segunda-feira, 14 de agosto de 2006

all gone from A to E

A minha colaboração com o Underworld / Entulho Informativo foi-se... e antes que eles tirem as minhas críticas do site deles (nunca se sabe) vim alojá-las aqui mesmo assim ao molho, só por ordem alfabrútica! As reviews têm pontuação à boa maneira de revista pro e os nomes das bandas estão em caixa alta sabe-se lá porque razão idiota...

ADVANTAGE The Elf-intitled CD 2005 · 5RC / Sabotage
Vivemos num mundo em ruínas, uma Roma cercada de bárbaros à espera de ser saqueada... Bem... ‘bora divertir-nos antes do massacre e do fim da nossa existência! Bute ouvir estes californianos que juraram gravar todas as músicas da Nintendo até morrerem! Tarefa essa que continua neste segundo álbum: as músicas de 8 bits dos clássicos Double Dragon III, Castlevania, Wizards & Warriors são transformados para o formato “guitarra, baixo e bateria”, em estruturas muito bem conseguidas de Rock-Jazz-pseudo-electrónico, que podem lembrar um pouco os Trans Am. Merecem a pontuação em linguagem binária: 0011,0101

ANABELA DUARTE DIGITAL QUARTET Blank Melodies CD 2005 · Zounds / Sabotage
Polaroids: Anabela e a Björk fazem compras em Londres; Anabela e a Laurie Anderson tomam um cappuccino em Nova Iorque; Anabela ao lado do “Fernando Pessoa” na Brasileira, a comer um pastel de nata... Quem é esta gaja ao lado da Björk? Anabela Duarte é uma figura injustamente esquecida da Pop nacional porque, à excepção do trabalho com os Mler Ife Dada, a carreira dela nunca foi mediatizada. A solo, fez dois discos: “Lisbunah” (Polygram; 1987), no qual já trabalhava uma revisão do Fado (muito antes desta moda salazarenta) e “Delito” (Ananana; 1999), com gravações de espectáculos de 1991 no Instituto Franco-Português, e onde o tradicional e a cibernética apertavam muito bem as mãos. Apesar da gravação ser fraca, “Delito” mostrava que Anabela sempre esteve uns passos à frente de quase toda a gente em Portugal. E tão à frente está ela que fez um terceiro disco – finalmente com uma boa produção, como é apanágio da Zounds – tão sofisticado que “Ela-ela” perdeu a Alma. Não é à toa que a Björk ou a Anderson aparecem logo no início deste texto – as comparações são inevitáveis, os maneirismos deixam-nos desapaixonados. Anabela canta pela primeira vez tudo em inglês, um fascismo linguístico, quando antes usava o português e enxertava inglês, francês, alemão, arménio e “Dada”. O som Microwave até nos entusiasma, sobretudo em “There Will Be Evil”. As doze músicas que compõem o CD são bonitas mas a beleza é de um Design artificial. O título “Blank Melodies” assenta como uma luva: melodias vazias. “Alfama” ficou lá bem para trás. 3,3

ANDRÉ ROBILLARD Sait-on jamais la vie CD/DVD 2002 · Le Dernier Cri
A editora francesa Le Dernier Cri é a ovelha negra das independentes francesas. É uma editora que se dedica a lançar os desenhos, ilustrações e banda desenhada em livros (geralmente serigrafados com mestria) mais agressivos do planeta. Mas também lançam discos Punk Noise... entre eles encontramos este de André Robillard um demente cujo o trabalho é procurado / cobiçado pelos coleccionadores de Art Brut. É conhecido pelas suas armas Lazer feitos de lixo encontrado na rua. Mas o bicho também canta. E toca acordéon (até lhe dá!) para além de executar uma estranha percussão com um balde e cartuchos vazios nos dedos... Irritante ao ponto de se quer me dar ao trabalho de perceber o que homem diz, eis um objecto que serve de registo aúdio de um artista louco e dos periquitos na gaiola que vivem com ele. 3

BERNARDO DEVLIN Circa 1999 [9 implosões] CD 2003 · ExtremOcidente / Sabotage
- Então Marte, o que tens feito?
- Olha, ando a escrever para um zine de música...
- E é fixe?
- Sim, escrevo sobre bd e alguns Cêdês de música estranha...
- Música estranha?
- O que não é Metal, Punk e Hardcore [risos] ... sei lá... sobre Industrial ou Pop... coisas inclassificáveis como o Bernardo Devlin...
- Devil!?
- Não é Devil Metal! É mesmo nome de beto, Bernardo Deve-line. Fez a banda sonora d' A Suspeita...
- Aquele filme de animação muita-bom?
- Yá!
- E é fixe?
- Algumas pessoas gostam, a parte instrumental é do melhor que já se fez em Portugal mas a voz dele estraga tudo... o que eu gosto mesmo é do nome da editora, Extremo Ocidente, tudo pegado!!!
- Masé-fixe?
- São 9 composições bufas & oníricas de música contemporânea... não é Clássica, não é Jazz mas usa elementos de ambos...
- Masé-fixe?
- Ele já fez parte dos Osso Exótico, lembras-te?
- Sim, sim, masé-fixe?
- Lembras-te mesmo de Osso Exótico!?
- Bardamerda, para a próxima não falo contigo, adeus!
- ...
3,5

BY-PASS Psychoactive CD 2000 · ITMM
I. O autor sérvio de bd Aleksandar Zograf veio a Portugal e passou-me o disco de estreia dos seus vizinhos By-pass. Ambos vivem na cidade de Pancevo, cidade essa que foi bombardeada pelas Forças da Liberdade da NATO em 1999... pois. Dada a estas "convulções de libertação" (para não dizer outra coisa) devem imaginar que não deve ter sido fácil gravar e editar o album.
II. Poucos meios, grande imaginação. A jeito de brincadeira, hoje ao almoço, dizia para a minha colega de trabalho que Portugal também devia ser bombardeado ou sofrer uma guerra civil para a arte portuguesa deixar de ser uma punheta chata.
III. Os By-pass podem ser facilmente rotulados como um Rock Neo-Grunge que suplica a Soundgarden e Tool, e apesar de a dada altura perderem a pica nas últimas faixas, também sabem apresentar um Rock poderoso com identidade. E isto porque sabem Criar. E só se cria quando se tem à vontade para ser lúdico. E esta banda "psioactiva" sabe fugir fugazmente aos seus moldes fazendo experiências laterais - usando electrónica ou até elementos étnicos - que até soam a algo de novo mesmo quando sabemos que isso não é verdade.
IV. By-pass não é a melhor banda de sempre, é só mais uma banda de garagem perdida no mundo mas serve de exemplo para as bandas de garagem de Portugal. Se em Portugal o pessoal fosse menos coninhas e parasse de fingir que é muito sério e/ou profissional - o que até hoje não deu em nada no que diz respeito a fama & fortuna tirando os Moonspell diga-se de passagem - e já agora se cantassem na sua língua-mãe - estes By-pass cantam em sérvio = não percebo um peido... mas garanto que soa bem! - talvez a música portuguesa fosse mais excitante e sincera. Estamos balofos ou mimados (escolham)...
V. O humor está mais que presente a julgar por um separador em que o David Lee Roth é parodiado... só por isso já vale a a pena! «I'm just a gigolo!» 3,4

CLEANING WOMEN Aelita CD 2004 · Badvugum/ BV2
Se o tivesse ouvido em 2004 seria o meu álbum do ano! Apesar de ser um CD encontro-lhe um feeling de LP/vinil, isto porque a partir da faixa sete – que no grafismo do CD inicia a segunda coluna de títulos das músicas – o ambiente muda completamente. Bem, do que falamos? Copy+paste sobre o primeiro CD criticado no texto do Under’ #15: “os CW são “Post Novelty Noise Rock Funk Sci-fi Samba Metal Disco Hardcore Folk Industrial Zounds” / Três pseudo-travestis pegam em restos de material de limpeza doméstica (estendal da roupa, tambor da máquina de lavar, baldes, parafusos, …) / Obcecados por limpeza / Rock transgénico com dramatismo da música tradicional e riqueza rítmica do Industrial.” Neste segundo disco, começam com uma “banda sonora” de seis minutos para o filme de Iakov Protazanov, “Aelita” (1924), que é o primeiro soviético de Ficção Científica – a acção passa-se em Marte, prestes a explodir numa Revolução Operária, e tem cenários/roupa esteticamente devedoras ao Futurismo e ao Construtivismo [o filme é remontado num videoclip de dez minutos e incluído no CD]. A tal banda sonora recria o ambiente cinematográfico e nostálgico na perfeição, com um toque épico de meter inveja a muita banda de Gothic Metal. Uma homenagem e uma obra-prima ao mesmo tempo? Possivelmente! Até à quinta faixa há um tom sério com Hip-Hop Industrial, Country meio tonto, Hardcore desmembrado, etc... Chega ao lado B (a faixa 7) e o tom muda para algo divertido: funky, musical de Broadway (“Entertaining Musical Hall”), Metal Étnico/Oriental (lembra Secret Chiefs 3), jingle para vídeo promocional de um hotel de Verão... Logo vêem. E sempre com um som “CW”. É pouco? É! Só tem 42 minutos! Quero mais!! 5

CREWCIAL Ombuto (A semente) CD 2005 · Matarroa / SóHipHop
Com as edições de Conjunto Ngonguenha, Verbal e agora estes Crewcial, a editora nortenha Matarroa tornou-se na embaixada de hiphop angolana em Portugal. O que per se já é uma boa notícia obstante que os discos de Crewcial e Verbal - ao contrário dos Conj. Ngonguenha - deixam um bocado a desejar. O Hip Hop é o fenómeno (musical e não só) urbano mais importante dos últimos anos não só em Portugal e na comunidade portuguesa, no entanto o que tem faltado é loucura e genialidade nos grupos/discos. Não que a qualidade de gravação, produção, da música e "literária" sejam más - aliás isso já não existe neste milênio graças ao acesso tecnológico - mas justamente neste caso podia haver aquela metáfora que entre Angola e Portugal há uma distância enorme mas ouvindo "Ombuto" não damos conta disso... as raízes africanos devem ter caído do Boeing 747, os tripulantes ouviram demasiada R'n'B foleira nos auscultadores do avião e por fim foram assimilados pelo cinzentismo português quando chegaram ao aeroporto. E já agora, por falar em qualidades de produção, parabéns ao Chemega, provavelmente o designer de embalagens de cédés mais original do mundo! Quem duvidar que veja o que ele fez com a estreia de Verbal e agora com este disco: chemega.com - é que este é o segundo disco (o outro é do Verbal) que só está lá em casa por causa da embalagem! 3,1

DEATH FROM ABOVE 1979 You're a woman, I'm a machine Duplo CD 2005 · Last Gang / 679 / Farol
Parece que anda na moda bandas de 2 elementos e realmente para quê ter uma banda de 7 gajos para fazer estardalhaço? Numa pespectiva KISS (keep it simple, stupid) acredito que deve criar uma sinergia mais intimista e menos distraída com apenas 2 pessoas. E os resultados estão à vista, neste caso, estes canadianos transbordam energia e imaginação Rock e Funk trashalhado (a referência antiga dos Gang of Four não poderia estar de fora como aliás tem acontecido com maior parte das bandas dos últimos 2 anos) chupado nas veias revisitadas da New Wave. É natural a comparação dos DFA1979 a Liars, Yeah Yeah Yeahs e The Rapture. Com bateria, voz e sem guitarra (incrivelmente emulada pelo baixo e sintetizadores) convencem-nos a dar um pezinho de dança e a beber mais um copo... e mais outro e... a desgraça acontece... uma bebedeira daquelas que dá para dançar histericamente a provar a quantidade temas "single" que podem ser sacados de um álbum com pouco mais de 35 minutos, que é diversificado e certeiro como deve ser um bom álbum de estreia. A presente edição inglesa presenteia-nos com um disco extra com 2 vídeo-clips, um tema ao vivo, dois extra e 3 remisturas a dar para o "Electro", tudo isto material sacado da discografia "extra-álbum" da banda que completam mais uns vinte e tal minutos de prazer. 4

DINOSAUR Jr. 3 CêDês 2005 · Sweet Nothing / Ananana
Dinosaur [1985] Era o álbum homónimo da banda antes da banda ter de acrescentar o “Jr. “ por já haver outros Dinosaur na praça. Já cá está tudo o que viria a tornar os Dino Jr. em algo único nos anos 80: barulheira sónica, energia crua ressacada do Hardcore, solos de guitarra Heavy, sentimentalismo Folk e letras lamentosas cantadas por uma voz mastigada de J Macis.
Extras: O primeiro single “Does it Float” ao vivo, o que permite comparar o tema em estúdio e o inferno sónico live. 3,7
You’re Living All Over Me [1987] É o desenvolvimento natural e aperfeiçoamento da fórmula descoberta. Gravado na editora da altura, casa dos Sonic Youth ou dos Husker Du, o baixista Lou Barlow tem direito à composição de dois temas neste disco cheio de energia Pop/Rock com trago metalizado.
Extras: A versão bem porreira de “Just Like Heaven” (The Cure) e dois vídeos. 4,2
Bug [1988] Primeiro álbum já com a denominação “Jr.” e o último da formação original. Macis torna-se o único compositor e tirano da banda. O som está tão solidificado que mais do que nunca apresenta as suas características dualistas: acessível /complexo, épico/melancólico. Mas o que é mesmo fixe neste disco é que não todos os dias que se mete um tipo da banda a gritar durante 4 minutos “porquê é que vocês não gostam de mim?”. Barlow saiu depois deste álbum para criar os Sebadoh, Folk Implosion, …
Extras: Dois videoclips. 4,1
Conclusão: Com estas três reedições fica feita a primeira parte da história dos Dino Jr. Em 1988 sai também pela SST, o primeiro dos Soundgarden, um ano depois aparecia “Bleach” e em 1991 “Nevermind”, ambos dos Nirvana. O plano Grunge estava em curso! Os Dino Jr. iriam ter a sua quota-parte da fama nos anos 90 até à sua dissolução em 1997 – e respectivo recente retorno que até deu direito a uma visita ao Sudoeste deste ano.


DISCO DOOM Binary stars CD 2003 · Defer / Architecture
Começa com Dinosaur Jr., depois parece Melvins com Pavement, há terceira música já vamos para Blues Explosion com Sebadoh, mais tarde Sonic Youth e outros "indíos"... não que seja mau o disco destes suiços mas para quem é já batido nestas andanças já sabe que mais vale ficar pelos originais de que uns "local heroes". Por acaso o disco até é bem esgalhado e bem trabalhado fugindo muitas das vezes para caminhos menos óbvios da mediania do "indie" como para o Stoner ou Space Rock mas ficamos sempre com aquela sensação de desconforto de que já ouvimos aquilo noutro sítio qualquer. Mais curioso é o ritmo do álbum que começa com temas mais agressivos e depois vai caindo para paisagens marcianas calmas e intrigantes... isto em 34 minutos. Nada maus para estreia. 3,5

DOWN RIVER NATION Pulse CD 1999 · Chaosphere Recordings
Alguns cromos de bandas mais ou menos conhecidas como The Whores of Babylon (Goth-Metal electrónico), English Dogs (Punk UK anos 80), Prodigy (Techno, pseudo Punk-electrónico) juntaram-se e fizeram uma brincadeira: tocar Rock pesado... Desde já digo que é um álbum bem produzido - até demais para uma brincadeira - mas há aquela máxima: "Basicamente, os ingleses não sabem rockar!!!" Buenos... tem bons riffs, boa bateria, etc... mas no fim, a coisa não pega, nem é Rock doce (sim porque os ingleses sabem fazer pop deliciosa!) nem é Rock amargo. Não que seja mau, não que não tenha até alguma originalidade, não que não seja bem tocado. Não bate, porque será? Simples: "Basicamente, os ingleses não sabem rockar!!!" Estranhamente este disco foi só editado cá em Portugal, considerando as personalidades envolvidas é caso para dizer que temos aqui uma peça de colecção. 3

DSM666 CDr 2006 · useLESS POORductions
DSM666 é alter-ego do K.U.T. (Kero um tiro – Gabba, Digital Hardcore, Teknoise), ou vise-versa - e é ainda Eye.8.soccer (Perestrelo Noise) e quem sabe outros mil projectos secretos. Neste projecto dedicado ao Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM, manual publicado pela Associação Psiquiátrica Americana que serve para identificar as várias doenças mentais) é aplicado a fórmula Drone industrializante, que presta vassalagem ao Black e Doom Metal para criar o efeito de ambiente negro e psicótico q.b. – agora que Portugal tem finalmente "serial-killers" poderemos apreciar este tipo de obra com algum orgulho nacional e pesar dramático, ié! Esta “Burzum Black Mayonnaise Mass” (perdoem-me os anglicismos) está materializada num CD-R de edição limitadíssima (existem 10 exemplares empacotados em cartão de pastas de arquivo) que traz três faixas de cerca de 17 minutos no total, e ainda bem que passado a coisa começa a irritar os tímpanos. De resto, quem tiver curiosidade basta ir ouvir no MySpace do projecto e se quiserem o objecto peçam ao Dr.Gama. 3,5

D’EVIL LEECH PROJECT Bleed Your Mind CD 2004 · Raging Planet
Não posso ficar calada quando vejo injustiças! A sério que não! Não percebo porque um dos melhores projectos de Metal – de Extreme metal, o único em Portugal? – é completamente esquecido pelo fandom português, pela imprensa especializada e tudo que rasteje nesta pátria lusa que use cabelo longo para headbanging. Nenhum álbum de estreia (embora este já seja o segundo do colectivo, uma vez que antes intitulavam-se de Devileech e gravaram Leechtron pela CD7 em 1997) foi tão ignorado - em relação directa à qualidade da banda e da sua música. Não percebo como tanta trampa que anda por ai recebe mais atenção e carinho que eles. Talvez porque incluam excertos electrónicos e o pessoal da pesada não curta? Porque pareciam uma pandilha de gays (“Tom of Finland a desenhar os Flinstones”) no vídeo-clip “M0du5 0p3r4nd1”? Porque são da margem sul? Porque usam caixa de ritmos? Mas a voz à Cannibal Corpse não convence ninguém? Nem a dualidade brutalidade e sofisticação de uns Zyklon? Nem os milhentos riffs imaginativos que escutamos nos 54 minutos do CD? Nem o Industrial Death Metal a rodos? Nem as letras sujas de Gore? Parece que ninguém se apercebeu que os D’evil tem imaginação para todos que se atravessarem no seu caminho. Por exemplo, o tema “Into Slackness” é surpreendente pela facilidade como começam com um riff minimal devedor aos My Dying Bride e algum Heavy Metal clássico (Psicadélico!), transmutando-se em Death, regressando ao riff psicadélico e acabando numa Electrónica quase ambiental na linha dos projectos mais “funcionais” da Thisco… e quando nos damos conta do que aconteceu já estamos no próximo tema, “Achromatic Impetus”. Toda a obra que se encontra registado neste este disco é uma viagem cyber-porno-serial-killer que nos deixa em estado de ansiedade tal, que se o animal de estimação arrastar a bola de ténis pelo chão e fizer um “barulho suspeito” o mais certo é apanharmos um susto valente – iá! o violador louco do bairro entrou em casa! E se de valentia escrevo, então estes 4 tipos são isso e muito mais porque até a “Dave-Mckeanada” está bem feita, ou seja, o artwork do CD está melhor que qualquer outra banda do género neste canto europeu e acreditem sendo eu uma metalhead já há alguns anos sei do que falo! O que eu quero dizer é que mesmo quando os D’evil caiem no cliché da cena, conseguem fazer melhor que a média. Isso já é muito nos dias que correm!
PS – há rumores de um regresso para este ano… amigos do underground: atentos e dêem o vosso apoio a UMA banda lusa realmente BOA! assinado como Axima Bruta 4,5

EAGLES OF DEATH METAL Peace Love Death Metal C D 2004 · AntAcidAudio / Sabotage
Na banda sonora de "Kill Bill vol.1" há uma música horrível mas que acaba por ser fixe. Correcção, mesmo muita fixe... é aquela versão Tex-Mex-Disco-de-tias dos Animals de uns tais Santa Esmeralda! Nos anos 90, o "kitsch" tornou-se um estandarte de muita arte e a ironia, a arma de arremesso. A vergonha de gostar de algo que é francamente mau tornou-se "cool". É o que acontece com esta banda, que começando logo pelo nome que é apropriado à banda autora do infra-satânico tema "Hotel California". E depois de Death Metal não tem nada, claro, afinal são os Eagles do Death Metal! Como se pode escrever uma resenha séria a uma banda cuja capa do primeiro disco se apresenta de cor-de-rosa e azul bébé? E quando a música só nos faz lembrar em gritar «let's boogie!»? [Que nojo: «let's boogie!»] Mas os EDM soam bem, sim, é verdade, o que se pode fazer? Afinal seria impossível mais uma banda da família dos Queens of Stone Age (Josh Homme é aqui baterista) soar mal, não? Só que invés de Rock pesado e desértico o passeio dos EDM é pela Pop manhoso e Rock sulista dos anos 70 (fazem uma versão de "Stuck in the Middle with You" dos Stealers Wheel, lembram-se da banda sonora dos "Cães Danados" também do Tarantino?), pelo Blues/Garage à Jon Spencer, pelo "Arena Rock" dos Kiss, pelo Glam de ir ao cuzinho, pelo "Funk-Falseto" à Prince, etc... uma paneleirice pegada que há muito não se via! Que este será o disco de verão para muita boa gente isso será... eu gostei... e pelos vistos tenho mau gosto! 4,1

EARTH Hex; Or Printing In The Infernal Method CD 2005 · Southern Lord / Sabotage
O regresso de uma banda lendária dos anos 90 que estimulou o famoso Drone Metal que tanto se fala nos dias de hoje. Um regresso cinematográfico em que o Doom da banda é abandonado para o “Gótico Americano” – o quadro de Grant Wood (1891-1942) – ou se preferirem para o “Dead Man” de Jim Jarmush - um dos filmes mais bonitos de sempre, se me permitirem o aparte. Aliás, o que temos aqui é a continuação do que Neil Young fez na banda sonora do filme: Drone-Country. Por isso fãs de (Dark) Americana eis aqui um bom disco, mórbido e desértico como é regra. Metaleiros pouco encontrarão algo que vos interesse. Gajos que pensam que os Dead Combo são fixes podem encontrar aqui algo melhor. Fãs de Earth antigo talvez venham a gostar da mudança. Quem gostar da ideia de um mash-up entre Ry Cooder e primórdios de Black Sabbath este é o disco. 4

EXPERIENCE Positive karaoke with a gun / Negative karaoke with a smile CD + DVD 2005 · Boxson / Green UFOs / Ananana
O que é pior que uma banda Rock espanhola? Fácil... uma banda Rock francesa! Os Experience além de serem uma continuação evoluída dos Noir Desir (para falar da linhagem francófona apenas) acrescentam à violência sónica alguma voz rapada e electrónica (samplers). Vão no terceiro registo constituído pelo "Positive (...)", um CD de versões, e o "Negative (...)", DVD típico de banda ao vivo, na estrada e outras vulgaridades, coisa para fã sem critério. O CD é que me provoca (alguma) confusão tal é o ecletismo e bom gosto de bandas/músicas escolhidas, que atravessam estilos tão díspares como HipHop (Public Enemy), Rock sónico (Pussy Galore), Emocore (Q and not U), Alt.Country (Bonnie Prince Billy), ou gente inclassificável como P.I.L. e Soul Coughing, ou esquecida como Moonshake - uma banda Indie inglesa dos 90! É preciso ser cromo para juntar isto tudo! Só que bom gosto nunca foi sinónimo de Arte e estes zombies são pretensiosos e pouco calorosos (o típico francês?). Se havia dúvidas o DVD ranhoso tira-as. Tanto faz que sejam malucos q.b. para escolher Gil Scott Heron e Shellac, uma Almita nunca chegará aparecer! E porque nos dias de hoje é normal comprar DVD e CD na mesma embalagem: [2(DVD)+3,3(CD)]:2= 2,65

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