sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Fernando Cerqueira (ed.): "Antibothis, vol.1" (col. THISCOvery CCChannel, Chili Com Carne + Thisco; 2007)

Mais do que ser a nova aventura editorial da Chili Com Carne e da Thisco - o nome da colecção remonta à promoção/protocolo entre as duas associações) é a nova aventura cultural de Fernando Cerqueira (Croniamantal, SPH, livraria Ligotage, Ras.Al.Ghul, Rasal.Asad, Thisco) que aqui faz o papel de editor da antologia de "vozes discordantes", Antibothis.
Ou por ser o primeiro volume ou por ser uma antologia, Antibothis tem altos e baixos - e se calhar esta afirmação deriva também dos meus interesses à partida. Os altos são de indole cultural e político, como os textos do eco-fascista finlandês Pentti Linkola ou sobre Arte Cibernética pelo brasileiro Edgar Franco. Os baixos serão os que se metem pela religião e as tretas esotéricas como os textos do Ordo Antichristianus Illuminati ou Denny Sargent, e pensando melhor não tem haver com o facto do assunto não me interessar - viva Julius Évola! - mas porque as entrevistas foram feitas por e-mail e revelam os defeitos desse formato. Há também partes cinzentas como os textos "cut-up" cacofónicos do japonês Kenji Siratori que são verdadeiros "ciber-puzzles" sem solução racional. A Inteligência Artifical já existe e escreve poesia... O nipónico sabe imitá-la! Uma poesia "alien" e sem qualquer possibilidade de afinidade humana - impressionante seja como for, além de que é pela primeira vez que Siratori é publicado em Portugal, é um (e)feito!
Quanto ao CD que é de "spoken word / oral cut up" tem um resultado não muito longe da colectânea Electronic Thisturbance (Thisco; 2004) excepto que aqui acontece duas coisas, a primeira é que os textos são envolta do conceito "this" (textos escritos por Cerqueira) e em segundo, a música e as vozes foram misturadas também por Cerqueira sem o conhecimento dos artistas participantes. Daí que a "parceria" Netherworld com Kenji Siratori ou a de Jarboe com Rasal.Asad sejam inesperadas até para os próprios artistas. As excepções serão as de Phil Von e Thermidor que cuidaram de tudo (som + voz). Dos textos escritos em inglês acontecem algumas curiosidades: Siratori e os Structura recitam nas suas línguas maternas (japonês e português) o que sempre é melhor que o inglês empastelado de Fernando Ribeiro, Thermidor e Euthymia - todos eles portugueses que assim acabam por em risco a seriedade do projecto. Quem sabe trabalhar com voz sabe e por isso destacam-se como são os casos de Christophe Demarthe, Jarboe, Structura e Siratori.
Está à venda aqui.

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