quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Trash Converters, receptor

Com a desmaterialização da música os preços dos CD's só tem de baixar... E realmente, menos as novidades, os CD's estão a baixar. Resta saber porque ainda se quer comprar CD's nos tempos do saca-saca da 'net. Pelas capas? É melhor regressar ao vinil, como aliás, já está a acontecer... Talvez por isso que indo às lojas Cashland pode-se encontrar coisas muito boas apenas por 2,5€. Claro, que é preciso sujar os dedos e eventualmente contrair uma doença dérmica ou duas. Mas até vale a pena, lembro que em 2004 numa loja (ainda chamada Cash Converters) encontrei coisas porreiras como o louco do Eugene Chadbourne e os Die Warzau (cena da boa velha Wax Trax!). Recentemente tenho passado pela loja na Praça do Chile e tenho sido tentado a levar algumas cenas estranhas de HipHop e Metal. Há para lá CD's de Punk / Hardcore, mas sinceramente não tenho paciência para esse som de fascistas mentais.

Algumas compras, o primeiro álbum dos Zen, uma das melhores bandas portuguesas dos anos 90, bem mereciam um artigo mais extenso mas não tenho tempo para pensar nisso, para a próxima... já agora, trata-se do The Privilege of Making The Wrong Choice (Revolver; 1998)

O álbum homónimo de estreia dos The Psycho Realm (Ruffhouse /Columbia; 1997) em que participa o nasalado B-Real dos Cypress Hill, Hip-Hop retrato melodramático da podridão e da violência urbana de uma megalópole como Los Angeles - ao ponto que um dos irmãos foi atingido por uma bala em 1999, deixando-o paralizado. A samplagem tem uma forte componente hispánica (a colecção de vinis dos pais deverá ter sido pilhada?) e uma atmosfera pesada, urbana e depressiva. Não é mau de todo mas passado um pouco chateia e penso que não será um CD que ficará muito tempo na colecção...

Segue uma compilação Inhale 420: the Stoner Rock Compilation (Spitfire / Eagle Rock; 2000) com 13 bandas como os norte-americanos Crowbar, os argentinos Natas, ... mas apesar das diferentes coordenadas o caminho vai dar ao mesmo: Black Sabbath (heil heil!) e o espírito rock psicadélico dos anos 70. Algumas músicas até soam a Grunge, e na realidade estes géneros tem bastantes pontos e heranças em comum. Destaque para os suecos Terra Firma (mucho mucho sabbathiano!) e norte-americanos (e instrumentais) Mystic Krewe of Clearlite, ligados aos Crowbar, ligeiramante Kyuss e Karma to Burn.

Desta leva, já que sou um sucker for Industrial e afins, tinha de comprar um álbum dos Prong, Rude awakening (Epic / Sony; 1996). Prong é uma banda medíocre que sempre saltou ao sabor do vento da música pesada. Ora foram pelo Hardcore, ora pelo Trash e a meio da carreira foram pelo Metal Industrial na linha de Ministry mas mais virado para o Groove de um Rob Zombie. No fundo é Rock pesadito com balanço de anca. Não é mau de todo mas também não é brilhante. Creio que deverá uns bons tempos lá em casa...

Outro fenómeno porreiro para encontrar bons discos a preços fixes é andar a ver em lojas do interior. A malta do interior que tinha bom gosto, agora deve estar na casa dos 30 com filhos e um écran plasma e já não deve ouvir, resultado devem estar a despachar as loucuras da juventude. Por exemplo, na XM (Coimbra), comprei um álbum dos Pigface, uma super-banda marada que merecia um artigo extenso - e quem sabe farei isso mesmo. Notes of thee under ground (Invisible / Devotion; 1994) é mais um tratado de excentricidade e hetereogeniedade musical sempre à batuta do Martin Aktins, baterista brutal (inconfundível como será Grohl ou Lombardo), programador e produtor. Como é normal, cada música do disco é feita com músicos diferentes, embora haja uns quantos repetentes como o Ogre (Skinny Puppy) e Genesis P-Orrigde, como os gajos dos Red Hot Chili Peppers, Jello Biafra, Shonen Knife, Michael Gira entre outros dos colectivos alternativos dos anos 90. Algumas colaborações desiludem por serem umas participações muito simples como as de Shonen Knife em Fuck it up ou Jello Biafra em Hag-seed (um tema que parece Gorillaz, curiosamente) que quase nem damos por eles. A biodiversidade musical é tanta como o número de faixas: tribal & industrial, experimentações & desconstruções, noise rock & punk tótó, new age para macacos, goth psicadélico, samples irritantes e electrónica lo-fi. «It's garbage, it's garbage» repete um sample durante dois (longos) minutos. Talvez... mas o lixo de uns é o luxo de outros...

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