quarta-feira, 26 de setembro de 2007

CIA info 39.6

Boas novas por aqui: algumas das resenhas críticas a discos que são editadas neste blogue estão a ser publicadas no site da loja de música Ananana e na revista Elegy Ibérica a partir do número de Agosto que também edita o segundo capítulo da série de bd Psycho Whip desenhada por JCoelho.
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Sim, a imagem é uma vinheta da bd Psycho Whip... e sim aquele é o totó do Astarot que aparece neste segundo fragmento do PW, infelizmente reproduzido em formato mais reduzido não se sabe lá bem porquê.
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E finalmente vi a versão espanhola do primeiro episódio... para além de o texto parecer ridículo (culpa castelhana, sem dúvida!), a impressão da segunda página está mais cinzenta. Coño!
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ah! a Elegy desta vez oferece um livrinho para as críticas (onde estão alguns dos meus textos - um dos textos poderá a ser uma crónica permanente na revista) e dois CD-samplers, infelizmente não muito bons.

C.C.M.

v/a: "Porn to Rock : a collection of songs performed by stars of adult movies" (Normal; 1999)

Colectânea em vinil de músicas por actores de filmes pornográficos no que também tocam sem ser só nos genitais! Tão heterogênea como a pornografia, há aqui de tudo: Hetero Rock, Homo Punk, Bi Jazz, Inter Funk, Trans Techno, Afro HipHop, Oriental Calypso... Claro, o que à partida estariamos mais espera de músicas Techno xunga tal como abre o disco com Saboteur e Chloe Nichole que se vêem cheios de Acid e mil samples de filmes porno de Nichole e tendo como letra frases como «fuck me harder». E embora essa tendência se encontre mais prá frente com o Techno Gay de David Burrill e House Transsexual de Geoffrey Karen Dior com Stacey Q, o resto do álbum será variado e não muito doloroso de se ouvir, chegando até a ter faixas bem catitas.
Lado A, segunda tema fica a cargo de Vinnie Spit com a sua mulher Dominatrix Mistress Jacqueline e o tema Asshole man, uma divertida música Swing (hohohohohoho) deste senhor do porno S/M que toca 30 instrumentos (não dá para ler ou escrever isto sem pensar noutras coisas, não é?). Depois é Madison com um estranho tema psicadélico-étnico-Pop - será isto New Age Porn? Nada mau, diga-se! Marshall O Boy (um tipo com ligações ao David Bowie) e Johnny Toxic fecham respectivamente com Punk Pop e Punk Funk bem porreiros.
Lado B, Nina Whett (que belo nome!) vomita Drink beer and fuck, obviamente Fuck'n'Roll duvidoso - duvidoso é a tónica de todas as faixas do disco. Seja pelo HipHop de festa de Midori (uma actriz negra que aparece a fumar um grande charuto no interior da embalagem do disco) ou Jazzito da treta de Candye Kane com letras Pimba, digna de comparação de um certo "Mestre de CUlinária". A mais velha e uma verdadeira porn-star, é Ginger Lynn Allen, com um tema de 1985 no pior Rock FM/Air Metal/L.A. Rock, só o título diz tudo: Fantasy world. Nove anos depois Hyapatia Lee não aprende nada, repete a mesma xaropada mas com intenções mais politizadas, defendendo o prazer e fecha o disco mas antes ainda temos a Suzi Suzuki (Prémio Nome Mais Original para Artista de Qualquer Modalidade) canta o alegre Calypso Shower - não deveria ela querer antes cantar Golden Shower?
Porn to Rock é editado pela Normal, editora que pode ser associada a outras editoras alemãs como a Reportoire e a Trikont, que são peritas em (re)edições de material musical exótico - exótico significa tudo o que foge à "normalidade" do mundo Pop Imperialista. Só não se percebe porque raios a Tracy Lords não apareceu neste disco...

PS - gracias a lo señor Fom-Fom por este precioso regalo!

Cascais Submerso

Novas aquisições na lógica dos formatos rejeitados a preços baixos (vulgo, os vinis), desta vez uma colheita feita durante a Mostra Jovem 2007, na Baía de Cascais ao som de Hip Hop e não dos vulgares Delfins.
Assim a 2€ cada disco comprei alguns clássicos do Pop / Rock internacional, a saber Avalon (EMI-VC; 1982) dos Roxy Music e Computer World (Kling Klang / Warner / EMI-VC; 1981) dos Kraftwerk, Pop estilosa em bom estado de conservação, seja o objecto em si como a música, que não precisa de botox para se manter actual e sensual. Qualquer festa fim-de-verão ficaria bem servida só com estes dois discos, Avalon durante a tarde, Computer World durante a noite e Avalon outra vez para o fim da noite e da festa...

Mais clássicos: a famosa edição The Fabulous Marceneiro (EMI-VC; 1960) com textos bilingues português/inglês a explicar que o fadista vedou os olhos com o seu lenço dado o horror que sentiu ao ver tanta tecnologia no estúdio de gravação - realmente, como não podemos ser considerados como os africanos da Europa ao ler este isto? E ainda há estupores de nacionalistas, saudosistas e nazis que acham que Portugal antigamente é que era...

E por fim, admito que comprei o disco só pela capa, e creio que a reprodução aqui à vossa esquerda diz tudo: Whipped Cream & Other Delights (A&M; 1965) de Herb Alpert & the Tijuana Brass... Ok! Comprei também pelo conceito, não se riam, os títulos ou as músicas são todos ligados à comida! Que rica ideia, ah! Os anos 60 foram mesmo uma loucura! Curiosamente, Herb Alpert foi o fundador desta editora "indie" na altura, a A&M (A de Alpert, M de Moss, o outro sócio), "major" nos dias de hoje. O som desta Tijuana Brass pode ser classificado como "easy listening" e realmente é agradável como natas encima de uma... sobremesa. 
Ah! Pelos vistos há um álbum de remisturas deste LP, Whipped Cream & Other Delights Rewhipped (A&M; 2006) mas pela capa, não deve ser bom! Por fimdeixo com este delicioso vídeo-clipe.


quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Thisco sem groove / Disco com Groovie

LADO A
v/a: "Brazilian Surf A-Go-Go: The Attack Of The Tiki Waves, vol.1" (Groovie; 2007)

Duas colectâneas que em nada tem em comum mas como recebi ao mesmo tempo e ando com tempo zero para escrever, tudo ao molho e fé em Deus! A primeira é dedicada ao Surf-Rock feito por bandas brasileiras com nomes tão absurdamente bons como Los Muertos Vivientes, Pata de Elefante, Cochabambas, Retrofoguetes, Estrume'n'tal (grande jarda!), Monstros do Ula Ula, Frank Simata (perceberam esta?) Capitao Parafina & Os Haoles entre outras, e claro com músicas deliciosamente série B como Primeiro Campeonato Mineiro de Surf, A Maldição do Surf Sumério, Fugindo Desesperadamente Do Helicoptero Malvado Na Selva Sombria e Úmida e Com Muitos Perigos ou ainda Quem Come Não é Viado. Rock com pedalada num estilo velho como a potassa. O álbum é um vinil LP com uma capa impressionante (em formato vinil qualquer capa é sempre impressionante) do Esgar Acelerado, que podia ter esquecido de dar alguns efeitos farsolas (como aquela onda azul-digital). Álbum aconselhável sendo que o editor devia ter mais cuidado com os pormenores (há biografias repetidas de bandas diferentes).

LADO B
v/a: "This will end in tears" (Thisco + CM Almada; 2007)

O mesmo não se pode dizer do segundo disco dedicado a promover projectos nacionais na onda electrónica. É uma antítese do disco do Surf brasileiro: a capa horrível, o objecto não tem valor pela humilde embalagem, e ainda por cima repete músicas recentemente editadas noutras colectâneas (como acontece com Waste Disposal Machine e Gritante) ou disponiveís em myspaces ... mas o pior é o excesso de reminiscências góticas em projectos Rock Electro, Rock Industrial e EBM (cruz credo!). O catálogo da Thisco sempre se primou por uma electrónica mais experimental e instrumental, vem com este disco quebrar "o dado adquirido". Nada contra rupturas, muito pelo contrário, só que este não veio pela positiva. Os mofos são muitos e não me apetece chatear-me a dizer nomes, no entanto os projectos interessantes tem de ser realçados como Structura, The Virgo Mechanical Replay, Mr. Gasparov e Urb. Divulgação feita!

Em computo final, os tipos do Gato Fedorento tinham razão com aquele outdoor contra os sub-normais do PNR, Portugal sozinho não dá, os estangeiros são bem-vindos! Com a depressão criativa deste país virado para a melancolia e o "Darkismo", só mesmo com Surf brazuca é que vamos lá! O que é pior um português civilizado em constante depressão ou um brazileiro das barracas em histeria? Sei lá... mas o bom disco deste post é o primeiro sem sombras de dúvida!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Trash Converters, receptor

Com a desmaterialização da música os preços dos CD's só tem de baixar... E realmente, menos as novidades, os CD's estão a baixar. Resta saber porque ainda se quer comprar CD's nos tempos do saca-saca da 'net. Pelas capas? É melhor regressar ao vinil, como aliás, já está a acontecer... Talvez por isso que indo às lojas Cashland pode-se encontrar coisas muito boas apenas por 2,5€. Claro, que é preciso sujar os dedos e eventualmente contrair uma doença dérmica ou duas. Mas até vale a pena, lembro que em 2004 numa loja (ainda chamada Cash Converters) encontrei coisas porreiras como o louco do Eugene Chadbourne e os Die Warzau (cena da boa velha Wax Trax!). Recentemente tenho passado pela loja na Praça do Chile e tenho sido tentado a levar algumas cenas estranhas de HipHop e Metal. Há para lá CD's de Punk / Hardcore, mas sinceramente não tenho paciência para esse som de fascistas mentais.

Algumas compras, o primeiro álbum dos Zen, uma das melhores bandas portuguesas dos anos 90, bem mereciam um artigo mais extenso mas não tenho tempo para pensar nisso, para a próxima... já agora, trata-se do The Privilege of Making The Wrong Choice (Revolver; 1998)

O álbum homónimo de estreia dos The Psycho Realm (Ruffhouse /Columbia; 1997) em que participa o nasalado B-Real dos Cypress Hill, Hip-Hop retrato melodramático da podridão e da violência urbana de uma megalópole como Los Angeles - ao ponto que um dos irmãos foi atingido por uma bala em 1999, deixando-o paralizado. A samplagem tem uma forte componente hispánica (a colecção de vinis dos pais deverá ter sido pilhada?) e uma atmosfera pesada, urbana e depressiva. Não é mau de todo mas passado um pouco chateia e penso que não será um CD que ficará muito tempo na colecção...

Segue uma compilação Inhale 420: the Stoner Rock Compilation (Spitfire / Eagle Rock; 2000) com 13 bandas como os norte-americanos Crowbar, os argentinos Natas, ... mas apesar das diferentes coordenadas o caminho vai dar ao mesmo: Black Sabbath (heil heil!) e o espírito rock psicadélico dos anos 70. Algumas músicas até soam a Grunge, e na realidade estes géneros tem bastantes pontos e heranças em comum. Destaque para os suecos Terra Firma (mucho mucho sabbathiano!) e norte-americanos (e instrumentais) Mystic Krewe of Clearlite, ligados aos Crowbar, ligeiramante Kyuss e Karma to Burn.

Desta leva, já que sou um sucker for Industrial e afins, tinha de comprar um álbum dos Prong, Rude awakening (Epic / Sony; 1996). Prong é uma banda medíocre que sempre saltou ao sabor do vento da música pesada. Ora foram pelo Hardcore, ora pelo Trash e a meio da carreira foram pelo Metal Industrial na linha de Ministry mas mais virado para o Groove de um Rob Zombie. No fundo é Rock pesadito com balanço de anca. Não é mau de todo mas também não é brilhante. Creio que deverá uns bons tempos lá em casa...

Outro fenómeno porreiro para encontrar bons discos a preços fixes é andar a ver em lojas do interior. A malta do interior que tinha bom gosto, agora deve estar na casa dos 30 com filhos e um écran plasma e já não deve ouvir, resultado devem estar a despachar as loucuras da juventude. Por exemplo, na XM (Coimbra), comprei um álbum dos Pigface, uma super-banda marada que merecia um artigo extenso - e quem sabe farei isso mesmo. Notes of thee under ground (Invisible / Devotion; 1994) é mais um tratado de excentricidade e hetereogeniedade musical sempre à batuta do Martin Aktins, baterista brutal (inconfundível como será Grohl ou Lombardo), programador e produtor. Como é normal, cada música do disco é feita com músicos diferentes, embora haja uns quantos repetentes como o Ogre (Skinny Puppy) e Genesis P-Orrigde, como os gajos dos Red Hot Chili Peppers, Jello Biafra, Shonen Knife, Michael Gira entre outros dos colectivos alternativos dos anos 90. Algumas colaborações desiludem por serem umas participações muito simples como as de Shonen Knife em Fuck it up ou Jello Biafra em Hag-seed (um tema que parece Gorillaz, curiosamente) que quase nem damos por eles. A biodiversidade musical é tanta como o número de faixas: tribal & industrial, experimentações & desconstruções, noise rock & punk tótó, new age para macacos, goth psicadélico, samples irritantes e electrónica lo-fi. «It's garbage, it's garbage» repete um sample durante dois (longos) minutos. Talvez... mas o lixo de uns é o luxo de outros...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

DEA report 666

Foi ontem Lobster + Margarita + Grabba Grabba Tape numa tenda de circo! Em Carnide! Em frente à uma sebenta feira da Luz! Era para ter havido a última sessão de verão das Festas de Troca de Discos mas não havia aparelhagem, paciência o espírito high school freakshow de todo o evento valeu a pena! Além de me ter despachado das últimas Underworlds...
Foi um evento Off, ou até se preferirem uma festa particular para os amigos dos Lobster, 90% estudantes de artes, dois com máscaras de lutadores mexicanos e alguns trapezistas amadores que por mero acaso as vezes que cairam, cairam mais ou menos bem.
Lobster foi o de sempre, a abrir e potente com o guitarrista cada vez a fazer mais solos na guitarra. O bombo da bateria estava abafado. Bom concerto como sempre!
Os Marguerita nem percebi o que aconteceu, estavam com problemas técnicos? Bem, também tinham a originalidade de um caracol. Rock Noise já visto por aí desde os anos 90.
Os Grabba Grabba Tape são super-divertidos: bateria + orgão, vocoder prá voz (o vocoder foi criado para os espanhóis, como sabemos um dos povos que mais mal fala inglês), electro-punk com tipos vestidos de monstros cor-de-rosa felpudos. Excelente versão de Bullet in the head dos Rage Against the Machine!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Osso no lixo

uma bd que fiz para o zine Osso da Pilinha, em que adaptava uma fabulosa entrevista da tipa dos Garbage n'O Independente...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

gpkh0i9«ç, dg'0 -b nfn n

New York New York
(Osama rmx)

Start spreading the bombs...
I'm flying today.
I want to be a terrorist!
New York, New York!

These vagabond fools
will regret this day
I will strike the very heart of this
of old New York!

I want to take off in a silver cockpit
And find I'm over the hills!
Top of the speed!
Hitting the towers!
The number one!

These vagabonds fools
Are melting away
I will make a brand new mess of it
In old New York...

And if I can't make it there,
seven others are near somewhere
Good bye to you,
New... York... NEW YOOOORK!
PÃ, PÃ, PÃRARÃRÃ, PÃ...

Trash Converters, emissor

Garbage: "Version 2.0" (Mushroom / BMG; 1998)

Os Garbage lembram sempre pornografia, e não, não estou a escrever um texto com uma intenção simpática ou para vender alguma ideia "cool" com um início provocante. Não e sabendo a história da banda, três velhos músicos & produtores de música lembraram-se de enriquecer com uma banda Rock e que precisavam de uma tontinha qualquer... a imagem sempre que me vem à cabeça são os três safardanas encima da gaja, a penetrá-la pelos três orifícios ao mesmo tempo... Até porque quer eles quer ela tem pinta de actores porno, não sei bem porquê, talvez sejam os bigodes e óculos (com medo de serem reconhecidos? ou será só style?) no caso dos gajos ou o ar deslavado da gaja que consegue cantar letras tão boas como a de When I grow up que diz «happy hours, golden showers, on a cruise to freak you out» (obrigado, obrigado, o unDJ GoldenShower agradece!).
O som é um Pop/Rock agradável de ouvir de tão omnipresente que foi na TV e rádio (este é o segundo álbum da banda, de 1998) é feito de um Rock standartizado com a inovação técnica e assumida de sons electrónicos misturados, loops e samples - daí o nome informático 2.0? Ora soam a Rock mais sujo-para-quem-não-se-quer-sujar ora desbocam no "wall of sound" piroso de fácil absorção. Fez sucesso um tema ou outro, embora já ninguém se lembra lá muito bem (os sucessos do primeiro álbum são sempre mais fáceis de lembrar) mas I think I'm paranoid - tu lá sabes miúda, deve ser de andares a fornicar com esse kotas! - foi um dos sucessos do século passado. Parece que houve mais hits mas acho muito sinceramente que não vale muito pensar neles. Também com letras como «Do you have a opinion? A mind of your own? I thought you were special» que parecem ser o retrato de Shirley Manson (é este o nome dela? deveria checar mas não me apetece... seria simples, bastaria pegar na caixa do CD ou ver no Google, caraças!) perdemos um bocado a pica para pensar muito nesta banda.
Numa altura que ter CD's é uma questão bastante relativa graças às memórias extraordinárias nos PC's, portáteis, leitores mp3's, Ipod's e outros mil gadgets, parece bastante apropriado que se leve este CD para uma loja como a Cash Land (antigamente conhecidas por Cash Converters) para ficar lá a apodrecer como lixo que é. 'Brigado à Quá-Quá por ter trocado isto seja como for...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Sujan, wolverini & piriquiten


Qui bunitu... o periquiten descobre sempre coijas lindas...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Black Nº1


Big Black: "Songs about fucking" + "The rich man's eight track tape" + "The hammer party" (Touch & Go; 1986/87)

Dizia-se que o Grunge foi influenciado pelos três "blacks": Black Sabbath, Black Flag e Big Black. Para mim os últimos são os que mais me mexeram, e ainda hoje passados mais de 13 anos quando os ouvi pela primeira vez, ouvir um disco dos Big Black ainda é uma loucura auditiva-física...
A carreira dos Big Black andou pelos anos 80, mais especificamente entre 1982 e 1987. Da banda a figura mais conhecida é o Steve Albini, reconhecido produtor de álbuns de bandas famosas como os Pixies, Breeders, PJ Harvey entre mil outras... Gravaram 2 discos geniais, Atomizer (1986) e Songs about fucking (1987) e uns quantos EP's que são compilados em alguns LP's como The hammer party ou no caso do The rich man's (...) que junta o Atomizer a um outro EP. Uma confusão do caraças não se sabe lá bem porquê a confusão editorial na discografia da banda. Mas quem tiver estes 3 CD's - um erro segundo Albini porque ele é um dogmático do vinil! - fica com tudo dos Big Black menos alguns discos ao vivo, também eles recomendáveis pela a energia e feedback que a banda transmitia. Mas nos tempos wikipédicos que vivemos o melhor é ver mesmo a entrada dos Big Black e começar já a puxar esta escrita prá lágrima, não?
My Precious Things lembra algo? Kerosene Kid? E o Loverboy? Tudo criações minhas e talvez por causa disso não muito memoráveis mas isto só para dizer que para mim nunca houve banda tão influente como os Big Black, quase são uma espécie de Deus "pagão" protector como Baco ou Apolo. My Precious Things a newsletter onde começei a escrever resenhas a zines e outras edições "indies" teve o título sacado à música Precious Things do Songs about fucking. O Kerosene Kid foi uma personagem que nunca saiu cá para fora - Pepe's fault! - baseada na inspiradora letra de Kerosene («I was born in this town / Live here my whole life / Probably come to die in this town ... Never anything to do in this town / Live here my whole life ... Set me on fire, Kerosene») do Atomizer. O "famoso" Loverboy também teve os Big Black como inspiração entre mil outras também ligadas à música, mas oiçam o Bad Penny do Songs (...) e percebe-se que o personagem foi criado para ser mau como as cobras.
Sem dúvida que Songs about fucking e Atomizer - não consigo quase distinguir os dois porque faziam parte da mesma abusada k7 de 90m que incluia ainda Rapeman, a banda-continuação de Albini - são monstros sonoros de Rock Sónico-Noise feitos de três guitarristas (1 baixo e 2 guitarras) e o Roland, uma drum-machine que era vista como mais um elemento da banda, aliás, Roland TR-606. Serão os Big Black ainda mais cibernéticos que os Kraftwerk ao assumirem uma máquina como elemento da banda?
O ritmo era acelerado-repetitivo como se uma banda de punk-besta, as guitarras que eram explosões de barulho em algumas faixas pareciam que partiam pratos litealmente. Basta ouvir uma primeira faixa como Jordan, Minnesota (do Atomiser) para perceber o que era a banda, um gozo ao interior dos EUA ou uma crítica à própria arrogância norte-americana, fragmentos de barulho e uma sensação épica-urbana. A velocidade era uma sugestão desta banda perfeita para estampar o carro na auto-estrada, uma rapidez minimal como a dos Ramones (ao vivo) e tão poderosa como os Slayer. Uns proto-Ministry, não sendo à toa que os Big Black também são muitas vezes vistos como "industriais".
Realmente a edição destes CD's lixam o som (aquilo que Albini sempre nos avisou) para além do design dos discos ficar uma bela cáca. O Songs (...) tem ainda uma versão He's a whore dos Cheap Trick para além do clássico The Model dos Kraftwerk - uma versão superior a qualquer outra que tenha sido feita até aos dias de hoje, e muitas foram as tentivas feitas. O Rich Man's (...) além do Atomizer (o primeiro disco da banda) inclui o EP Headache (1987) e o single Heartbeat (1987), o último material da banda. Heartbeat soa a "puro Nirvana" antes do tempo (associação nada estranha até se considerarmos que Albini gravou o último disco dos Nirvana) embora o tema seja uma versão dos Wire (outra associação interesante, diga-se) e o resto do material é aquela barulheira Rock que os Big Black nos habituram. Bom!
Hammer party como escrevi inclui os três primeiros EP's: Lungs (1982), Bulldozer (1983) e Racer-X (1984). O primeiro é todo ele tocado e gravado por Albini e o... Roland, a simplicidade é nítida mas marca desde logo o que virá a ser este grande monstro preto. Bulldozer tem alguns temas com bateria à sério e talvez por isso perde a pica - Was!? prrreferem ein machine!? Inclue a versão (original) de estúdio de Cables (um tema quase Oi) que saiu ao vivo no Atomizer quase por acaso - não conhecia esta versão... Racer-X é um EP bombástico por duas razões, o tema The ugly american que é o melhor dos Big Black com saxofone (há alguns temas assim perdisos em EP's) e claro, a versão marada de The Big Payback de James Brown que vale nem porque seja pela curiosidade de ver um tema do "Big Boss" transformado em white-punk-noise... Por fim, é de referir que é a única edição que vale a pena ter em CD porque o livrinho reproduz algumas fotografias da banda e um texto sempre irónico de Albini.

[um obrigadão ao Opuntia por ter arranjado estes CD's]