1997) é uma continuação de trabalho: punk que se disfarça em Pop para montar Hardcore melódico enquanto se quebra em Prog de segundos - quase a lembrar os Atheist. Algures na capa do disco aparecem uma fórmulas matemáticas que nos deixam na dúvida o que temos aqui é Punk Politécnico!? Deixam-nos a boca aberta e a cheirar mal dela. Bom! Já os Blubberheads com Traumance (1996) é mais Hardcore e é também mais linear que os Mouth Odour, resta-lhes energia de sobra para sentir-se algum respeito.


Estas bandas repetem-se no EP Boogaboo-Baboon-Bang! (1996) que ainda junta os Luxury Spit e os Fridge. Os últimos são meio freaks e indies, Pop da amargura que lembra Portugal que se criticou no 2º parágrafo, esquece! Cada banda tem direito a dois temas, o segundo dos Luxury Spit é o que sobresai com o seu Riff viciante. A capa é do Musturi que também fazia o design de todas estas edições. É um Musturi jovem, com 20 anos, muito influenciado pelos efeitos psicadélicos underground mas com a minúcia que há de ser reconhecido no futuro.

In-Walked Blank e Songs that time forgot (1997) não temos canções mas sim instrumentais de Rock musculado - tipo Lobster, por exemplo. Dentro do espectro mais artsy ainda temos o split Warser Gate / Can Can Heads (1999), os primeiros são Noise Rock - não muito primata - e os segundos Post-Rock - não muito calmos. Nada a declarar...

Chegamos à secção "Trash Rock'n'rolla" com os The Brats e o seu Night of the Gorilla (1998). A voz faz lembrar a do Glenn Danzig, talvez daí a capa de "comic-book" série B de uma bd inglesa de 1967, ano que provavelmente a banda preferia estar como outras mil bandas "garageiras" que pupulam pelo planeta. Estavam em 1998 e não eram os únicos a entrar no revivalismo. Agora estamos em 2010, continua haver demasiada banda assim e não há volta a dar. Pode ser que quando inventarem uma máquina do tempo possamos despejar toda essa gente na década de 60. Seria maravilhoso...

Kapteeni Perkele - que quer dizer Capitão Diabo, creio... - com o EP Oihreita (1998) cantam em finlandês com o power do power-trio (se me permitirem a redudância). Guitarras e ritmo punkrolheiro a partir e talvez por isso que estamos a ouvir basco ou japonês - até parece uma banda "punk biesta" espanhola... Talvez a prova material que os artistas finlandeses fizeram um pacto com o Diabo e tudo o que fazem se não for criativo pelo menos é poderoso. Aqui não há xoninhas!

sábado, 25 de setembro de 2010

Scanner Darkly 3


Quando escrevi sobre o álbum de estreia, Archie-Lymb, destes franceses na revista Underworld / Entulho Informativo #19 (Abr'06) explicava que a música que iamos ouvir era explicada a priori pela capa do disco. Falando do álbum seguinte, dois anos depois da estreia e dois anos depois de ter saído (adquiri em Berlim durante a Freak Tour da CCC na conceituada loja Staalplaat), acho que ainda se pode manter a mesma forma de fazer a resenha crítica - embora admita que desde que parei de escrever para publicações, tornei estas resenhas displicentes e pouco sumarentas. Talvez esteja na hora de as abandonar, quem sabe...
Na capa e no interior do CD Hero Crisis temos um cavaleiro e outras imagens misto de "stencil" e de rendas sobre um fundo frio azul-metalizado. Se Archie-Lymb esvaziava-se em "Paraísos Artificiais" veranis, este disco é Inverno electromagnético onde o Electro ganhou protagonismo, a tensão e a melancolia deste projecto mantêm-se mas está cristalizada, de alguma forma perdeu-se a frescura e a promessa de percorrer novos mundos sonoros. Não quer dizer que Hero crisis seja mau - ou que esteja arrependido de ter colocado Archie-Lymb como um dos melhores álbuns de 2006 - apenas deixou de ser uma surpresa e passou a ser um mundo próprio com regras e leis próprias. Se o primeiro era anarquia agora passou-se para o rigor. É a outra face da mesma moeda?
Quando andava pelos 20 anos curtia era o Inverno - a escuridão, o frio, a obrigação de algo - hoje com os 30 anos é o contrário, venha o Verão e o seu descanço e renovação das células... Sem prejuízo deste CD ser bastante bom fico-me pelo Archie-Lymb.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Scanner Darkly 2


Mick Harris, Eraldo Bernocchi : Total Station (Sub Rosa; 1998)
Scanner : Delivery (Earache; 1997)

Segundo round com os mesmos gajos que escrevi recentemente, desta vez o Harris e o Bernocchi safam-se melhor estando mais orientados para beats Hip Hop com um fundo dub industrial. Mas na realidade não faz mossa para quem já tiver os Techno Animal como referência, tem faixas porreiras, outras vulgares e uma um bocado pirosa. Bah! Nada de novo, talvez fosse interessante em 1998...
Delivery fecha as abordagens tolas da colaboração com Signs ov Chaos para um álbum quase que ambiental dramático - embora tenha beats - e ao que parece transita para um espaço musical de Scanner mais conhecido pelo seu trabalho de piratear conversas telefónicas alheias - encontra-se aqui duas dessas faixas "voyeuristas", o deseperante Heidi e tenso Affaire. Não foge a alguns "templates" da revolução musical electrónica dos anos 90 e já pode ter um cunho datado da época, o que torna a aposta no Scanner numa coisa definitivamente estranha no catálogo barulhento da Earache. Go figure!?

sábado, 18 de setembro de 2010

#22 : Seitan Seitan Scum


Finalmente está cá fora o número #22 do zine Mesinha de Cabeceira com trabalhos de projectos frustrados pela inércia alheia e uma série de novos trabalhos vindos do outro lado do Atlântico sobre o tema das "Seitas"
.
Chegou numa altura que Portugal recebe o decadente representante da Seita Seminal - a que criou as estruturas repressoras mais complexas da História da Humanidade. O Papa Rammstein fez de Portugal o seu penico católico e os portugueses nem piaram. Fecharam a Baixa Lisboeta para ele poder mijar disparates e o Estado português subserviente e salazarista deixou os seus Ministérios serem fechados, bem como escolas, universidades, bibliotecas e tudo o que é "seu" e ainda mandou rebocar carros para que o Papa Mais Feio de Sempre ("por cada pecado cometido, uma ruga te marcará a cara", como está escrito na Bíblia Sagrada!) possa sujar as nossas ruas com a sua legião de beatas pestilentas.
A única hipótese de salvar o país seria se o Representante Máximo do Porco Nazareno trouxesse a Peste Negra que lhe deve estar naqueles genes de Rato Negro e dizimasse todos os tontos que lhe cortejam. Mas o Universo é injusto e cruel e isso não acontecerá... só nos resta ler e ver o Seitan Seitan Scum
...
Depois de mil atribulações, em que os editores do projecto já achavam que haveria uma Cabala contra o livro conseguimos reunir ilustrações (muitas) e bd's (poucas) dos portugueses Bruno Borges, Pepedelrey, Filipe Abranches, Pedro Zamith (capa), Mulher-Bala, Jorge Coelho, André Lemos, José Feitor, João Maio Pinto, Daniel Seabra Lopes, João Tércio, Ricardo Cabral, e ainda cartuns de Silas - a representar a ala Protestante, bem como o Panque Roque do Senhor (ele pertence à banda Pontos Negros entre outros projectos FlorCaveira).

Do Brasil surgiram muitas propostas de bd vindas dos colectivos mais dinámicos do momento como o pessoal das revistas Prego (Chico Fêlix, Guido Imbroisi e Alex Vieira) e Samba (Gabriel Mesquita, Gabriel Góes e LTG), e do colectivo Pégassus Alado representados por Biú, Roberta Ramos e Stevz, e que nos visitaram em 2008 no evento Brucutumia.

Do Brasil também temos o Fábio Zimbres - excelente grafista e responsável pela extinta mas muito influente revista Animal - que desenhou uma história de Marte (Loverboy, NM), argumento escrito para outro projecto frustrado.

Por fim, temos ainda o norte-americano satânico-que-baste e polémico Mike Diana que numa bd decide homenagear a banda portuguesa industrialita Bizarra Locomotiva, sabe-se lá porquê. Os originais, aliás, já tinham sido apresentados no evento Furacão Mitra, em Dezembro de 2008 na sua visita papesca, e nunca chegamos a perceber porquê a razão de tal coisa... aliás, não se percebe nada deste livro!
Amén!
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60p A4 a cores. edição brochada.
ISBN: 978-989-8363-00-8.
co-edição El Pep e Chili Com Carne
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ESGOTADO / exemplares disponíveis para consulta e empréstimo na Bedeteca de Beja e Bedeteca de Lisboa
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Historial: lançamento a 20 de Maio 2010 na loja Trem Azul na Rua Garrett nº70 no âmbito do Chiado After Work com a presença de alguns dos autores ... 3º prémio do Slowcomics Best Fanzine 2010 pela Fundação Franco Fossati (Itália)
...
Feedback: uma excelente antologia de histórias em quadrinhos, colagens, cartuns e ilustrações que falam – ou emitem pensamentos telepáticos – sobre as mazelas das religiões como um todo – ou como a própria contra capa resume, descrença secular. Nada recomendado para os de fraco estômago e os mais ortodoxos. Amém. Pula Pirata ...
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exemplos de trabalhos (Stevz, Mulher-Bala, Mike Diana e Daniel Seabra Lopes):

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Seitan é grande!

Ganhamos o terceiro prémio do Slow Comics Best Fanzine 2010 pela Fundação Franco Fossati (Itália) com a antologia Seitan Seitan Scum, número 22 do zine Mesinha de Cabeceira. Grazie!
Infelizmente a tour da CCC não apanha por pouco o evento Slow Comics para recebermos pessoalmente o prémio...
(por detrás dos bastidores aqui.)

sábado, 28 de agosto de 2010

Primitive Future!


Cromagnon : Cave Rock (ESP-Disk / Jackpot; 2009?)

 A Cultura Pop tem sido um chorrilho de decepções no que diz respeito ao Futuro... não andamos em "heli-carros" nem temos armas lazer. O futuro inventado nos anos 50 foi nos anos 50 (excelente uma bd de Miguel Brieva, creio) ou o futuro inventado nos anos 80 foi para os anos 80 (ver a recente bd de David Campos na antologia Destruição). Mas nem todos deram boca! É o caso dos Cromagnon, norte-americanos psicadélicos que gravaram um único disco em 1969 (originalmente intitulado Orgasm) pela ESP. Disco experimental e maldito que levou anos a sair e a ser reconhecido como um marco importante da música.
O tema Caledonia lembra o cruzamento improvável de Carcass com os Test Department (por causa das gaitas-de-foles?), outro tema podia ser uma toineira dos  Butthole Surfers, outra malha é Einstürzende Neubauten sem o Romantismo, outra podia ser o mongolismo da cena Improv/Noise dos nossos dias - tipo Fat Worm of Errors -, noutra poderia ser Cabaret Voltaire (a banda), e claro, Psychic TV, Circle X, Black Dice e uma miríade de bandas sincopadas & barulhentas "mucho" contemporâneas. A questão é que estamos em 1969, e os gajos que faziam parte da tribo Cromagnon eram mais uns gajos do Rock/Blues como mil bandas do tipo, Boss Blues diz algo? Provavelmente não e também pouco deve interessar a não ser para os crominhos da nostalgia. Fartos dos ié-iés decidiram gravar na editora mais "fora" daquela altura (e era: Godz, Shags, W.S. Burroughs) para gravar um álbum "fora". 
Pela entrevista incluída na reedição vinil da Jackpot, um dos sobreviventes afirma que tinha decido "gravar um disco que se projectasse para o futuro de 30 anos", que fosse tão importante como a pélvis mexida do Presley ou a guitarra em chamas do Hendrix. Em 1999 teria resistido às modas do mundo. Em 2009 também e em 2010 eis um disco que aguenta as porradas todas. Muito marado. Curiosamente os temas rienvindicam um passado primitivo e pagão, intercalado com técnicas pós-modernistas como colagens sonoras, imaginário vintage (um tema tem, por exemplo, uma voz de crooner), atitude Free e tudo o mais para criar um dos discos mais bizarros de sempre embora o que eles não previram foi o Scum (Earache; 1987) dos Napalm Death.
Obrigado Eng. Fom-Fom por insistires a dar-me a conhecer este disco mais uma vez! Eu não queria ouvi-los outra vez de tão lixado que é o disco mas obrigado na mesma!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cristo era preto


Misa criolla / Misa Luba (Philips; 1964)

Um LP, split, de uma Aldeia Global avant la lettre, duas missas com o mesmo reportório mas interpretados por "pretinhos" e por índios. Desculpem-me o racismo-cliché mas este disco irrita! Irrita porque gostei dele, porque dá prazer ouvir estas missas! Até da capa gostei e não descobrindo na 'net até tirei esta foto (à esquerda).
De um lado Los Fronterizos com o coro Cantoría de la Basílica del Socorro sob direcção de Ariel Ramirez, da Argentina creio, avançam com músicas folclóricas sul-americanas (vidola, baguala, carnavalito, chacarena, ...) para criar um clima impressionante em que a harmonia se associa a ritmos de paganismo alegre. Uma aberração que explica porque o Cristianismo consegue ser tão popular - porque traduz as bíblias para a língua mais minoritária do planeta, porque mete o Rei Artur a lutar por Cristo, porque transforma qualquer porra mística num mártir / santinho da Igreja, e porque gosta de fazer mash-ups desde, claro, a Mensagem sobresaí sobre o outro tema. Esta Missa Crioula é um dos melhores exemplos dessa miscigenação cultural-religiosa operada pelos seus agentes - o tal Ramirez que devia ou ser um grande cabrão ou então um génio. Lindo!
A Misa Luba é uma baseada em canções tradicionais do Congo. Foi arranjada pelo padre franciscano belga Guido Haazen, tendo sido cantada e gravada pela primeira vez em 1958 por "Les Troubadours du Roi Baudouin", um coro de crianças e adolescentes de Kamina. O padre Guido Haazen chegou ao Congo Belga em 1953, vindo da bélgica. Em 1954, fundou o Troubadours (que deve seu nome ao rei Baudouin I da Bélgica) como um coro de 45 garotos dos 9 aos 14 anos, além de 15 professores da escola central de Kamina. Em 1958 o grupo excursionou pela europa para e chegou a se apresentar com os Meninos Cantores de Viena. Existia um grande grau de improvisação nas performances, baseadas em canções tradicionais. O Sanctus, por exemplo, se baseia em uma canção de despedida Kiluba.
A primeira gravação, feita em 1958, apresenta o vocalista solo Joachim Ngoi, foi lançada pela Philips em 1963 no Reino Unido e inclui, num dos lados, uma seleção de canções usadas como base para a Missa Luba. As seções do Sanctus e do Benedictus foram lançadas também como um single
(...) Menos impressionantes que os sul-americanos, de alguma forma já os ouvidos estão habituados às percurssões e vozes africanas, ainda assim, consegue criar um ambiente sombrio que não sabemos de havemos de rezar ou de dançar.
Depois destas experiências houve mais - daí nesta versão espanhola do disco tenham juntado duas versões? Ao que parece ainda este ano o Papa mais feio de sempre (vejam um "post" mais abaixo, sff) pretende numa onda de limpeza de imagem fazer uma missa 8-bytes, Breakcore e Gabba... Jesus vai voltar em 2012 a dançar esse Mambo! Uma Love Parade universal em que até as cruzes vão abanar! Os limites não existem com o Cristianismo... certo?